segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Política ou poder? (Por José João Neves Barbosa Vicente)

(Disponível em: http://www.dm.com.br/texto/139864-polatica-ou-poder)

De um modo geral, não parece que o “politico” está preocupado em manter a sua palavra, mas em manter-se no “poder” a qualquer custo.

É dificil refletir sobre a política em uma epoca em que ela encontra-se dominada por “políticos” que, a cada momento, mudam de lugar, de discurso e de convicção, mirando simplesmente a sua permanencia no “poder”. Os discurso ditos “políticos”, são na verdade, discursos sobre a melhor maneira de conseguir e de se conservar no “poder”. Por isso, hoje, o comum é falar de “poder” e nao da política, cuja razão de ser é a liberdade, e aquele que a pratica mira exclusivamente o bem comum.

Quando se troca a política pelo “poder”, o que prevalece é o interesse próprio sob a máscara de um discurso inflamado em defesa da nação e do bem de todos os seus cidadãos. A busca pelo “poder” como fim último das chamadas “práticas políticas atuais”, rendeu aos “políticos” um título significativo que muitos fazem questão de honrar de forma total: “Homem de discurso falso, sem ética e sem identidade”. Quando se domina o “poder”, a nação é dirigida para o sentido que convém ao “dono deste poder”, que se apresenta por meio de uma imagem mentirosa cuidada pelos profissionais especializados em preparar o “discurso certo”; o cenário político passa a ser o local de espetáculos de boas intençoes, ou de intenções boas que não se realizaram porque os opositórios não deixaram.

Quando se almeja apenas o “poder”, a intenção é permanecer nele para que seja possível mais poderes, isto é, busca-se o poder para buscar poder, não existe nenhum resultado final. Em essência, essa atividade é inútil, é irracional, por isso a política atual é desconcertante, pois basea-se numa conduta irracional. Pior de que tudo isso, é que o “povo” parece convencido da inutilidade de toda a ação para mudar o triste cenário político da nossa época. É preciso deixar a “servidão voluntária”, à qual nos é, decididamente, tão difícil de escapar!

(José João Neves Barbosa Vicente, filósofo; professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB); editor da Griot – Revista de Filosofia)

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