sexta-feira, 14 de março de 2014

O Cartaz no Elevador

Hoje cheguei ao edifício onde moro e tive (mais) um desgosto de passar pela área comum até chegar em meu apartamento. Explico.

Estava no elevador um cartaz, com título "MARCHA DA FAMÍLIA COM DEUS II - O RETORNO" e nele descrito uma manifestação em frente à Brigada Militar, solicitando intervenção dos militares na política brasileira, para retirar o PT do poder.

Não me controlei e escrevi dois bilhetes em post-it. Em um deles: "Que tal começarmos uma NOVA POLÍTICA em nosso próprio condomínio, em nossa comunidade? A corrupção, as intrigas, a inoperância e a TIRANIA nascem mais próximas a nós do que imaginamos." Em outro: "Tirem suas bundas de suas camas/cadeiras e vão TRABALHAR por um novo Brasil. Deveriam se envergonhar de exaltar um GOLPE ANTIDEMOCRÁTICO."

Estou inquieto até agora. Já não gosto de morar em meio a tanto dinossauro da elite brasileira (esse é mais um preço que se paga por morar em um bairro nobre, além dos altos impostos), todavia enquanto ficavam em suas cavernas eu ao menos podia ignorar esse fato. Questão é que resolveram sair (fora das reuniões de condomínio, onde já demonstravam seu anacronismo e velharia) para mostrar suas garras nefastas, as garras da velha elite colonialista brasileira, a qual sempre esteve atrelada ao braço militar, por meios escusos de articulação e ação.

Devemos combater a ignorância, o preconceito e a tirania de certos movimentos que estão se fortalecendo em nossa sociedade. E, como ocorre comigo, eles podem estar brotando na porta ao lado. Não podemos ficar calados. Devemos defender nosso bem maior, a democracia, e sobretudo os avanços que já conquistamos na sociedade brasileira.

Não sou PT, mas não sou de uma oposição conservadora e desleal, que ignora valores fundamentais de nossa sociedade para tentar alcançar seus fins elitistas e deploráveis. E, se em algum momento for necessário, irei à rua defender com meu sangue esses baluartes. Por enquanto, me restrinjo à luta no campo intelectual e político, pois mais que isso seria exagero e contraprodutivo no momento atual.

Hoje não vou dormir em paz. A bem da verdade, já não durmo em paz há muito tempo, já que há muita miséria e desolação - sintomas de um sistema hegemônico selvagem e desumano, o capitalismo - para combater. Estão a nossa volta, e muitos fingem não existir, ou não se sentem responsáveis, ou, pior, sabem que da fome, do suor e da lágrima do outro forja seu banquete de farturas e coisas supérfluas.

Que essa minha falta de paz seja minha força-motriz para defender sempre aqueles desassistidos. E que meu grito não seja solitário. A luta é nossa, da humanidade, para banir aquilo que nos prende ao passado de tirania e de iniquidades, no vislumbre de uma nova sociedade, a qual garanta a todos seu direito legítimo e básico à humanidade.


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