Gostaria de destacar um trecho do livro A Profecia Celestina (James Redfield) hoje, que trata sobre uma mudança das relações de trabalho e do Capital, destaco por tratar de uma mudança profunda de paradigmas:
Ele sorriu e olhou diretamente para mim.
— O Manuscrito diz que, à medida que descobrirmos mais coisas sobre a dinâmica da energia do Universo, veremos o que acontece de fato quando damos alguma coisa a alguém. Hoje, a única idéia espiritual sobre dar é o mesquinho conceito do dízimo religioso.
Desviou o olhar para o padre Sanchez,
— Como você sabe, a idéia das escrituras de cobrar dízimos é mais comumente interpretada como um preceito de dar dez por cento da renda da gente para uma igreja. A idéia por trás disso é que o que dermos será devolvido muitas vezes. Mas a Nona Visão explica que dar é na verdade um princípio de ajuda, não apenas para as igrejas, mas para todos. Quando damos, recebemos em troca, pela forma como a energia
interage no Universo. Lembre-se que, quando projetamos energia em alguém, isso cria um vazio em nós mesmos que, se estamos ligados, se enche mais uma vez. O dinheiro funciona exatamente da mesma maneira. A Nona Visão diz que assim que começarmos a dar constantemente, teremos sempre mais dinheiro entrando para dar.
"E nossas doações", prosseguiu, "devem ir para as pessoas que nos deram verdade espiritual. Quando as pessoas entram em nossas vidas na hora exata para nos dar as respostas que precisamos, devemos lhes dar dinheiro. É assim que começamos a complementar nossas rendas e aliviar as ocupações que nos limitam. Quando mais pessoas estiverem empenhadas nessa economia espiritual, começaremos uma verdadeira mudança para a cultura do próximo milênio. Teremos passado do estágio de evoluir para ocupação certa e estaremos entrando no estágio de sermos pagos por evoluirmos livremente e oferecermos nossa verdade única aos outros."
Olhei para Sanchez; ele ouvia intensamente e parecia radiante.
— Sim — ele disse a Dobson. — Vejo isso claramente. Se todos participassem, estaríamos dando e recebendo constantemente, e essa interação com outros, essa troca de informações, se tornaria o novo trabalho de todos, nossa orientação econômica. Seríamos pagos pelas pessoas que tocássemos. Essa situação permitiria então que as ajudas materiais da vida se tornassem plenamente automatizadas, porque estaríamos ocupados demais para possuir esses sistemas, ou para operá-los. Iríamos querer que a produção material fosse automatizada e administrada como um serviço público. Teríamos nossa participação nele, talvez, mas a situação nos liberaria para expandir o que já é a era de informação.
"Mas o importante para nós no momento é que agora compreendemos para onde estamos indo. Não pudemos poupar o meio ambiente, democratizar o planeta e alimentar os pobres antes porque durante muito tempo não conseguimos nos libertar do medo da escassez e de nossa necessidade de dominar, para podermos dar aos outros. Não podíamos porque não tínhamos nenhuma visão da vida que servisse de
alternativa. Agora temos!"
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segunda-feira, 22 de julho de 2013
Coincidências do Despertar
Ontem mesmo ao escrever a crônica sobre o despertar, citei as coincidências narradas no livro A Profecia Celestina. Mesmo que as tenha menosprezado perante os sonhos que guiam o caminho, logo depois fui surpreendido ao assistir ao filme Cloud Atlas (A Viagem) baseado no romance de David Mitchell.
É de uma coincidência absurda eu dissertar sobre o despertar - não cheguei a aprofundar a questão do efeito borboleta, tampouco do aspecto da física quântica entre o um e o todo, mas pensei ao escrever - e logo em seguida, antes de dormir, assistir a um filme que aborda justamente temas que eu havia acabado de escrever. Não é acaso, tenho certeza. É uma mensagem de que devo persistir nesses sonhos, que conduzirão a um sonho coletivo sólido e de felicidade.
Estou profundamente apaixonado por essas questões filosóficas e existenciais e pretendo me aprofundar cada vez mais nelas. Mas sempre com o cuidado de não tirar os pés do chão, onde de fato agirei, e não simplesmente pensarei ou sonharei. Os sonhos precisam de realizações.
Eis o trailer do filme e a sinopse do livro Cloud Atlas (A Viagem):
"Nesta história as personagens conhecem-se e voltam a reunir-se de uma vida para a próxima. Nascem e renascem. As ações e escolhas individuais têm consequências e impactos entre si no passado, presente e futuro distante. Uma alma é moldada de assassino a herói, e um simples ato de bondade tem repercussões ao longo de séculos, tornando-se na inspiração de uma revolução. Essas mesmas histórias fazem parte de uma linha narrativa que segue uma alma humana ao longo de uma jornada de descoberta e redenção durante várias encarnações. A narração mostra como as acções de um indivíduo criam uma cadeia de acontecimentos que ecoam através dos tempos, por diferentes civilizações, fazendo com que todas as histórias de todos os indivíduos sejam na verdade apenas parte de uma narrativa muito maior que começou muito antes do surgimento do homem e que permanecerá em desenvolvimento muito depois da humanidade se extinguir."
(Excerto da Wikipedia, disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cloud_Atlas)
É de uma coincidência absurda eu dissertar sobre o despertar - não cheguei a aprofundar a questão do efeito borboleta, tampouco do aspecto da física quântica entre o um e o todo, mas pensei ao escrever - e logo em seguida, antes de dormir, assistir a um filme que aborda justamente temas que eu havia acabado de escrever. Não é acaso, tenho certeza. É uma mensagem de que devo persistir nesses sonhos, que conduzirão a um sonho coletivo sólido e de felicidade.
Estou profundamente apaixonado por essas questões filosóficas e existenciais e pretendo me aprofundar cada vez mais nelas. Mas sempre com o cuidado de não tirar os pés do chão, onde de fato agirei, e não simplesmente pensarei ou sonharei. Os sonhos precisam de realizações.
Eis o trailer do filme e a sinopse do livro Cloud Atlas (A Viagem):
"Nesta história as personagens conhecem-se e voltam a reunir-se de uma vida para a próxima. Nascem e renascem. As ações e escolhas individuais têm consequências e impactos entre si no passado, presente e futuro distante. Uma alma é moldada de assassino a herói, e um simples ato de bondade tem repercussões ao longo de séculos, tornando-se na inspiração de uma revolução. Essas mesmas histórias fazem parte de uma linha narrativa que segue uma alma humana ao longo de uma jornada de descoberta e redenção durante várias encarnações. A narração mostra como as acções de um indivíduo criam uma cadeia de acontecimentos que ecoam através dos tempos, por diferentes civilizações, fazendo com que todas as histórias de todos os indivíduos sejam na verdade apenas parte de uma narrativa muito maior que começou muito antes do surgimento do homem e que permanecerá em desenvolvimento muito depois da humanidade se extinguir."
(Excerto da Wikipedia, disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cloud_Atlas)
domingo, 21 de julho de 2013
O Despertar da Felicidade
Estou maravilhado com os últimos anos de minha vida. Alguns muitos sonhos se realizaram, e essa máquina sonhadora permanece ainda a funcionar, gerando muitos outros.
Vejo minha vida, meu ser como uma estátua sendo lapidada pelo vento, pela maré, pelo sol, pela chuva, por outras e por si mesma. Mas não uma simples estátua, tal qual descreveu Michelangelo: "Bem vindo seja o sono, mais bem vindo o sono de pedra. Enquanto o crime e a vergonha permanecem em terra; Minha grande sorte, não ver ou ouvir; Não me acordem - por piedade, falem baixo." Sei que há muitos humanos - quiçá a maioria ou quase todos (ou seria isso um pré-julgamento estereotipado/preconceituoso?) - que são reais estátuas, em sono profundo. Ainda tenho dúvidas se nascemos realmente acordados ou se o estado de latência - mesmo aos berros do nascimento e tantos outros ao longo da vida - só é rompido pouco ou muito depois - ou nunca, a depender de quem se trate. O fato é que sou como uma estátua, em constante aperfeiçoamento, mas não dessas em sono profundo: uma estátua viva, no despertar.
Como disse Michelangelo, o sono de pedra garante não ver nem ouvir o crime e a vergonha. E é incrível como muitos passam a vida toda em sono de pedra, ignoram as mazelas sociais que a humanidade persiste ao longo de séculos e milênios. O despertar não é, inicialmente, agradável. Vai além da dor por compaixão ou do sentimento de pena: por isso, volta e meia, todos passam - um exemplo que tenho claro para mim é o da alimentação vegetariana, pois não são poucos os "nossa, eu gostaria muito de ser vegetariano, fico super comovido ao ver como são os abatedouros, o sofrimento dos animais, mas simplesmente não consigo viver sem carne" que eu ouvi nesses cinco anos de vegetarianismo. Conheço muitas pessoas que também não conseguem viver sem o dinheiro, ou sem enganar as outras, ou sem enganar a si mesmas. Nos afundamos em vícios e isso denota a pior qualidade de uma estátua: sua inércia. Logo, esse protótipo de compaixão que leva à pena - inclusive por si mesmo - em nada caracteriza o despertar: este é muito mais que isso.
O início do despertar não é agradável porque ele torna clara a necessidade de mudança - e, com ela, os desafios e dores pelos quais terá de se passar. Mas não uma mudança qualquer: uma transformação de si. É como disse Tolstói em uma citação que eu gosto de repetir: "Todos pensam em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo." Muitas pessoas dizem não compactuar com a miséria e a fome do mundo, mas ignoram que seu estilo de vida alimenta essa situação: seja pela forma como adquire ou aplica seu capital, ou seja por muitas outras, como a alimentação que supracitei (para quem não sabe, o que se ingere de carne poderia alimentar milhares de pessoas se se investisse o mesmo de recursos para consumir vegetais). O sentimento inicial do despertar, portanto, é de desespero, inquietude, muitas vezes tristeza também - impotência quase sempre. Todavia isso é passageiro.
Tendo tomado consciência do que o cerca e de que uma mudança é necessária para se adaptar, os sonhos nascem e se fortalecem. E isso que difere uma estátua de pedra de uma estátua humana que se lapida: ela pode sonhar não só de olhos fechados, em sono profundo, mas também - e sobretudo - de olhos abertos e desperta, agindo fortemente em sua própria lapidação e ajudando as demais nas suas. Os sonhos delineiam as atitudes, o caminho. E o maravilhoso é que, pela própria inércia - talvez a mesma que deixa outras pessoas em sono de pedra infinito -, esses sonhos e realizações alimentam outros, então eles não atingem um fim por si só, mas constituem um caminho - talvez infinito - de aperfeiçoamento.
É um despertar contínuo, pois o primeiro passo depois de abandonar os grilhões da caverna é abrir os olhos. Porém são olhos ainda acostumados à escuridão da caverna e que doem ao ver e muitas vezes veem pouco. O tempo e a vontade de continuar o despertar é que definem a clareza do que se vê e o que se faz necessário para continuar e ver ainda mais, e fazer ainda mais. Ainda vendo com clareza, há um mundo todo para explorar. E depois do mundo há o universo - que dizem ser infinito.
Há uma série de desenho animado japonês chamada Ergo Proxy que trata exatamente disso e a qual me trouxe algumas das reflexões citadas nesta crônica. Ela trata de um mundo pós-apocalíptico, em que a humanidade abandonou a Terra porque não havia mais condições de existência e deixou alguns seres sobrenaturais que seriam responsáveis de cuidar de células de sociedade pelo mundo, em enormes redomas onde a vida era viável e garantida por meio de clones. A trama traz em si várias questões e metáforas filosóficas - e deixa isso claro logo em seu episódio primeiro, ao apresentar em seus personagens vários nomes de pensadores da Humanidade, tais quais Deleuze e Lacan. E é justamente sobre sair da redoma, conhecer o mundo que a cerca, desvendar as relações sociais e ocultas que construíram essas sociedades, descobrir quem são os Proxys - os seres sobrenaturais supracitados - e qual o sentido disso tudo.
Há uma série de desenho animado japonês chamada Ergo Proxy que trata exatamente disso e a qual me trouxe algumas das reflexões citadas nesta crônica. Ela trata de um mundo pós-apocalíptico, em que a humanidade abandonou a Terra porque não havia mais condições de existência e deixou alguns seres sobrenaturais que seriam responsáveis de cuidar de células de sociedade pelo mundo, em enormes redomas onde a vida era viável e garantida por meio de clones. A trama traz em si várias questões e metáforas filosóficas - e deixa isso claro logo em seu episódio primeiro, ao apresentar em seus personagens vários nomes de pensadores da Humanidade, tais quais Deleuze e Lacan. E é justamente sobre sair da redoma, conhecer o mundo que a cerca, desvendar as relações sociais e ocultas que construíram essas sociedades, descobrir quem são os Proxys - os seres sobrenaturais supracitados - e qual o sentido disso tudo.
Vi no filme A Profecia Celestina - baseado em livro homônimo -, logo em seu início, um professor de História, em uma sala de aula, com uma arte mostrando a longitudinalidade da evolução humana, desde o Big Bang, perpassando os dinossauros e chegando até os humanos, por fim, no modus vivendi atual em sociedade, cidades, etc. e que perguntava, ao final da ilustração "What's next?". O filme, tal qual o livro, ensina por meio de um insight da Profecia Celestina, que a vida mostra qual é o próximo caminho, que conduzirá à felicidade e realização. Ele fala de coincidências - que não são apenas acaso - as quais conduzem as pessoas. Mas, ao meu ver, além dessas coincidências - não nego que existam, embora eu não me preocupe com sua origem -, há os sonhos - eles definem o caminho do despertar. Então, o próximo passo é definido pelos sonhos que se alimentam naqueles que veem e que, coletivamente, conduzem à uma revolução social abrangente. Há sonhos coletivos também.
Meus sonhos têm me guinado no sentido de aprimorar as formas de relações interpessoais. Não escondo de ninguém que eu desejo a sociedade socialista - sempre friso: não aquela de Marx. E cada vez mais me aproximo de pensadores como Fourier e Owen, alimentando a convicção de que a sociedade não se muda pela economia tão somente - quiçá sejam causa e consequência uma da outra. Ela deve se transformar, sobretudo por si, por dentro de suas entranhas, pelas formas como as relações se estabelecem entre as pessoas. Por isso, não basta ter pena dos miseráveis que passam fome e morrem na África (ou mesmo no Brasil, por mais que muitos neguem isso): é preciso ter amor, como ensinou Jesus; é preciso se sentir um dos culpados disso; é preciso sonhar a mudança; e é preciso agir por ela. E eu ajo pelo socialismo, principalmente aquele que muda a sociedade por meio de suas relações internas, sutis, cotidianas. Esse tem sido o caminho que venho construindo com meus sonhos e o qual tem moldado meu ser, aperfeiçoando cada vez mais essa estátua que não é de pedra bruta.
E é por isso que estou maravilhado com os últimos anos de minha vida: eu estou permeando-a cada vez mais de sonhos e realizações. E cada vez desejo sonhar mais. Cada vez me preocupo menos com "ter", para "ser" e fazer" como modos de "servir": servir à minha felicidade e a tudo que me cerca também, sobretudo Àqu-le que me proporciona essa existência. E eu sinto que meus sonhos fazem parte de um plano maior, um sonho coletivo que culminará em uma nova sociedade. Meu caminho é este definido pelos meus sonhos e realizações, essa é minha história. E, apesar das dores e sofrimentos, as realizações e os sonhos do despertar são sensivelmente mais próximos daquilo que constrói a felicidade verdadeira: construir-se (aperfeiçoar-se) é construir sua própria felicidade.
Meus sonhos têm me guinado no sentido de aprimorar as formas de relações interpessoais. Não escondo de ninguém que eu desejo a sociedade socialista - sempre friso: não aquela de Marx. E cada vez mais me aproximo de pensadores como Fourier e Owen, alimentando a convicção de que a sociedade não se muda pela economia tão somente - quiçá sejam causa e consequência uma da outra. Ela deve se transformar, sobretudo por si, por dentro de suas entranhas, pelas formas como as relações se estabelecem entre as pessoas. Por isso, não basta ter pena dos miseráveis que passam fome e morrem na África (ou mesmo no Brasil, por mais que muitos neguem isso): é preciso ter amor, como ensinou Jesus; é preciso se sentir um dos culpados disso; é preciso sonhar a mudança; e é preciso agir por ela. E eu ajo pelo socialismo, principalmente aquele que muda a sociedade por meio de suas relações internas, sutis, cotidianas. Esse tem sido o caminho que venho construindo com meus sonhos e o qual tem moldado meu ser, aperfeiçoando cada vez mais essa estátua que não é de pedra bruta.
E é por isso que estou maravilhado com os últimos anos de minha vida: eu estou permeando-a cada vez mais de sonhos e realizações. E cada vez desejo sonhar mais. Cada vez me preocupo menos com "ter", para "ser" e fazer" como modos de "servir": servir à minha felicidade e a tudo que me cerca também, sobretudo Àqu-le que me proporciona essa existência. E eu sinto que meus sonhos fazem parte de um plano maior, um sonho coletivo que culminará em uma nova sociedade. Meu caminho é este definido pelos meus sonhos e realizações, essa é minha história. E, apesar das dores e sofrimentos, as realizações e os sonhos do despertar são sensivelmente mais próximos daquilo que constrói a felicidade verdadeira: construir-se (aperfeiçoar-se) é construir sua própria felicidade.
quinta-feira, 4 de julho de 2013
A Vida, A Humanidade, A Medicina e Eu
Pode soar banal o que irei abordar em minha crônica hoje, mas é incrível como das banalidades surgem reflexões interessantes.
Hoje sofri minha primeira reprovação importante na faculdade.
Vim no ônibus pensando no que isso representa em minha vida, depois de ter conversado com o professor do módulo sobre isso. Veio-me à mente questões importantes as quais o docente suscitou e muitas outras, coisas da minha cabeça.
Será que é a Medicina mesmo minha futura profissão?
Não sei. Se nem tenho certeza se realmente existo ou qual a natureza de minha existência, por que eu deveria saber isso? Por que eu deveria saber se fiz a escolha correta? O que sei, e disto tenho certeza, é que essa escolha tem me propiciado experiências de desafio, frustrações, conquistas. Tenho plena consciência de que, muito além da aquisição de conhecimentos e habilidades, essa formação está me construindo como sujeito, meu caráter, minha forma de relacionar-me. Tenho a impressão de que não importa a profissão em que eu esteja, a escolha que eu faça, em qualquer lugar eu vou conseguir essa construção pessoal e como isso é um dos fatores que mais pesam em minha escolha, tanto faz eu estar na Medicina ou em qualquer outro curso.
Outro fator que pesa muito é a minha participação na transformação social. Apesar de várias mágoas e desencantos com a sociedade, há algo muito forte dentro de minha mente: ser útil. E utilidade, para mim, é servir à formação de um novo modelo de sociedade, baseado em justiça social. Esse ponto me aproximou muito da Medicina quando conheci o funcionamento do SUS e o novo conceito ampliado de saúde. O controle social e a capacidade de agir na mudança da comunidade pela atenção primária é algo que me fascina, é um desejo que faz meu coração bater mais forte.
No entanto, há um significativo fator limitante: meu estilo de vida. Prezo pela minha saúde, em todos os sentidos. E eu possuo uma tendência a ter um relógio biológico um pouco diferente das outras pessoas: tendo a adormecer mais tarde e a despertar no final da manhã. E é uma tortura para mim - realmente uma tortura, acredite - acordar cedo. Em, minha faculdade, as aulas iniciam às 7h30, que vão até 11h50 e se cursar a fase completa continua das 13h30 às 17h10 - todos os dias úteis. Ainda há o tempo para o estudo sozinho, para desenvolver projetos (pesquisa, extensão) e sobra muito pouco para outras coisas que eu necessito: alimentação saudável, exercício físico, sono de qualidade. E Política.
Tenho um prazer quase que intrínseco por Política. Parece que nasci gostando. Eu amo tudo que advém das ciências sociais, me encanta entender e viver os relacionamentos interpessoais, as construções como indivíduo e sociedade. E daí surge outro fator que acarreta dúvidas quanto minha escolha profissional. Será que eu não devia ter escolhido Ciências Sociais? Psicologia? Filosofia?
Pode parecer estranho, mas o que me motivou a escolher Medicina, e não essas profissões foi a humanidade. Eis um motivo que me levou a descartar Agronomia também, outra área que me interessa. Eu preciso de uma profissão que me deixe em contato constante com humanos, gente, pessoas. Há algo em minha constituição mental que sempre me leva à frieza, objetividade, um perfil ótimo para um pesquisador tradicional ou para um empresário à moda antiga, mas que eu não valorizo. Tenho uma preocupação enorme em perder minha humanidade e dedicar-me a essas áreas sociais me conduziria a ficar preso em uma biblioteca, em meio a livros, teorias, etc., entretanto longe de pessoas. Seria uma excelente forma de eu superar minhas dificuldades, todavia seria uma fuga de minha construção como sujeito e de minha contribuição real à sociedade.
É difícil para mim contar essa história em uma conversa de bar, ou mesmo para meus amigos da faculdade. Não sei se por vergonha, ter medo de parecer um idiota, ou ser mesmo um idiota ou um esquizofrênico, enfim... em meio a banalidades, em palavras constituo minhas reflexões, sem medo do que pensará o leitor, pois nesse momento estamos apenas eu e meu instrumento de redação. O depois é o depois, pois agora sou eu e meus pensamentos, apenas.
Sim, o agora sou eu, pensando em ser ou não médico. Contudo o que é ser médico hoje? Antes da faculdade, para mim, o médico era um "mestre das doenças", e em meus estudos pude conhecer o ser médico "mestre da vida", que ajuda as pessoas a encontrarem formas de viver melhor em uma sociedade e um mundo que a todo instante a ela impõe dificuldades, em doenças que acometem ora seu corpo, mas ora também seu espírito ou mente - ou ambos. E é com a vida que eu me comprometi.
Logo antes de passar no vestibular, eu fiz um ritual próprio, pessoal e íntimo de compromisso com D-us. Eu me comprometi à trabalhar pela vida, pela sua manutenção, criação e aperfeiçoamento. E a vida é dinâmica, a vida está nas ruas, e não dentro das quatro paredes de uma biblioteca, ou de um laboratório. Está também na natureza semi-intacta (já que hoje poucos são os lugares onde o homem não imprimiu o reflexo de sua existência). E isso me remete novamente a ser médico. A Medicina concebida sob o aspecto da comunidade, relaciona-se com tudo: meio ambiente, sociedade, pessoas - e suas mentes, psicologia. E é aí que eu sinto que devo estar, no meio de "tudo", na vida.
Tratei aqui muito de fatores limitantes e fortalecedores internos até agora, mas há questões externas também. Diante de toda a dificuldade que tenho enfrentado em meu curso, imagine abrir o facebook e ver uma "enchente" de imagens e comentários do tipo "médico filho de papai", de que Medicina é vida boa, de que ser médico é ser elite, sem se preocupar com as pessoas, etc. Pode parecer ridículo, mas é desmotivador. Por que estou sofrendo tanto em servir à sociedade, agindo no sentido de possibilitar uma nova forma de relação social e de Medicina, inclusive, enquanto as pessoas menosprezam tanto minha profissão? Sei que há os maus médicos, mas há maus professores, maus engenheiros, há gente boa e ruim em todas as profissões. É desmotivador me esforçar e sofrer tanto para me formar na profissão que todo mundo vê com tanta negatividade generalizada.
O fato é que minha reprovação, realmente, está alicerçada em todos esses fatores. Enquanto tento domesticar meu sono, encontrar um equilíbrio entre o tempo para minhas atividades pessoais e profissionais, há a pressão. Pressão da família para que eu me forme logo e possa ajudar a sustentá-la. Pressão dos professores para que eu resolva logo meus problemas e me torne enfim um "bom aluno". Pressão dos colegas para que eu não seja um vagabundo, ou um perdido, como muitos me veem. Pressão dos amigos pessoais, que desejam compartilhar a vida social comigo, mas não conseguem porque estou muito dedicado à faculdade. E, não menos importante, enfim, minha pressão pessoal em atender a todos esses chamados da sociedade e, ao mesmo tempo, construir algo que defina "quem sou eu", para num futuro próximo resolver a questão de se a Medicina é a escolha correta, de fato, para mim.
Essas reflexões interessantes que surgiram da banalidade me conduzem ao que eu sempre soube, depois de me tornar estudante de Medicina: eu sei que vou sofrer, talvez mais do que já sofro, contudo eu devo persistir. Estou crescendo como nunca antes, estou cada vez mais perto de meus sonhos, de me tornar quem sempre desejei. Talvez no futuro eu venha a optar por uma outra profissão, mas por agora eu sei que estou onde devo estar e devo continuar persistindo, sofrendo se preciso, mas contentar-me felizmente em saber que estou onde devo estar. Posso não me tornar médico num futuro próximo, todavia estou me formando humano, gente. E isso me basta, mesmo que ser humano, hoje, não me garanta estar vivo - no capitalismo, o pão, a água, etc. se compra com o trabalho. No entanto, mesmo assim, me basta ser humano, ainda que um dia isso me custe a vida. Sou e continuarei sendo humano, cada vez mais. E, por agora, sou e continuarei estudante de Medicina. Que assim seja, até que a humanidade nos separe.
Hoje sofri minha primeira reprovação importante na faculdade.
Vim no ônibus pensando no que isso representa em minha vida, depois de ter conversado com o professor do módulo sobre isso. Veio-me à mente questões importantes as quais o docente suscitou e muitas outras, coisas da minha cabeça.
Será que é a Medicina mesmo minha futura profissão?
Não sei. Se nem tenho certeza se realmente existo ou qual a natureza de minha existência, por que eu deveria saber isso? Por que eu deveria saber se fiz a escolha correta? O que sei, e disto tenho certeza, é que essa escolha tem me propiciado experiências de desafio, frustrações, conquistas. Tenho plena consciência de que, muito além da aquisição de conhecimentos e habilidades, essa formação está me construindo como sujeito, meu caráter, minha forma de relacionar-me. Tenho a impressão de que não importa a profissão em que eu esteja, a escolha que eu faça, em qualquer lugar eu vou conseguir essa construção pessoal e como isso é um dos fatores que mais pesam em minha escolha, tanto faz eu estar na Medicina ou em qualquer outro curso.
Outro fator que pesa muito é a minha participação na transformação social. Apesar de várias mágoas e desencantos com a sociedade, há algo muito forte dentro de minha mente: ser útil. E utilidade, para mim, é servir à formação de um novo modelo de sociedade, baseado em justiça social. Esse ponto me aproximou muito da Medicina quando conheci o funcionamento do SUS e o novo conceito ampliado de saúde. O controle social e a capacidade de agir na mudança da comunidade pela atenção primária é algo que me fascina, é um desejo que faz meu coração bater mais forte.
No entanto, há um significativo fator limitante: meu estilo de vida. Prezo pela minha saúde, em todos os sentidos. E eu possuo uma tendência a ter um relógio biológico um pouco diferente das outras pessoas: tendo a adormecer mais tarde e a despertar no final da manhã. E é uma tortura para mim - realmente uma tortura, acredite - acordar cedo. Em, minha faculdade, as aulas iniciam às 7h30, que vão até 11h50 e se cursar a fase completa continua das 13h30 às 17h10 - todos os dias úteis. Ainda há o tempo para o estudo sozinho, para desenvolver projetos (pesquisa, extensão) e sobra muito pouco para outras coisas que eu necessito: alimentação saudável, exercício físico, sono de qualidade. E Política.
Tenho um prazer quase que intrínseco por Política. Parece que nasci gostando. Eu amo tudo que advém das ciências sociais, me encanta entender e viver os relacionamentos interpessoais, as construções como indivíduo e sociedade. E daí surge outro fator que acarreta dúvidas quanto minha escolha profissional. Será que eu não devia ter escolhido Ciências Sociais? Psicologia? Filosofia?
Pode parecer estranho, mas o que me motivou a escolher Medicina, e não essas profissões foi a humanidade. Eis um motivo que me levou a descartar Agronomia também, outra área que me interessa. Eu preciso de uma profissão que me deixe em contato constante com humanos, gente, pessoas. Há algo em minha constituição mental que sempre me leva à frieza, objetividade, um perfil ótimo para um pesquisador tradicional ou para um empresário à moda antiga, mas que eu não valorizo. Tenho uma preocupação enorme em perder minha humanidade e dedicar-me a essas áreas sociais me conduziria a ficar preso em uma biblioteca, em meio a livros, teorias, etc., entretanto longe de pessoas. Seria uma excelente forma de eu superar minhas dificuldades, todavia seria uma fuga de minha construção como sujeito e de minha contribuição real à sociedade.
É difícil para mim contar essa história em uma conversa de bar, ou mesmo para meus amigos da faculdade. Não sei se por vergonha, ter medo de parecer um idiota, ou ser mesmo um idiota ou um esquizofrênico, enfim... em meio a banalidades, em palavras constituo minhas reflexões, sem medo do que pensará o leitor, pois nesse momento estamos apenas eu e meu instrumento de redação. O depois é o depois, pois agora sou eu e meus pensamentos, apenas.
Sim, o agora sou eu, pensando em ser ou não médico. Contudo o que é ser médico hoje? Antes da faculdade, para mim, o médico era um "mestre das doenças", e em meus estudos pude conhecer o ser médico "mestre da vida", que ajuda as pessoas a encontrarem formas de viver melhor em uma sociedade e um mundo que a todo instante a ela impõe dificuldades, em doenças que acometem ora seu corpo, mas ora também seu espírito ou mente - ou ambos. E é com a vida que eu me comprometi.
Logo antes de passar no vestibular, eu fiz um ritual próprio, pessoal e íntimo de compromisso com D-us. Eu me comprometi à trabalhar pela vida, pela sua manutenção, criação e aperfeiçoamento. E a vida é dinâmica, a vida está nas ruas, e não dentro das quatro paredes de uma biblioteca, ou de um laboratório. Está também na natureza semi-intacta (já que hoje poucos são os lugares onde o homem não imprimiu o reflexo de sua existência). E isso me remete novamente a ser médico. A Medicina concebida sob o aspecto da comunidade, relaciona-se com tudo: meio ambiente, sociedade, pessoas - e suas mentes, psicologia. E é aí que eu sinto que devo estar, no meio de "tudo", na vida.
Tratei aqui muito de fatores limitantes e fortalecedores internos até agora, mas há questões externas também. Diante de toda a dificuldade que tenho enfrentado em meu curso, imagine abrir o facebook e ver uma "enchente" de imagens e comentários do tipo "médico filho de papai", de que Medicina é vida boa, de que ser médico é ser elite, sem se preocupar com as pessoas, etc. Pode parecer ridículo, mas é desmotivador. Por que estou sofrendo tanto em servir à sociedade, agindo no sentido de possibilitar uma nova forma de relação social e de Medicina, inclusive, enquanto as pessoas menosprezam tanto minha profissão? Sei que há os maus médicos, mas há maus professores, maus engenheiros, há gente boa e ruim em todas as profissões. É desmotivador me esforçar e sofrer tanto para me formar na profissão que todo mundo vê com tanta negatividade generalizada.
O fato é que minha reprovação, realmente, está alicerçada em todos esses fatores. Enquanto tento domesticar meu sono, encontrar um equilíbrio entre o tempo para minhas atividades pessoais e profissionais, há a pressão. Pressão da família para que eu me forme logo e possa ajudar a sustentá-la. Pressão dos professores para que eu resolva logo meus problemas e me torne enfim um "bom aluno". Pressão dos colegas para que eu não seja um vagabundo, ou um perdido, como muitos me veem. Pressão dos amigos pessoais, que desejam compartilhar a vida social comigo, mas não conseguem porque estou muito dedicado à faculdade. E, não menos importante, enfim, minha pressão pessoal em atender a todos esses chamados da sociedade e, ao mesmo tempo, construir algo que defina "quem sou eu", para num futuro próximo resolver a questão de se a Medicina é a escolha correta, de fato, para mim.
Essas reflexões interessantes que surgiram da banalidade me conduzem ao que eu sempre soube, depois de me tornar estudante de Medicina: eu sei que vou sofrer, talvez mais do que já sofro, contudo eu devo persistir. Estou crescendo como nunca antes, estou cada vez mais perto de meus sonhos, de me tornar quem sempre desejei. Talvez no futuro eu venha a optar por uma outra profissão, mas por agora eu sei que estou onde devo estar e devo continuar persistindo, sofrendo se preciso, mas contentar-me felizmente em saber que estou onde devo estar. Posso não me tornar médico num futuro próximo, todavia estou me formando humano, gente. E isso me basta, mesmo que ser humano, hoje, não me garanta estar vivo - no capitalismo, o pão, a água, etc. se compra com o trabalho. No entanto, mesmo assim, me basta ser humano, ainda que um dia isso me custe a vida. Sou e continuarei sendo humano, cada vez mais. E, por agora, sou e continuarei estudante de Medicina. Que assim seja, até que a humanidade nos separe.
terça-feira, 9 de abril de 2013
O Destino
Não tem nada melhor do que poder "dizer" ao destino: obrigado por ter dificultado as coisas naquele momento, daquela forma.
Dias como hoje me dão a certeza de que tudo é predestinado e harmônico. E, em certos momentos, por mais que a revolta e a ansiedade tomem conta, o melhor que há a fazer é ter calma, paciência e simplesmente "aguardar" (o que não é sinônimo de não fazer nada).
É preciso nadar com a maré! Nossa vida tem um destino, só precisamos utilizar as ondas ao nosso favor.
Dias como hoje me dão a certeza de que tudo é predestinado e harmônico. E, em certos momentos, por mais que a revolta e a ansiedade tomem conta, o melhor que há a fazer é ter calma, paciência e simplesmente "aguardar" (o que não é sinônimo de não fazer nada).
É preciso nadar com a maré! Nossa vida tem um destino, só precisamos utilizar as ondas ao nosso favor.
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