quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Sobre todos nós

"Já se disse tudo sobre os guarani-kaiowá. Nada parece comover a "civilização brasileira" de que o extermínio desse povo é um crime imperdoável e o sangue de suas crianças recai sobre todos nós.
Dói na alma ler a carta da comunidade Pyelito kue-Mbarakay, de Iguatemi (MS), divulgada depois que a Justiça de Naviraí (MS) determinou sua retirada da beira de um rio.
É um daqueles documentos que testemunham momentos graves na formação do país, como os relatos de Canudos e do Contestado, da Revolta da Chibata, da escravidão, da ditadura, dos incontáveis massacres e chacinas que tingem o chão de nossa pátria. Ouçamos a voz guarani-kaiowá:
"(...) avaliamos a nossa situação e concluímos que vamos morrer todos mesmo em pouco tempo, não temos e nem teremos perspectiva de vida digna e justa tanto aqui na margem do rio quanto longe daqui. Estamos acampados a 50 metros do rio Hovy, onde já ocorreram quatro mortes, sendo que dois morreram por meio de suicídio e dois em decorrência de espancamento e tortura de pistoleiros das fazendas. Moramos na margem deste rio Hovy há mais de um ano, estamos sem assistência nenhuma, isolados, cercado de pistoleiros e resistimos até hoje. Comemos comida uma vez por dia. Tudo isso passamos dia a dia para recuperar o nosso território antigo Pyelito kue-Mbarakay".
Onde estão os poderes da República, o sistema político, as grandes empresas que se dizem salvadoras da economia nacional? Onde está a opinião pública? Onde está o brasileiro cordial? Escutemos:
" (...) ali estão o cemitérios de todos nossos antepassados. Cientes desse fato histórico, nós já vamos e queremos ser mortos e enterrados junto aos nossos antepassados aqui mesmo onde estamos hoje, por isso, pedimos ao governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas solicitamos para decretar a nossa morte coletiva e para enterrar nós todos aqui. Pedimos, de uma vez por todas, para decretar a nossa dizimação/extinção total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar os nossos corpos. Esse é nosso pedido aos juízes federais".
Há um suicídio a cada seis dias entre os guarani-kaiowá. Quase 50 são assassinados por ano. Agressões incontáveis. Falta ética, respeito à vida e responsabilidade para com os mais frágeis.
Não faltam anestesiadores de consciência sempre dispostos a minimizar a gravidade da situação, ao dizer que os índios estão blefando, que as "ONGs estrangeiras" estão por trás, conspirando contra o Brasil.
A pergunta é: até quando assistiremos o genocídio sem fazer nada? Cada um sabe se é um destinatário da pergunta e em que medida participa da resposta."

Autoria de Marina Silva. Publicado na Folha de São Paulo no dia de hoje.

Liév Tolstói



"Todos pensam em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo." Liev Tolstoi

E Eis

"E eis que em breve nos separaremos
E a verdade espantada é que eu sempre estive só de ti e não sabia<br />
Eu agora sei, eu sou só
Eu e minha liberdade que não sei usar
Mas, eu assumo a minha solidão
Sou só, e tenho que viver uma certa glória íntima e silenciosa
Guardo teu nome em segredo
Preciso de segredos para viver
E eis que depois de uma tarde de quem sou eu
E de acordar a uma hora da madrugada em desespero
Eis que as três horas da madrugada, acordei e me encontrei
Fui ao encontro de mim, calma, alegre, plenitude sem fulminação
Simplesmente eu sou eu, e você é você
É lindo, é vasto, vai durar
Eu não sei muito bem o que vou fazer em seguida
Mas, por enquanto, olha pra mim e me ama
Não, tu olhas pra ti e te amas
É o que está certo
Eu sou antes, eu sou quase, eu sou nunca
E tudo isso ganhei ao deixar de te amar
Escuta! Eu te deixo ser… Deixa-me ser!"
Clarice Lispector

Osho

"O que é o amor? Não sei. Tudo que sei é que experimentar o amor é uma das mais belas experiências da vida. Para vivenciarmos o verdadeiro amor, quatro passos devem ser celebrados. O primeiro passo é: esteja aqui e agora - porque o amor só é possível aqui e agora. O segundo passo em direção ao amor é libertar-se dos sentimentos negativos... Porque muitas pessoas amam, mas seu amor está contaminado por sentimentos como ciúme, possessividade, medo. O terceiro: compartilhe O amor é uma fragrância a ser compartilhada, irradiada. O amor não pode ser acumulado, ele só pode ser compartilhado. E o quarto passo: Fique vazio de ego. Somente quando você está vazio de você, há o amor. Quando você está cheio de ego não é possível amar. O amor e o ego não podem existir juntos. É impossível o amor e o ego estarem juntos porque amor e Deus são sinônimos. Somente uma pessoa que aprendeu a amar é madura. Uma pessoa madura não "cai de amor", ela se "eleva no amor". E quando duas pessoas maduras estão se amando, um dos maiores paradoxos da vida acontece. Elas estão juntas, são quase um, mas esta unidade não destrói a individualidade. Na verdade realça. Duas pessoas maduras em verdadeiro amor ajudam-se mutuamente a se tornarem mais livres, mais plenas, mais completas." Osho

Norman Cousins

"O que aprendi é que a tragédia da vida não é a morte, mas o que vai morrendo dentro de nós, enquanto vivemos."
The Healing Heart, Norman Cousins

Roald Dahl

"- Meu bem - disse minha vó finalmente. - Você não está triste porque terá que continuar a ser um rato pelo resto de sua vida, não é?
- Para mim tanto faz - respondi. - Não tem a menor importância quem a pessoa é ou qual é a sua aparência, contanto que alguém a ame."

As bruxas, Roald Dahl
"Não passe a vida se prendendo a coisas e pessoas as quais você sabe que, no final, irão te deixar por tão pouco."
Anônimo

Namoro

"NAMORAR é algo que vai muito além de cobranças. É cuidar do outro, é telefonar só para dizer bom dia, ter uma boa companhia para ir ao cinema de mãos dadas, transar por amor, ter alguém para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma mão pra enxugar lágrimas, enfim, é ter alguém para AMAR. Somos livres para optarmos, ser feliz não é beijar na boca e não ser de ninguém. É ter coragem, ser autêntico e se permitir viver um sentimento."

Caio Fernando Abreu

“O problema é que nao temos as respostas pra todas as nossas perguntas, é que sempre queremos saber demais. O problema é que além de tentar entender a nós mesmos temos que tentar entender aos outros. O problema é que o seu amor é indefinível, indecifrável, e sempre certo. Pare então de perder as suas noites de sono, com os seus milhões de pensamentos rodando, e rodando e rodando. Procure viver mais, viver por você mesmo.”
Caio Fernando Abreu

O que vale a pena.

"Desistir do que não vale a pena não é desistir, é usar a inteligência e a vontade de ser feliz a seu favor"
Desconhecido

Caio Fernando Abreu

"Há coisas minhas que você não sabe, e que precisaria saber para compreender todas as vezes que fugi de você e voltei e tornei a fugir."
Caio Fernando Abreu

A Esponja, O Funil, O Coador e A Peneira

"Existem quatro tipos, dentre aqueles que se sentam perante os estudiosos (de Torá): Uma esponja, um funil, um coador, uma peneira. Uma esponja – este absorve tudo; um funil – este deixa entrar de um lado e deixa sair de outro; um coador – este deixa o vinho passar e retém a borra; uma peneira – este deixa o pó da farinha passar e retém a farinha fina."

Mário Quintana

"Tão bom morrer de amor e continuar vivendo."
Mário Quintana

Albert Einstein

"O ser humano vivência a si mesmo, seus pensamentos como algo separado do resto do universo - numa espécie de ilusão de ótica de sua consciência. E essa ilusão é uma espécie de prisão que nos restringe a nossos desejos pessoais, conceitos e ao afeto por pessoas mais próximas. Nossa principal tarefa é a de nos livrarmos dessa prisão, ampliando o nosso círculo de compaixão, para que ele abranja todos os seres vivos e toda a natureza em sua beleza. Ninguém conseguirá alcançar completamente esse objetivo, mas lutar pela sua realização já é por si só parte de nossa liberação e o alicerce de nossa segurança interior."
Albert Einstein

O Estudante de Medicina

"Muitos alunos demonstraram mal-estar sentido no exame de pacientes. Segundo eles, devido à sensação de que apenas usam o paciente, sem lhe dar nada em troca. Poucos relatam que se sentem bem, por se dar conta do prazer que o enfermo tem em falar de si, da sua história, de como é importante ouvi-lo. Sobre a atividade no ambulatório, alguns alunos afirmam ficar tão aflitos em ter que pensar numa terapêutica certa que mal ouvem o que o doente diz. Essa situação ilustra a ansiedade muito comum, principalmente entre estudantes no final do curso, diante do que acreditam ser a necessidade de conhecer toda a medicação para tratar de todos os males, pois este é o ideal almejado para ser médico."
VALLE, V.; SCHARLAU, H.C.; NETO, A.C. O Estudante de Medicina.

SAC: Sorte de fazer Medicina na UFSC


Após o sucesso no vestibular, era aquele o primeiro dia dentro da faculdade. Todos na sala, aguardando o professor, prontos para começarem de fato as aulas. Mas esperaram, esperaram e uma hora depois chegou um rapaz, de aspecto estudante, falando: “pessoal, saiam todos da sala”. Ninguém questionou, todos saíram. Não deu nem muito tempo para fechar a porta, um monte de gente veio e fechou um círculo com os calouros no meio. Era o início do trote. Achando a maior graça, levaram-nos para fora do prédio e começaram a seguir a receita: ovos, óleo, farinha, tinta, chingamentos. Não bastasse a sujeira, foram todos enfileirados e cada um teve que beijar um fígado podre de boi – o qual os veteranos se orgulhavam de dizer que fora deixado duas semanas descansando. Ninguém era “obrigado” a estar ali, mas era de se perguntar “e se não estivesse, o que aconteceria?”. Podia ser esse o meu destino, mas, por sorte, passei em Medicina na UFSC.
Meu primeiro dia de aula começou com uma conversa com os coordenadores do curso (e fase), com o representante do centro acadêmico (CALIMED) e da Atlética, seguido de apresentações em meio aos veteranos da 2ª fase, na qual cada calouro ganhou um apelido. Fomos instruídos de como se dariam os próximos três dias, na chamada SAC – Semana de Acolhimento ao Calouro – e convidados a nos retirar. Fora do Auditório do CCS, fomos de elefantinho conhecer o caminho para o RU, onde almoçamos, e à tarde ainda pudemos ver uns vídeos interessantes (e reflexivos) mostrados pelo CA, conhecer o HU e distribuir flores aos pacientes e funcionários do hospital. Ouvimos, ainda, os representantes da Atlética – que não tiveram (e nem deveriam ter) humildade em falar do sucesso da UFSC nos últimos INTERMED’s – , fechando o dia com com um Happy Hour com os veteranos no Pida (clássico).
No segundo dia, de manhã, passamos pela façanha de carregar uma melancia para lá e para cá pela UFSC e ir conhecendo os locais os quais fariam parte da nossa rotina, na chamada territorialização. À tarde, em mais um espaço do CALIMED, passamos por mais algumas reflexões, principalmente com a Palestra do Prof. Cutolo, o qual deixou a importante mensagem: “no curso, vocês só ouvirão: ‘É B, é B, é B’, enquanto pode ser 13 ou qualquer outra coisa” – quem viu a palestra, sabe do que estou falando e quem não viu, está gravada. No terceiro dia, fomos ao bosque passar por uma roda de conversas com o Prof. Marco, e eu guardo muito bem na memória os bons ideiais que meus colegas disseram ter seguido para escolher a medicina. Na manhã, ainda, teve uma “aula inaugural” com o Prof. Jaime sobre Epigenética – tudo é epigenética -, com direito a prova no final, veterano que estava na aula e colou descaradamente na hora do teste, e outros ainda que provocavam na saída da sala “ E aí, como foi a prova?” “Nossa, mas você fez tudo errado!”. Vale lembrar que o Jaime só admitiu a brincadeira duas semanas depois. À tarde ainda teve a gincana, com várias atividades, um lanche e a revelação dos padrinhos e madrinhas, mas o mais divertido com certeza ficou para a noite: o Show de Calouros. Um verdadeiro show. Foi engraçado e divertido para nós calouros, mas tenho certeza que, como veterano, deve ter tido muuuito mais graça!
Por sorte, passei na UFSC. Num curso destaque pelas transformações as quais passa, com alunos (nossos veteranos e nós, calouros) legais e professores (em geral) muito bons! Fora a ótima primeira impressão do CALIMED, o qual levantou inesperadas e boas reflexões na primeira semana, sobre continuarmos com nossas atividades (dança, teatro, música, seja lá o que for) para que não nos afundemos e alienemos tão-somente em estudo, e sobre o que, de fato, devemos esperar e fazer pela Medicina e acerca de buscarmos o 13, ou um animal, ou o que for, para que não nos viciemos no B e não sejamos somente “mais médicos” no sistema de saúde, e sim bons profissionais, os quais amem o que fazem e  verdadeiramente ouçam quem atende para que possam dar ao paciente aquilo que ele realmente precisa.
É isso. Não me passou pela cabeça em nenhum momento a frase “e se não estivesse, o que aconteceria?”, pois tinha certeza de que estava onde queria estar e que fui muito bem recebido. A SAC foi um sucesso, parabéns para quem organizou! Valeu!

Espiritismo e Medicina

Surgiu o tema de espiritismo (ou espiritualismo?) na lista de vegetarianismo que eu frequento. Primeiro, achei confuso a mistura de temas, segundo a abordagem do e-mail.
Falava-se no reconhecimento da "influência espiritual" como uma doença reconhecida pela Medicina e distinguível de outras com sintomas semelhantes, como as doenças mentais.
Resolvi compartilhar minha opinião sobre o assunto, como coloco a seguir.

"Primeiramente, o conceito de saúde da OMS é mundialmente criticado pelos profissionais da saúde devido à falta de clareza sobre o que de fato esse conceito representa. Ora, "completo" "bem-estar". O que é completo; o que caracteriza um bem-estar? É possível observar um completo bem-estar?
Segundo, o aspecto espiritual foi incluído, pois atualmente ocorre uma aproximação das ciências biológicas, nas quais a Medicina se apoiou principalmente no século passado, das humanas, buscando o conceito integral de saúde, inclusive valorizado pelas novas diretrizes do SUS.
No entanto, a integralidade no atendimento aos pacientes não representa tratar, tampouco diagnosticar, o espiritual com métodos espirituais - isso porque Medicina é uma ciência (quem sabe uma arte também), e não uma filosofia de vida ou religião. É importante separar esses dois aspectos.
Percebam que o que há de mais moderno na prática clínica é a Medicina baseada em evidências, na qual a pesquisa se torna fator central das decisões médicas. Diante disso, é impossível que se considere dessa forma apontada a "influência espiritual", já que não existem estudos conclusivos que apontem a veracidade e a natureza dessa patologia, tampouco intervenções e outros aspectos já bem desenhados pela pesquisa médica.
Então, como compactuar a integralidade do ser humano nesse sistema? Compreendendo, pois, as vivências daquele doente que busca o amparo na ciência médica e se utilizando delas para obter sua cura, sem mistério, charlatanismo ou uma mistura equivocada de ciência e aspectos religiosos. Medicina é ciência.
Historicamente, principalmente relatado na Medicina baseada em narrativas, o empirismo e a praticidade principalmente desenvolvida com anos de prática clínica induz o médico a aceitar esse tipo de situação e trabalhar com ela visando o melhor para o paciente. O que iria ao encontro do que foi tratado neste e-mail que estou a responder. No entanto, é complicado o médico trabalhar com algo que desconhece e utilizar crenças e artefatos que se distanciam daquilo já devidamente comprovado e suficientemente esclarecido.
O médico possui uma responsabilidade social perante a ciência: as pessoas buscam conforto - bem-estar - na medicina, mas sob o ponto de vista científico, e não outro. Pode-se adaptar a prática clínica para esses outros aspectos, mas com cuidado sempre para que não se transcenda o limite do próprio conhecimento existente. Até na questão da ética médica isso é importante."

Medicina x Biomedicina

Ouvi de um professor do ciclo básico da Medicina da UFSC: "O curso está muito voltado à arte de curar e pouco à ciência e à pesquisa".
Antes fosse realmente voltado à arte de curar! Biomedicina se cursa em biomedicina. Ao curso de medicina, deve-se dedicar o ensino de medicina - a arte de curar.
É um dos grandes problemas do ensino médico no mundo, na realidade - responder ao questionamento "Que médico queremos formar para a sociedade?".
Ainda, com mais experiência e leitura sobre o assunto, dissertarei sobre esse tema. No momento, restrinjo-me ao questionamento.

Os Mitos do Check Up

Há dois ditos populares que podem nos ajudar a discutir o tema dos
exames preventivos ou do check-up, um dos principais motivos de consulta
nos dias de hoje. Um dos ditados é o de que é “melhor prevenir do que
remediar” e o outro nos lembra que o “melhor é não mexer no que está
quieto”. O primeiro conselho tem sido bastante lembrado por todos
aqueles que desejam fazer muitos exames todos os anos e o último costuma
ser recordado por aqueles que fogem dos consultórios médicos. Acho que
vale a pena discutir com mais calma esses dois enunciados.
A noção de prevenção de doenças não é nova, todo agrupamento humano
desenvolveu ao longo de sua história mecanismos individuais e coletivos
para se proteger de agravos conhecidos. Assim foi com o fornecimento de
água limpa e com a implantação dos banhos públicos na Roma Antiga, por
exemplo.
A novidade da medicina moderna não é, portanto, a ideia de atacar a
causa antes do problema surgir, prática muito antiga, mas a utilização
de exames (como os de glicose, colesterol, mamografia, etc.) em
indivíduos sem sintomas para o diagnóstico precoce de doenças. O
problema é que as possibilidades tecnológicas dessa medicina nos dão a
falsa ilusão de que a realização de testes diagnósticos regulares que
vasculhem o corpo em busca de anomalias é a única e infalível forma de
prevenção.
É fácil combater essa ilusão. Sabemos que os países que mais gastam
com exames não têm os melhores resultados em saúde, sabemos que as
populações que têm mais acesso a exames laboratoriais e a aparelhos de
imagem (como tomografias, ressonâncias ou cateterismos) não previnem
mais cânceres ou infartos do coração do que aqueles países que têm uma
quantidade racional desses equipamentos.
O que é ainda pior é que esse exagero na prevenção por meio de exames
costuma provocar o efeito contrário do desejado, que é o de submeter
pessoas sem nenhum sintoma ou mal-estar a procedimentos arriscados e
desnecessários. Um exemplo é o do câncer de mama, de cada 1000 mulheres
que fazem a mamografia anualmente dos 40 aos 50 anos, uma terá um câncer
identificado (mas não necessariamente curado) e outras 20 retirarão a
mama ou parte dela sem necessidade.
Por isso, respeitadas instituições de saúde como o americano United
States Preventive Service Task Force (USPSTF) ou o britânico United
Kingdom National Screening Comitte recomendam a realização da mamografia
somente a partir dos 50 anos de 2 em 2 anos (à exceção daquelas
mulheres com história familiar de primeiro grau, ou seja, câncer de mama
em mãe ou irmã antes dos 50 anos).
Para esses institutos internacionais e também para o Instituto do Câncer
brasileiro (INCA) não se deve também recomendar rotineiramente aos
homens acima de 40 anos a realização do check-up da próstata. Como o
câncer de próstata costuma surgir em idades mais avançadas e progride
lentamente, sabe-se que a grande maioria dos homens com câncer morreria
de outras causas sem jamais ter tido qualquer sintoma prostático. Ao se
fazer o check-up anual muitos homens serão submetidos a exames e a
cirurgias, frequentemente com sérias consequências indesejadas.
Portanto, o ditado “melhor não mexer no que está quieto” tem sim sua
razão em relação a uma série de problemas para os quais a medicina não
tem uma resposta e em que um exame antecipado pode trazer mais prejuízos
do que benefícios. E o famoso “melhor prevenir do que remediar” é um
conselho muito sábio, mas não deveríamos entender como prevenção o
simples fato de fazer exames médicos anuais.
A melhor forma de prevenir infartos do coração e derrames cerebrais,
por exemplo, é ter uma alimentação saudável, com pouco sal e rica em
fibras, e fazer atividade física regular. Sabe qual uma maneira simples
de prevenir várias doenças e melhorar sua vida e de sua comunidade? Use
menos o carro!

Paulo Poli Neto
Médico de Família e Comunidade
Associação Catarinense de Medicina de Família e Comunidade

A Minha Política


Amigos, este é meu último post sobre política no ano. Quem quiser, leia, quem não quiser, continue sua vida. Mas fica aqui meu desabafo, embora o facebook não seja twitter para eu ficar xingando à noite essa puta falta de sacanagem.

Em 2008, dei meu primeiro voto. Lembro bem quem foram meus candidatos: minha querida amiga Angela Albino e meu amigo Jorge João. Representavam a mudança. Perderam.

Em 2010, me ofereci para ser mesário voluntário. Votei em Marina Silva, Amadeu Hercílio Luz, Fabiano Piovezan, Joaninha, Miriam e Angela Albino. Exceto a felicidade de Angela ter ganho, amarguei a derrota novamente.

Em 2012, neste ano, fui novamente mesário. Votei em Angela Albino e prefiro não identificar meu candidato a vereador. E amarguei a derrota novamente.

Acima da dificuldade em lidar com a frustração da derrota - coisa que a vida ainda vai me ensinar bem, jovem que sou -, quero desabafar aqui sobre minha tristeza. Tristeza em estar em uma sociedade a qual não compartilha dos meus sonhos. Tristeza de morar em um país rico (social-, economica- e ambientalmente), em uma cidade maravilhosa, invejados ambos por muitos, e conviver com uma maioria de "conterrâneos" que insiste em nos ver e nos tratar como pobres. Sim, pobres. Nossa política reúne a escória, e não nossos exemplos. Vemos pobreza de moral, pobreza de espírito, pobreza da mais pior classe. E é pobreza de eleitorado, também.
Essa maioria nos trata como pobres! E além de triste, fico revoltado.

NÃO CONSIGO RIR, embora às vezes dê vontade de rir da própria desgraça para não chorar. E, SIM, EU ME IMPORTO REALMENTE COM A POLÍTICA. Vi na pele, pela pessoa que amo muito e que me serviu de exemplo de vida, a desvalorização do professor brasileiro (E tem candidato que acha que tablet pra estudante vai resolver alguma coisa... Por favor!). Vejo em meu dia-a-dia como estudante de Medicina, nas unidades básicas e no hospital, como ainda há miséria nesse país, que passa fome - de comida, de cultura, de conhecimento -, fome de toda classe. (E tem candidato que acha que ressonância magnética móvel vai resolver alguma coisa... Por favor!)

E estou decepcionado comigo mesmo, por, a cada dois anos, continuar dando meu voto de confiança nessa política QUE NÃO TEM FUTURO, por essa maioria QUE NÃO COMPARTILHA DOS MEUS SONHOS, por um povo brasileiro, florianopolitano que SE PREENCHE DE POBREZA E MISÉRIA, de todas as classes, como já falei. Veja bem, fui mesário VOLUNTÁRIO, eu me esforcei MESMO para acreditar nesse sistema.

Mas o fato é este: esse sistema foi feito para destruir sonhos. Desacreditar aqueles que amam e vivem pelo bem comum. Desestimular os cidadãos. Dar continuidade à podridão e sujeira que permeia a política brasileira. Esse sistema não foi feito para os sonhadores, pois foi arquitetado justo pelos manipuladores e exploradores de nossa sociedade.

Foram quatro anos de tentativa intensa (e aqui ignoro que desde 2004, ainda com 13 anos, eu já estava envolvido em política) em não desistir, insistir que há espaço, insistir que há possibilidade de mudança. Foram quatro anos tentando sonhar e amargando o pesadelo de viver em uma realidade da qual eu não participei da escolha. Sei que não fui torturado, que não sou miserável, que tenho uma qualidade de vida que poucos têm. Sei de tudo isso e sei o quão fraco posso parecer agora.
De fato, eu realmente queria ser mais forte. Mas, para mim, chega.

Que a Justiça Eleitoral não conte comigo mais em nenhum ano para ser mesário. Que nenhum candidato venha mais pedir meu voto. E que ninguém tenha a coragem de rir na minha cara sobre a política brasileira. Não, chega.

Vou fazer a política que funciona: o trabalho, no dia-a-dia, pelo bem comum. Contem comigo como um bom médico que serei - e, sim, eu serei médico e bom, diferente do que muitos acreditam e ficam difamando por aí. Contem comigo como um bom amigo, um bom filho, um bom pai, um bom marido que serei. É nessa política que irei investir.

Já que não posso mudar o mundo dos outros - o da maioria -, trabalharei pelo meu mundo, aquele onde meu trabalho estiver ao alcance. Essa será a minha política.

E minha última lágrima: parabéns a quem criou esse sistema. E meu singelo sorriso: vou destrui-lo, nem que seja somente em minha casa.

Obrigado para quem leu este texto. Espero que sirva para algo, além do meu próprio desabafo, fraqueza e tristeza. Fica meu desejo de bons, grandes e eternos sonhos a todos. Não há coisa pior que ver impossibilidade naquilo que se sonha...

Grande abraço!

P.S: Dados INDIGNANTES SOBRE ESTA ELEIÇÃO EM FLORIANÓPOLIS:

1) 10% (25.000) de votos nulos ou brancos;
2) 18% (58.000) de abstenção;
3) A esquerda (Elson e Angela), a mudança, ter 40% dos votos, mas nenhum dos dois ter ido ao segundo turno;
4) Os PIORES projetos para saúde (vou ser bem razoável aqui a me restringir à minha área) terem sido os únicos a ir ao segundo turno. Desvalorização dos profissionais de saúde, trans-ressonância, e outras baboseiras mais.

VERGONHA, MEUS CONTERRÂNEOS. VERGONHA!

(Postado no facebook no dia de hoje.)

A Inteligência e o Diferente


Não tem coisa mais lamentável do que pessoas que não sabem conviver com o diferente. Pessoas inteligentes aprendem com a diversidade. Pessoas com potencial limitado de crescimento pessoal ou fingem que ela não existe, ou censuram o divergente.
Por isso, não me incomodo: só lamento que certos amigos limitem tanto seu potencial de serem pessoas melhores.

Divagando sobre Aprendizagem



Não há nada mais instigante e poderoso na construção do conhecimento do que a vivência, as experiências pessoais. É a partir dela que surge a curiosidade, o entrosamento com o problema e daí a busca pela informação de valor. Com a curiosidade, com a informação e com a experiência, o indivíduo é capaz de formar o conhecimento valioso para si e muito possivelmente estará pronto para revisitar aquelas experiências anteriores, agora com um novo olhar sobre o problema e - se necessária - uma solução.

Do que depende a felicidade?

Não importa o que acontece ao teu redor: a realidade é tu que fazes. Tudo ao teu redor é próprio, mas quem capta, assimila e reage é tu, tua própria mente. Logo, tua felicidade depende do que? Do que está ao teu redor ou de ti mesmo? :)

Biomedicina

Existe há muito um forte movimento na tentativa de desumanizar a Medicina, caracterizando-a como a biomedicina. No entanto, esse é um modelo falido e insuficiente à integralidade humana. A educação e a prática médica deve contemplar esse ser integral para que realmente o propósito original da Medicina seja cumprido: fazer bem ao doente, sem correr o risco de prejudicá-lo

Homenagem à Mãe



"Ao lado de um grande homem há sempre uma grande mulher."

Mãe, se um dia eu me tornar um grande homem - e aqui não falo de dinheiro, bens materiais, coisas assim, mas de valores, conquistas, de ser útil à sociedade -, como eu desejo, queria que tu soubesses que será porque a tive ao meu lado, em todos os anos de minha formação como ser humano.
Hoje é teu aniversário e, embora eu possa não ser o melhor dos filhos - todos têm seus defeitos, e eu sou frio e distante mesmo, principalmente com quem eu amo de verdade -, faço questão de te deixar uma homenagem sincera, com tudo o que às vezes eu gostaria de falar, mas que o meu jeito de ser nem sempre permite... às vezes as brigas, discussões e desentendimentos se tornam mais frequentes e não dão espaço para esse tipo de conversa carinhosa, amorosa. Mas acho que é normal mesmo assim. Enfim, aqui está a homenagem que tu merece: faço questão de tornar público o carinho e admiração que tenho por ti, mesmo perante nossas diferenças.
Admiro a forma como tu te preocupas com as pessoas, que eu sempre vi, quando criança, em como tu chegavas em casa depois do trabalho na escola: exausta, preocupada no que fazer para o dia seguinte, às vezes triste, por não poder fazer muito por pessoas que precisam de ajuda... Eu carrego comigo esse teu ensinamento e é por isso que eu sempre te digo que não quero fazer uma faculdade de Medicina por fazer, não quero ser um médico qualquer - desses aí que só vivem de dar receita para os pacientes, sem se importar com a cura, hoje tão necessária, embora ausente, da alma -, quero, pois, ser um bom médico - não desejo ser daqueles conhecidos -, só ser um bom médico, que consiga levar paz e conforto aos pacientes, muitas vezes simplesmente por ouvi-los e, sentindo o que passam, buscar aliviar o que os acomete. E saiba: quando chegar a hora, quero ter orgulho quando eu chegar em casa triste por não ter conseguido ajudar totalmente o paciente. Orgulho de me importar em não ter feito o meu melhor e não ter dado aquilo que a pessoa que me consultou necessitava.
Admiro o valor que hoje tu dás à moralidade e a uma vida útil e não-superficial. Vi isso quando houve a separação com o pai, quando tu largasse o uso do cigarro, quando abdicasse do álcool como algo rotineiro e necessário - tá, tu não eras alcoólatra, óbvio, mas enfim... pega o contexto! -, vejo agora na tua perseverança em lapidar tuas virtudes e defeitos no estudo de uma religião que tem, sim, seu valor, o espiritismo. Eu vejo como tu ainda chegas do trabalho - não mais em escola -, às vezes irritada consigo mesma por não ser capaz de fazer tudo o que deseja. Sabe, eu carrego comigo esse teu ensinamento e desejo profundamente ser um homem de valor, livre de vícios e cultuante de virtudes. Saiba: eu jamais vou trair o sentimento da pessoa com quem eu me relacionar.
Admiro fortemente o amor e a dedicação que dás a mim e aos meus irmãos. Vejo isso todos os dias, quando, mesmo passando por uma situação delicada de saúde e tudo o mais, perseverante fazes as compras da casa, cuidas da limpeza e ordem do nosso espaço, tomas conta dos cachorros, fazes a comida, e sempre sai de casa dizendo um tchau, acompanhado de um "Fica com D-us". É impossível não ver isso, quando ainda trabalhas praticamente só porque tem um filho que ainda estuda e precisa do teu apoio - eu -, e outros que ainda estão entrando em voo rumo à independência. Eu carrego, honestamente, esse teu ensinamento e espero no futuro ser um bom pai para os meus filhos, tanto quanto tu estás sendo uma boa mãe para mim e meus irmãos. Saiba: minha vida também será focada em dar aos meus filhos tudo o que necessitam, principalmente amor e dedicação.
Eu te admiro, mãe, mesmo. E tê-la ao meu lado por mais um ano é algo muito importante para mim. E sei que para muitas pessoas também. Espero ser na tua vida motivo de alegrias e orgulho, como todo filho deve ser, e desejo para ti tudo o de melhor: paz, conquistas, amor, sucesso, alegria. Tudo o que tu mereces, mãe.
Só escrevi essa homenagem aqui, em primeiro lugar, porque eu sei o poder que a palavra tem em motivar as pessoas e, em segundo lugar, porque pessoas como tu devem ser reconhecidas. Talvez poucos leiam isso aqui, mas eu espero ter deixado a impressão, para quem leu, de que eu tenho uma mãe maravilhosa, guerreira, mulher de verdade e que merece mesmo ser feliz! Todas as energias transformadoras e criadoras para ti neste dia, mãe. Tu mereces. Seja feliz! Conte sempre comigo.
E a lembrancinha pelo teu aniversário eu já dei, aquele elefantinho que comprei lá em Curitiba para ti, mas o teu maior presente ainda está por vir em alguns anos, e eu sei que tu vais ficar feliz em tê-lo: eu vou ser, sim, um grande homem. Vou ser um bom pai, um bom médico, um bom companheiro, um bom amigo, eu vou ser tudo o que você me ensinou pelo exemplo e pela conversa sobre o que eu tenho de ser. É assim que devolverei tudo aquilo que me desse em nesses meus 21 anos de vida: serei um grande homem, devido a uma grande mulher, tu, minha mãe.
Feliz aniversário! Que D-us a abençõe.

Democracia Participativa

Escrito no facebook esses dias em resposta a um candidato político que perguntava sobre segurança pública em Florianópolis.



Acredito realmente que o problema de nossa cidade (e País) não sejam questões individuais, como segurança pública, mobilidade urbana, saúde, educação, etc mas a forma como estamos conduzindo nossa política, o modo de governar e gerir assuntos públicos. Que grau de participação tem o indivíduo no governo, atualmente? E os grupos sociais (ONGs, igrejas, entidades de bairro, etc)? Muito pouco, perante o que deveria ser em uma REAL democracia, uma democracia participativa. É necessário, pois, para a mudança efetiva de nossa cidade, encaminhando-a para uma nova realidade - mais justa, igualitária e fraterna -, a partir de uma NOVA POLÍTICA.


Temos de criar instrumentos políticos que permitam a participação da sociedade (em suas variadas esferas) nas decisões coletivas, e utilizar a internet e formas novas ou adaptadas de redes sociais pode ser uma boa alternativa, afinal todos sabemos da dificuldade atual em encontrar tempo para se dedicar a assuntos que não atingem diretamente o cotidiano.



A democracia participativa, se bem conduzida, combate de frente o corporativismo - questão importante em nossa cidade, principalmente quando se trata de mobilidade urbana. O único perigo desse modelo político seria a grande "ignorância política" que temos atualmente, com uma prevalência de sensos comuns enorme. Mas o Estado (ou não, tem ONGs, etc também) pode intervir nesse processo confrontando a manipulação das massas por meio da educação e outras políticas públicas que ajam nesse sentido.



P.S: Talvez pensem que falo de utopia. Mas, para mim, utopia é pensar que resolveremos nossos problemas nesse modelo político atual.




Interesse

Se todas as pessoas fossem tão interessadas pelos outros como eu sou, o mundo seria um lugar mais agradável, com certeza. Acho vital expandirmos nossos círculos de relacionamentos e dar devida atenção aos já existentes.

Vida




A vida é o completo, o presente, mas ao mesmo tempo que é limitada por essa complitude e presença, abrange a ausência e atinge o infinito. Desconheço como a vida se manifesta no vazio da existência, mas quando colorida de luz multicolor, os vários aspectos do viver, ela está completa e presente. No entanto, uma vida não se faz sozinha. Há pessoas que vivem com necessidade de outras por perto, e de serem presentes nessas outras. Há outras, contudo, que se voltam para si, na necessidade de se completar. Essas que se voltam para si, na busca do autoconhecimento e da felicidade, parecem precisar, quando almas ainda imperfeitas e dependentes, da força e luz de outra pessoa para se sentirem completas, e na atual condição humana, isso é a paixão, é a vida não solitária, mas completa, a dois, universal - mesmo que por hora sob certa dependência.

Infantil sentir-me sozinho.



Acho tão infantil às vezes eu me sentir sozinho, sabendo que Tu sempre estás comigo, meu D-us.
Dou para ti meu coração, somente Tu o mereces.

Pequeno Diante de Ti



Meu D-us
Você me deu uma família presente
Amigos companheiros,
Uma profissão digna e promissora,
Me deu um teto para morar
Roupa para vestir
Alimento, água

Como eu ouso pedir mais que isso?
Como em egoísmo e egocentrismo pequenos
Eu te peço MENOS que isso?

Eu escolhi amar a pessoa errada
Abrir meu coração a quem eu pouco conhecia
Dar a chance de ao, tocá-lo (meu coração),
Um vale de trevas
Jardim virar
Embora eu já tivesse o jardim só meu
E um vale de trevas virou ao compartilhar.

Ah, meu D-us
Como posso dar tanto valor às coisas pequenas?
Onde foi parar o Lucas que sempre foi
O Lucas que sempre fui.

A única coisa que quero, Mestre
É deitar na cama e poder tranquilamente dormir
Sentir a dor maravilhosa do trabalho
Com a recompensa do prazer de deitar-me
E para um mundo só meu,
Completamente meu
Ir, viajar, dançar, SER feliz.

Sei que por mais que eu esteja sofrendo e
Algo aqui dentro esteja doendo
Doendo, doendo, aqui dentro do peito
Sei que o Senhor abre seus braços e me acolhe
E em sua luz eu me ajoelho
E peço perdão pela futilidade dos meus desejos
Em sua luz eu me acolho
Em sua luz eu deito
E em sua luz, eu sou pleno.

Dá-me Tua luz, meu D-us
E permita que eu reencontre e renove o Lucas de ontem, o Lucas do amanhã.
Felicidade é o caminho
E meu caminho é ser feliz.

Obrigado, Senhor.
Em Ti, eu encontro a paz que preciso.
E desculpa por buscá-la
Em alguém que sequer consegue me amar.
Eu vou deitar, e Te amar.

Obrigado, Adonai.

Servo Fiel


Meu Senhor

Ouça minha oração.
Há aqui um servo leal aos teus ensinamentos, que ama o seu D-us e a Ele serve com gratidão.
É, contudo, um servo confuso em sua imperfeição.
No meio da multidão, pergunta-se: quem sou? quem fui? quem devo ser? quem serei?

Meu Mestre

Ouça minha prece.
Preenche-me com sua luz de sabedoria, diante de sua misericórdia.
Dá-me a graça do conhecimento e da certeza em um mundo de trevas e dúvidas.
Ajuda-me a gozar de plenitude em minha auto-afirmação, para que não importe o outro quando me completo em Ti.
E, por fim, te peço: fortalece-me em perseverança na busca pelo aperfeiçoamento da alma e não deixeis que eu me desvie dessa empreitada, cedendo à tentação dos meus inimigos, do mal ou daqueles que o praticam.

Fazei, meu D-us, que eu possa ser eu mesmo, servo fiel do meu Senhor, seguidor perseverante e protegido do meu Mestre, Pai de todos, Adonai.

Assim seja.

Imperfeição Humana


Obrigado D-us por me fazer imperfeito.
É da minha imperfeição que nasce minha obra.
É a minha imperfeição que dá sentido à vida.
Fortalece-me com a busca não pela perfeição, mas pela imperfeição benéfica - a mim, aos meus semelhantes e também àqueles que em nada se assemelham a mim - ou a como eu me observo.
Encoraja-me a reconhecer essa imperfeição e a usá-la em meu próprio benefício.
Engrandece-me com a Tua perfeição não como algo que eu deva alcançar - pois minha natureza humana é imperfeita -, mas como algo que me completa, me revigora - o nascer e o pôr-do-Sol que tanto admiro, tanto me faz bem, mas que nunca sob minha natureza poderei me tornar.
Sou imperfeito, meu D-us e vejo tua perfeição ao teres me feito constituir assim.
Obrigado D-us, por seres perfeito.

Teste Vocacional Mário Novais 2012.2


Mais uma vez, fiz o teste. Este em versão brasileira. http://www.widoctor.com.br/index.php/component/content/article/53

Deu o seguinte resultado, com os quinze mais próximos, em ordem decrescente: Fisiatria; Alergia; Medicina Preventiva; Medicina Nuclear; Dermatologia; Medicina da Família; Psiquiatria; Medicina do Adolescente; Patologia; Emergência; Reumatologia; Pediatria; Radiologia; Anestesiologia; e Endocrinologia.

Relativamente diferente do outro... Eu excluiria Fisiatria, Alergia, Medicina Nuclear, Patologia, Emergência, Radiologia e Anestesiologia. Incluiria Neurologia, Medicina Interna, Oncologia, Hematologia, Gastroenterologia, Cardiologia e Gineco-obstetrícia.

Teste Vocacional Buffalo 2012.2


Adoro fazer testes vocacionais, então resolvi fazer este http://www.smbs.buffalo.edu/RESIDENT/CareerCounseling/interior.htm?self-assessment.htm e ver no que daria. Espero fazer no futuro novamente para avaliar como estou mudando e avaliar de que forma isso poderá me auxiliar na escolha profissional.

Foram as quinze primeiras especialidades, em ordem decrescente: Fisiatria; Reumatologia; Psiquiatria; Medicina de Família; Radiologia Oncológica; Psiquiatria de Crianças e Adolescentes; Alergia e Imunologia; Pediatria; Dermatologia; Geriatria; Endocrinologia; Neurologia; Infectologia; Neurologia Pediátrica; e Oftalmologia.

Eu, com minha visão atual, excluiria dessa lista a Fisiatria, a Radiologia, a Alergia/Imunologia, a Dermatologia, a Infectologia e a Oftalmologia. Incluiria Oncologia, Medicina Interna, Cardiologia, Gastroenterologia, Medicina do Esporte e Hematologia.

Socialismo Utópico - Liberdade, Igualdade e Fraternidade

O que mais se vê em nossa atual Terra é uma humanidade perdida em consumir mais e mais coisas as quais não necessitam e, com isso, prejudicar não só o meio em que vive, mas aqueles que pagam pelo conforto do outro, enquanto esse outro explora o trabalho do anterior. O mundo do capital, da competição e da desigualdade não poderia ser diferente – poderia? Afinal, quem disse que possíveis são, juntas, a liberdade, a igualdade e a fraternidade?

Os iluministas, de uma maneira geral, defenderam um aspecto limitado dessa tríade, em que a liberdade era de pensamento e econômica, a igualdade era jurídica e a fraternidade era somente entre os seus. O fato é que o principal objetivo da filosofia é buscar a verdade e, para mim, a verdade é a Justiça. Não falo aqui de leis e, muito menos, dessa instituição hoje chamada de Judiciário – falo, pois, de que as pessoas tenham direito àquilo que mereçam, desde que cumpram seus deveres.  Portanto, buscavam os iluministas a sua Verdade e creio que se pautavam na busca pela justiça também. Todavia seus conhecimentos sociais, econômicos e, inclusive, teológicos dificultaram a abrangência da famosa “bandeira” iluminista “Fraternité, liberté, igualité”.
Ora, de que adianta a liberdade de pensamento se não temos a liberdade de ação, de que adianta a igualdade jurídica se a justiça dos homens constantemente é suscetível a erros (e propensa somente à teoria) e de que adianta a fraternidade se não é compartilhada entre todos os seus irmãos, ou seja, só entre aqueles de mesmo sangue, cor, etc.
Desde o berço, o ser humano deve dispor de iguais oportunidades à saúde e educação e de uma sociedade que o instigue a melhorar-se. Weber constantemente citava que o esforço era capaz de superar a falta de oportunidade para uns. Entretanto, o que se vê atualmente são pobres continuando pobres, a classe média cada vez mais estagnada e os ricos mais ricos. Àqueles os quais pensam que o estamento foi abolido, resta a cura de sua ignorância com a observação do seu meio. Uma criança pobre, desprovida da institucional educação, dotada de uma deficiente saúde (em função de acesso à lazer, remédios e tratamentos e profilaxias médicas), com pai desempregado e a mãe prostituindo-se para dar pão àqueles que ama, com certeza encontrará maior dificuldade em ascender social e economicamente do que outra criança filha de pais atenciosos os quais podem lhe garantir acesso à educação e saúde de qualidade. Não digo que seja impossível a ascensão do anterior, haja vista que a vida é cheia de oportunidades inesperadas, mas isso se torna improvável principalmente porque a criança é educada desde cedo pela sociedade para que continue sendo sempre a mesma.
“De cada um de acordo com sua capacidade, a cada um de acordo com sua necessidade”
Concordo que, com a atual idéia de que devemos produzir para ganhar, esse ideal não teria nenhuma validade prática, entretanto esse raciocínio do “estímulo” para produção pode ser modificado. Quando o ser humano compreender que vive num mundo para aperfeiçoar a si próprio e a contribuir para que seus semelhantes façam o mesmo, muito também ao seu redor irá mudar. Falta uma idéia de irmandade entre humanos para que a igualdade seja efetivamente implantada e deve imperar a liberdade de ação(limitada na interferência no próximo) para que os ganhos sejam por méritos. Quando esse pensamento prevalecer, o humano desempenhará sua função no prazer que tem por ela e consciente de um crescimento do coletivo e, conseqüentemente dele também.
O caminho para se alcançar esse quase utópico mundo, entretanto, é o que gera grandes discussões entre aqueles que se esforçam em encontrar a justiça e a igualdade entre nós, humanos. Prosseguir apesar dos ventos contrários é necessário e o exemplo é melhor forma de educar, mostrar aos outros a verdade. Unamo-nos, pois, para provar que isso é possível e compartilhemos informações para encontrar o meio ideal para chegarmos a esse fim.

Visão Ampla, Horizonte Amplo

Visão Ampla, Horizonte Amplo


Introdução e Método
A partir de uma pesquisa no Scielo, no intuito de identificar cinco artigos que contenham a perspectiva antropológica, desenvolvi este ensaio tendo por objetivo estabelecer as relações existentes entre saúde, medicamentos e cultura - para isso, ainda procurei abordar conceitos antropológicos e estabeler reflexões, fruto de meu aprendizado na disciplina. São estes os artigos que identifiquei:
1) CARVALHO, Fernanda; JUNIOR, Rodolpho Telarolli; MACHADO, José Cândido Monteiro da Silva. Uma investigação antropológica na terceira idade: concepções sobre a hipertensão arterial. Cad. Saúde Pública,  Rio de Janeiro,  v. 14,  n. 3, Julho 1998.
2) GONCALVES, Helen et al . Adesão à terapêutica da tuberculose em Pelotas, Rio Grande do Sul: na perspectiva do paciente. Cad. Saúde Pública,  Rio de Janeiro,  v. 15,  n. 4, Outubro  1999.
3) FIRMO, Josélia Oliveira Araújo; LIMA-COSTA, Maria Fernanda; UCHÔA, Elizabeth. Projeto Bambuí: maneiras de pensar e agir de idosos hipertensos. Cad. Saúde Pública,  Rio de Janeiro,  v. 20,  n. 4, Agosto  2004.
4) FILHO, Antônio I. de Loyola; LIMA-COSTA, Maria Fernanda; UCHÔA, Elizabeth. Bambuí Project: a qualitative approach to self-medication. Cad. Saúde Pública,  Rio de Janeiro,  v. 20,  n. 6, Dezembro  2004.
5) NASCIMENTO, Marilene Cabral do. Medicamentos, comunicação e cultura. Ciênc. saúde coletiva,  Rio de Janeiro,  2010.
Abordarei com profundidade a perspectiva antropológica acerca dos artigos quatro e cinco, contudo o que pude identificar em todos foi não o método antropológico (presente somente em um deles) – o qual consiste no ouvir, olhar e escrever da observação participante e etnografia (OLIVEIRA, Roberto Cardoso de. 1998. “O trabalho do antropólogo: olhar, ouvir, escrever", em O trabalho do antropólogo. São Paulo/Brasília: Unesp/Paralelo 15.) -, mas exatamente a percepção de aspectos sociais e culturais no âmbito da saúde, com uma análise predominantemente qualitativa. Isso em si já evidencia um caráter da Antropologia, em ampliar os conceitos além da biologia e do senso comum, para uma visão abrangente dos processos saúde-doença, e sem julgamento de valor. Por exemplo, no artigo de número “1”, enumeram-se os objetivos em seu abstract: “a) identificar as concepções da população idosa do município de Araraquara, SP, quanto à etiologia da hipertensão arterial e a relevância dos diferentes sinais e sintomas que acompanham a doença”. “Identificar as concepções” é realizar uma pesquisa não só qualitativa, mas também cultural e social. No resumo do artigo “2”, a partir da pesquisa etnográfica, a “abordagem possibilitou compreender as concepções de doença, as dinâmicas sociais entre os diversos protagonistas envolvidos no processo da doença e seu tratamento.”, ou seja, um estudo com total método, conteúdo e argumentação antropológica. No “3”, em que “As maneiras de pensar e de agir de idosos frente à hipertensão arterial foram investigadas, utilizando-se uma abordagem antropológica baseada no modelo de Signos, Significados e Ações”, também é notada a perspectiva da Antropologia. O uso para o desenvolvimento deste trabalho dos artigos “4” e “5” foram propositais. Enquanto este ultimo, o qual relaciona saúde, cultura e comunicação, dá a base - no sentido de buscar explicações para pensamentos e ações na saúde a partir da mídia -, o anterior aplica a pesquisa qualitativa numa situação específica, a qual é a automedicação, objeto de estudo do Projeto Bambuí, que melhor é compreendida analisando ambos os artigos.

Resultado
No século XX, com a descoberta do antibiótico, estabelece-se um marco inicial do desenvolvimento da farmacologia moderna. Do tratamento de infecções, no início em grande parte provenientes dos efeitos das guerras, a indústria farmacêutica forma a base da construção da hegemonia farmacológica. A partir daí, popularizam-se nas populações a iatrogenia médica e dos fármacos, a medicalização social, e formam-se os questionamentos desse modelo: multiplicação de similares; propaganda intensiva e omissa ou enganosa; apresentação científica inadequada de efeitos indesejados e contraindicações; aumentos abusivos nos preços; etc. (NASCIMENTO, 2010)
Conclui, Nascimento, que a mídia exerce papel fundamental no processo de massificar pensamentos, talvez se referindo a dita opinião comum, tendo como base o recurso científico como “fonte e instância legitimadora de informações”, e utilizando-se da simbolização como a “capacidade de intervir na subjetividade coletiva, dando lugar a procedimentos e modos de vida quase sempre sustentados no consumo de mercadorias”. Nesse sentido, seu artigo remete o aspecto cultural na saúde e nos medicamentos, pois liga seu consumo a elementos culturais, entre eles destacados por ela o misticismo, os símbolos, as metáforas e as alegorias utilizadas no meio de propaganda para “vender” o medicamento. Essa é a base de informação necessária para compreender melhor a automedicação, analisada por Loyola Filho et al a partir do Projeto Bambuí.
Nesse artigo, os autores identificam a partir de uma análise qualitativa, mesmo que se utilizando do método da entrevista – apontado pela médica Furlanetto (FURLANETTO, Letícia Maria. 1999. “Método da observação participante: relato sobre um esquadrão de vôo”. In: Cadernos IPUB 15. Rio: Inst. Psiquiatria.) como não tão eficiente quanto a observação participante -, elementos culturais e sociais os quais estão envolvidos na automedicação: recomendação do atendente da farmácia ou do farmacêutico; autorização pelos médicos do controle pelo paciente do uso medicamentoso (relacionando o uso com a evolução da doença e/ou dos sintomas); conselho de familiares, amigos ou vizinhos; experiência pessoal com o medicamento e com a doença; análise do paciente a respeito da eficácia do medicamento; e o custo. Capta a ideia geral de que a automedicação é voltada para problemas de saúde ou sintomas comuns, ou menos perigosos; representa uma substituição dos serviços de saúde ineficazes (principalmente considerando o modelo brasileiro) e de atendimento médico precário. Por fim, de maneira interessante, encontra o pensamento comum de que o desaparecimento dos sintomas é interpretado como sinal de normalidade ou cura, e reconhece, mesmo que o conhecimento e competência médica seja respeitada, que a automedicação envolve a ideia de que o médico não é o único quem sabe qual e como prescrever medicamentos.

Discussão e Conclusão
Num mundo globalizado e em que parte da população tem amplo acesso à informação e a outra vive a ausência da medicina “institucional”, a automedicação me parece ser inevitável, principalmente quando o doente encontra em meios e pessoas alternativas certeza na prescrição. No entanto, a visão ampla, possível de se obter a partir do conhecimento antropológico – de considerar cultura e sociedade como interferentes no processo saúde-doença -, pode fazer transformar essas relações médico-paciente. Primeiro dando ao paciente um atendimento individualizado, considerando seu contexto sociocultural; e segundo pela identificação pelos médicos das reais necessidades da população. Quando o médico incorporar em sua prática essa visão (digamos, antropológica), talvez consiga recuperar seu espaço na prescrição de medicamentos – apontado como fato pelo estudo Bambuí -, ou mesmo reconhecer que existem outros agentes nesse processo capazes realmente de prover essa indicação. E é a isso que remete Langdon em suas aulas, quando fala do doente como não-passivo (ou paciente) nessas relações, bem como de sua família, amigos e, no caso do artigo cinco, profissionais da drogaria.
A perspectiva antropológica também me traz a visão de que não existe correto ou errado na automedicação, mas tão-somente uma constatação: ela existe. Ao profissional da saúde cabe reagir acerca disso: no caso de condenar, apresentar meios de coibi-la; no caso de aceitar, prover de métodos para que ela não seja prejudicial ao paciente.
Por fim, gostaria de destacar dois aspectos apresentados por Loyola Filho et al. Primeiro, a constatação do uso de medicamentos psicoativos sem prescrição médica – em parte em consonância com os dados obtidos pela Sônia Maluf (MALUF SONIA 2010. Gênero, Saúde e aflição: Políticas Públicas, ativismo e experiências sócias. IN:  MALUF, S.; TORNQUIST, CA.S. Gênero Saúde e Aflição. Abordagens antroplógicas. Florianópolis, Letras Contemporâneas, 2010, PP. 21-67.) -, denotando também a importância cultural que o doente dá ao remédio, como se ele fosse um instrumento de controle do próprio corpo, ou como maneira de transpassar a realidade em que se encontra, o que também é objeto de conclusão no artigo sobre comunicação e saúde. Segundo, pela “consciência” tanto dos adeptos da automedicação quanto dos não-adeptos de que é uma prática “errada”. Mesmo sendo “errada”, por que se automedicam? Além dos aspectos culturais, há um contexto social de busca pela agilidade, praticidade; e a maioria dos entrevistados denotou demora e ineficiência no atendimento médico.
O médico, quando ignora todos esses aspectos e volta-se para tão-somente o lado biológico do indivíduo, perde a oportunidade de compreender uma visão ampla do doente e prover a ele o atendimento e tratamento de que ele realmente necessita. Eis a importância da perspectiva antropológica para a medicina: ampliar o horizonte.

Pesquisa Científica com Animais


“A pesquisa científica com animais é uma falácia”, diz o médico Ray Greek

Médico americano afirma que a pesquisa com animais atrasa o avanço do desenvolvimento de remédios

Por Marco Túlio Pires (VEJA)
"As drogas deveriam ser testadas em computadores, depois em tecido humano e daí sim, em seres humanos. Empresas farmacêuticas já admitiram que essa será a forma de testar remédios no futuro."
Arquivo Pessoal
Ray Greek
Ray Greek
Há 20 anos, Ray Greek abandonou o consultório para convencer a comunidade científica de que a pesquisa com animais para fins médicos não faz sentido. Greek é autor de seis livros, nos quais, sem recorrer a argumentos éticos ou morais,  tenta explicar cientificamente como a sua posição se sustenta. Em 2003 escreveu Specious Science: Why Experiments on Animals Harm Humans (Ciência das Espécies: Por que Experimentos com Animais Prejudicam os Humanos, ainda não publicado no Brasil) e o mais recente em 2009: FAQs About the Use of Animals in Science: A Handbook for the Scientifically Perplexed (Perguntas e Respostas Sobre o Uso de Animais na Ciência: Um Manual Para os Cientificamente Perplexos). Ele garante que sua motivação não é salvar os animais, mas analisar dados científicos.  
Além disso, Greek uniu esforços com outros médicos americanos e fundou a Americans for Medical Advancement, uma organização sem fins lucrativos que advoga métodos alternativos ao modelo animal. Em entrevista para VEJA, ele diz porque, na opinião dele, a pesquisa com animais para o desenvolvimento de remédios não é necessária.
O senhor seria cobaia de uma pesquisa que está desenvolvendo algum remédio?
Claro. Se a pesquisa estivesse sendo conduzida eticamente eu seria voluntário. Milhares de pessoas fazem isso todos os dias. Por vezes elas doam tecido para que possamos aprender mais sobre uma doença, em outros momentos ingerem novos remédios para o tratamento de doenças na esperança que a nova droga apresente alguma cura.

E se o medicamento nunca tivesse sido testado em animais?
A falácia nesse caso é de que devemos testar essas drogas primeiro em animais antes de testá-las em humanos. Testar em animais não nos dá informações sobre o que irá acontecer em humanos. Assim, você pode testar uma droga em um macaco, por exemplo, e talvez ele não sofra nenhum efeito colateral. Depois disso, o remédio é dado a seres humanos que podem morrer por causa dessa droga. Em alguns casos, macacos tomam um remédio que resultam em efeitos colaterais horríveis, mas são inofensivos em seres humanos. O meu argumento é que não interessa o que determinado remédio faz em camundongos, cães ou macacos, ele pode causar reações completamente diferentes em humanos. Então, os teste em animais não possuem valor preditivo. E se eles não têm valor preditivo, cientificamente falando, não faz sentido realizá-los.

Mas todos os remédios comercializados legalmente foram testados em animais antes de seres humanos. Este não é um caminho seguro?
Definitivamente não. As estatísticas sobre o assunto são diretas. Inclusive, muitos cientistas que experimentam com animais admitiram que eles não têm nenhum valor preditivo para humanos. Outros disseram que o valor preditivo é igual a uma disputa de cara ou coroa. A ciência médica exige um valor que seja de pelo menos 90%.

Esses remédios legalmente comercializados e que dependeram de pesquisas científicas com animais já salvaram milhões de vidas...
A indústria farmacêutica já divulgou que os remédios normalmente funcionam em 50% da população. É uma média. Algumas drogas funcionam em 10% da população, outras 80%. Mas isso tem a ver com a diferença entre os seres humanos. Então, nesse momento, não temos milhares de remédios que funcionam em todas as pessoas e são seguros. Na verdade, você tem remédios que não funcionam para algumas pessoas e ao mesmo tempo não são seguros para outras. A grande maioria dos remédios que existe no mercado são cópias de drogas que já existem, por isso já sabemos os efeitos sem precisar testar em animais. Outras drogas que foram descobertas na natureza e já são usadas por muitos anos foram testadas em animais apenas como um adendo. Além disso, muitos remédios que temos hoje foram testados em animais, falharam nos testes, mas as empresas decidiram comercializar assim mesmo e o remédio foi um sucesso. Então, a noção de que os remédios funcionam por causa de testes com animais é uma falácia.

Se isso fosse verdade os cientistas já teriam abandonado o modelo animal. Por que isso não aconteceu ainda? 
Porque o trabalho deles depende disso. Nos Estados Unidos, a maior parte da pesquisa médica é financiada pelo Instituto Nacional de Saúde [NIH, em inglês]. O orçamento do NIH gira em torno de 30 bilhões de dólares por ano. Mais ou menos a metade disso é entregue a pesquisadores que realizam experimentos com animais. Eles têm centenas de comitês e cada comitê decide para onde vai o dinheiro. Nos últimos 40 anos, 50% desse dinheiro vai, anualmente, para pesquisa com animais. Isso acontece porque as próprias pessoas que decidem para onde o dinheiro vai, os cientistas que formam esses comitês, realizam pesquisas com animais. O que temos é um sistema muito corrupto que está preocupado em garantir o dinheiro de pesquisadores versus um sistema que está preocupado em encontrar curas para doenças e novos remédios.

Onde estaria a medicina se não fosse a pesquisa com animais?
No mesmo lugar em que ela está hoje. A maioria das drogas é descoberta utilizando computadores ou por meio da natureza. As drogas não são descobertas utilizando animais. Elas são testadas em animais depois que são descobertas. Essas drogas deveriam ser testadas em computadores, depois em tecido humano e daí sim, em seres humanos. Empresas farmacêuticas já admitiram que essa será a forma de testar remédios no futuro. Algumas empresas já admitiram inúmeras vezes em literatura científica que os animais não são preditivos para humanos. E essas empresas já perderam muito dinheiro porque cancelaram o desenvolvimento de remédios por causa de efeitos adversos em animais e que não necessariamente ocorreriam em seres humanos. Foram bilhões de dólares perdidos ao não desenvolver drogas que poderiam ter dado certo.

Como as pesquisas deveriam ser conduzidas?
Deveríamos estar fazendo pesquisa baseada em humanos. E com isso eu quero dizer pesquisas baseadas em tecidos e genes humanos. É daí que os grandes avanços da medicina estão vindo. Por exemplo, o Projeto Genoma, que foi concluído há 10 anos, possibilitou que muitos pesquisadores descobrissem o que genes específicos no corpo humano fazem. E agora, existem cerca de 10 drogas que não são receitadas antes que se saiba o perfil genético do paciente. É assim que a medicina deveria ser praticada.  Nesse momento, tratamos todos os seres humanos como se fossem idênticos, mas eles não são. Uma droga que poderia me matar pode te ajudar. Desse modo, as diferenças não são grandes apenas entre espécies, mas também entre os humanos. Então, a única maneira de termos um suprimento seguro e eficiente de remédios é testar as drogas e desenvolvê-las baseados na composição genética de indivíduos humanos. Para se ter uma ideia, a modelagem animal corresponde a apenas 1% de todos os testes e métodos que existem. Ou seja, ela é um pedaço insignificante do todo. O estudo dos genes humanos é uma alternativa. Quando fazemos isso, estamos olhando para grandes populações de pessoas. Por exemplo, você analisa 10.000 pessoas e 100 delas sofreram de ataque cardíaco. A partir daí analisamos as diferenças entre os genes dos dois grupos e é assim que você descobre quais genes estão ligados às doenças do coração. E isso está sendo feito, porém, não o bastante. Há também a pesquisa in vitro com tecido humano. Virtualmente tudo que sabemos sobre HIV aprendemos estudando tecido de pessoas que tiveram a doença e por meio de autópsias de pacientes. A modelagem computacional de doenças e drogas é outra saída. Se quisermos saber quais efeitos uma droga terá, podemos desenvolvê-la no computador e simular a interação com a célula.

Mas ainda não temos informações suficientes para simular o corpo humano no computador...
Temos sim. Não temos informações suficientes para criar 100% do corpo humano e isso não vai acontecer nos próximos 100 anos. Mas não precisamos de toda essa informação. O que precisamos é saber como e do que um receptor celular é constituído — isso já sabemos — e a partir daí podemos desenvolver, no computador, remédios baseados nas leis da química que se encaixem nesses receptores. Depois disso, a droga é testada em tecido humano e depois em seres humanos. Antes disso acontecer, contudo, muitos testes são feitos in vitro e em tecidos humanos até chegar em um voluntário humano.

Um computador não é um sistema vivo completo. Como é possível garantir que essa droga, que nunca foi testada em animais, não será nociva aos seres humanos?
A falácia nesse argumento é que os macacos e camundongos, por exemplo, são seres vivos, mas não são seres humanos intactos. E esse argumento seria muito bom, se ele não fosse tão ruim. Drogas são testadas em macacos e camundongos intactos por quase 100 anos e não há valor preditivo no sentido de dizer quais serão os efeitos da droga no ser humano. O que essas pesquisas têm feito, na verdade, é verificar o que essas drogas causam em macacos e em seres humanos separadamente e não há relação. Por isso, o que dizem é meramente retórico, não há nenhuma base científica.

O senhor já fez experimentos com animais. O que o fez mudar de ideia?
Meu posicionamento mudou apenas uma década depois que terminei a faculdade de medicina. Minha esposa é veterinária e comecei a notar como tratávamos nossos pacientes de maneira muito diferente. Comecei a notar também que alguns remédios funcionam muito bem em animais, mas não funcionam em humanos e algumas drogas funcionam em humanos, mas não podem ser usadas em cães, mas podem ser usadas em gatos e assim por diante. Não estou dizendo que os animais e os humanos são exatamente opostos, não é isso. Eles têm muito em comum.

A semelhança genética de 90% entre humanos e camundongos não é suficiente? 
Aparentemente não. Porque os dados científicos dizem que não. Não me interessa se somos suficientemente semelhantes aos animais para fazer testes neles ou não. A minha interpretação é científica. E a ciência diz que não somos. Na minha experiência clínica isso é verdade porque não conseguimos prever nem quais serão os efeitos de um remédio no seu irmão, realizando testes em você. Algumas drogas que você pode tomar, seu irmão não pode, por exemplo. Contudo, eu não sou contra todo tipo de experimento com animais. É possível recorrer aos animais para utilização de algumas partes. Por exemplo, podemos utilizar a válvula cardíaca de um porco para substituir a de seres humanos. Além disso, é possível cultivar vírus, insulina, mas isso não é pesquisa. O fracasso está em utilizar modelos animais para prever o que irá acontecer com um ser humano. Um ótimo exemplo disso é a Aids. Os animais não desenvolvem essa doença, de jeito nenhum. Eles sofrem de doenças parecidas com a Aids, mas por causa de vírus completamente diferentes. E os sintomas são muito diferentes dos manifestados em pacientes aidéticos. Por isso, não há correlação.

O senhor é contra o eventual sacrifício de animais em pesquisas científicas com o objetivo de salvar milhões de vidas humanas? 
Eu não tenho nenhum problema com isso. Meu problema com pesquisa animal não é de cunho ético e sim, científico. É como dizer que estamos em um cruzeiro atravessando o oceano Atlântico e um indivíduo cai na água e está se afogando. Ele precisa é de um salva-vidas mas não temos nenhum, então vamos arremessar 1.000 cães na água. Por que arremessar os cães na água já que eles não vão salvar a vida da pessoa? Você pode construir um argumento ético dizendo que é aceitável afogar esses cães mas o que eu quero dizer é que a pessoa precisa de um salva-vidas e não 1.000 cães afogados. E é exatamente isso que estamos fazendo com a pesquisa animal. Estamos matando cães pelo bem de matar cães. Não porque matá-los irá trazer a cura para doenças como a Aids ou o Alzheimer.

Diplomacia Vegan


Diplomacia Vegan  
Do livro Becoming vegan 
Brenda Davis e Vesanto Melina

Tornar-se vegan pode ser uma viagem espiritual, emocional e física profunda e recompensadora. Como sabe qualquer viajante, estar preparado para situações difíceis pode tornar a jornada menos atemorizante. Em outros capítulos, o foco é a nutrição e como obter uma boa dieta vegan. Aqui, estudamos soluções inteligentes para os desafios da interação humana.
Como vegan, sua opção alimentar tem impactos imensos: a preservação de recursos em extinção, vigorosa proteção da saúde e redução dramática da dor e do sofrimento dos animais. Há poucas opções na vida que ofereçam resultados tão positivos e diferentes. Isso é o bastante para que você queira levar a boa nova a todo o mundo não vegan! No passado, quando você ficava entusiasmado assim com uma descoberta, seus pais, irmãos e amigos alegravam-se e comemoravam com você. Agora, em vez de ficarem contentes, podem tornar-se distantes e defensivos. As próprias pessoas com quem você mais quer compartilhar suas descobertas vêem essas mudanças como uma intrusão em sua cultura e uma afronta ao relacionamento de vocês.
Tornar-se vegan desafia os fundamentos de nossa sociedade, e isso deixa as pessoas pouco à vontade. Devido a esta realidade, sua interação dependerá bastante de sua atitude e de sua abordagem. Embora haja lugar para ferro e fogo, este estilo funciona melhor quando você estiver pregando aos já convertidos. Para os outros, um pouquinho de diplomacia vegan faz muito mais efeito!
O QUE É DIPLOMACIA VEGAN?
A diplomacia é a arte de honrar seus próprios princípios éticos e sua consciência social sem julgar, condenar ou ofender outra pessoa. Depende em grande medida de uma comunicação eficaz. Como as pessoas que seguem um estilo de vida vegan aspiram a praticar a "inofensividade", para ser um diplomata vegan é preciso evitar insultos, desprezo e intimidação em sua interação com os outros.
Numa sociedade que explora animais para tudo, da pasta de dentes ao lazer, é possível ser um vegan diplomático?
Sim. E é não apenas possível; é um conjunto valiosíssimo de habilidades que um vegan deve adquirir. Enquanto ser vegetariano, muitas vezes por razões de saúde, é amplamente compreendido e aceito, tornar-se vegan é como trazer um desafio de nível mais alto, porque é quase inevitável que surjam considerações éticas. Algumas pessoas respeitarão sua decisão e sua integridade pessoal. Outras provavelmente vão sentir-se ameaçadas, seja qual for a sua intenção.
Sua clareza, entusiasmo e humor gentil também serão importantes para estimular as pessoas sem que elas se sintam julgadas ou, de alguma forma, ameaçadas. No entanto, há ocasiões em que você deve optar por não ser diplomático, e não há problema algum nisso. Talvez um colega tenha esfregado aquele bife imenso na sua cara pela última vez. Todos já fomos submetidos a comentários ou ações impensados que nos isolam, ridicularizam ou ofendem. Quando isto acontece, é muito tentador ser bem antidiplomático em nossa reação. Às vezes é isso mesmo que é necessário para que o outro lado realmente escute o que você está dizendo.
Saiba que não há jeito certo nem errado de lidar com cada uma das situações desagradáveis. Tanto a gentileza quanto o choque podem ser eficazes na comuniçação de pensamentos e sensações. No entanto, considere o porquê de outras pessoas reagirem de forma tão negativa por você ter-se tornado vegan. Talvez  seja porque isso as obriga a examinar suas próprias opções quando têm tantas outras coisas em que pensar, o que as torna muito defensivas ou as deixa pouco à vontade.
Esta situação e este desafio estão presentes nas palavras do dr. Albert Schweitzer, um dos maiores humanitários de todos os tempos:
"O homem capaz de pensar deve opor-se a todos os costumes cruéis, não importa quão profundamente enraizados na tradição e cercados por um halo. Quando tivermos opção, devemos evitar levar tormento e dor à vida de outrem, mesmo à criatura mais reles; mas fazê-lo é renunciar à nossa virilidade e suportar uma  culpa que nada justifica."
COMO DOMINAR A ARTE DA DIPLOMACIA
Então como é que a gente se torna um vegan diplomático? Basta lembrar a si mesmo que ser vegan é, na verdade, reverenciar a vida. Recorde a essência do Ahimsa, citada no capítulo 1 - inofensividade dinâmica. É a participação ativa para não prejudicar e não ferir seres humanos e animais. Com estes princípios a guiar suas palavras e ações, a diplomacia torna-se automática. Contudo, para muitos de nós a diplomacia não vem com tanta naturalidade. Se você está entre os "diplomaticamente prejudicados", eis aqui algumas diretrizes simples que talvez lhe sejam úteis.
Diretrizes para os diplomaticamente prejudicados
Não façais aos outros...  Você já sabe. Vamos admitir, esta é a regra de ouro e o núcleo da diplomacia. Se você quer que seu irmão respeite suas convicções mais profundas a respeito de questões animais, terá de respeitar convicções mais profundas dele sobre religião, política ou o que quer que o apaixone. (Isso não significa que vocês tenham de concordar!)
Não julgue.  Julgar implica aprovar ou desaprovar convicções, afirmações etc. de alguém. Em geral assume a forma de crítica, xingamento, rotulagem ou análise. Quando você faz isso, sabota a comunicação e, em geral, acaba tornando a outra pessoa defensiva ou ressentida. Os julgamentos geralmente envolvem frases com "você", tais como: "Você tem a mente tão fechada." Em vez disso use frases com "eu", como "Sinto-me ignorado quando você deixa de prestar atenção em mim toda vez que falo sobre alimentos animais." Frases afirmativas com  "eu" ajudam a transformar expressões muito negativas em demonstrações honestas de seus sentimentos e sensações.
Evite a mentalidade "Sou bom, você é mau".  Quando você classifica as pessoas em "boas e más" ou "santos e pecadores", sabota todas as oportunidades de comunicação eficaz. Moralizar raramente resulta em outra coisa senão resistência. A maioria das pessoas deseja, sinceramente, fazer a coisa certa, mas nem sempre isso é fácil, dadas suas circunstâncias atuais. Sempre dê às pessoas o benefício da dúvida, e aprecie o bem que fazem.
Ouça com o coração.  Muita gente pode escutar, poucas ouvem de verdade. Ouvir envolve mais que o processo fisiológico sensorial que envia mensagens auditivas ao cérebro. Exige um passo adiante rumo ao coração, onde ocorre o envolvimento psicológico com a outra pessoa. Ouvir com eficácia envolve refletir de volta os pensamentos e sensações da pessoa com quem você fala, mas também significa estar atento, ter contato visual apropriado, ter noção de sua linguagem corporal e não questionar tudo o que é dito. Ouvir com o coração lança as bases da confiança e do respeito entre duas pessoas.
Seja determinado.  Determinação é proteger seu espaço pessoal e seus compromissos éticos e sociais de uma forma que não seja destrutiva para você ou para outras pessoas. Ela lhe permite viver sua própria vida, defender-se e atender a suas necessidades, respeitando, ao mesmo tempo, os que o circundam. Ser determinado é bem diferente de ser submisso, atitude que indica que você na verdade não importa e que seus sentimentos não têm significado. As pessoas submissas podem exprimir-se, mas fazem-no como se pedissem desculpas e, como resultado, raramente são levadas a sério. Em contraste, os indivíduos agressivos exprimem seus sentimentos às custas dos outros. Freqüentemente são considerados controladores, rudes, dominadores, violentos ou ofensivos.  A agressão só serve para alienar as pessoas. Ela cria medo, hostilidade e raiva, e não encoraja as pessoas a levarem em conta seu ponto de vista.
Seja genuíno.  Ser genuíno significa ser autêntico; é exatamente o contrário de ser falso. A genuinidade significa ter consciência de seus próprios sentimentos, aceitar esses sentimentos e compartilhá-los de forma responsável. Quando você é genuíno, permite que as pessoas se liguem a você num terreno sem arestas. Você remove a ameaça e o medo de sua interação.
Cultive a empatia.  A empatia é importantíssima para compreender verdadeiramente outra pessoa. Ela lhe permite pôr-se no lugar do outro ou ver por meio de seus olhos, sem perder o senso de si mesmo. A empatia exige sensibilidade. Ela faz com que as pessoas sintam-se aceitas e compreendidas. Promove mudanças construtivas. Quando alguém age ou pensa diferente de você, pode haver a tentação de distanciar-se; no entanto, é a conexão que encoraja a mudança. Empatia é diferente de simpatia; esta última coloca o receptor numa posição inferior.
Comemore todos os pequenos passos na direção certa. 
Todos nós estamos em posições muito diferentes na vida. Para alguns, a idéia de abandonar totalmente os sorvetes parece insuportável. Para outros, evitar a quantidade mais minúscula de subprodutos animais no pão ou no xampu é como uma segunda natureza. Se queremos encorajar uma mudança maciça da tendência dominante rumo às dietas baseadas em vegetais, temos de encorajar cada passinho das pessoas na direção certa. Em vez e nos concentrarmos em sua incapacidade de recusar as panquecas de morango da tia Edite, precisamos comemorar seu sucesso ao trocar o leite de vaca por leite de soja. Quando alguém lhe diz que quase não come mais carne (mesmo que você saiba que essa pessoa vai ao McDonald's duas vezes por semana), reconheça que ela está tentando conectar-se a você. Agarre a oportunidade para compartilhar com ela alguma história edificante, ou ofereça-se para emprestar-lhe um livro. Construir pontes funciona muito melhor do que queimá-las quando seu objetivo é ajudar as pessoas a cruzarem o rio para o seu lado. 
Transforme seu exemplo em seu aliado mais poderoso.
De todas as ferramentas à sua disposição, nenhuma é tão poderosa quanto seu exemplo. É difícil alguém defender que a dieta vegan é perigosa quando você é a única pessoa do escritório que não tem um problema grave de saúde, tal como pressão alta, colesterol alto ou diabete. Os mitos sobre os problemas os vegans para obter proteína vão evaporar se você for a pessoa com melhor preparo físico de seu círculo de amigos ou de colegas de negócios. Em vez de tentar convencer alguém de que os alimentos vegans são deliciosos, convide-o para jantar ou traga algo especial para a festa da empresa. É espantoso o que se pode conseguir sem dizer quase nada.
Explique as coisas com respeito.
Dizer às pessoas que você não come nem usa produtos animais pode ser uma tarefa atemorizante. A comida é o ponto central na maioria das comemorações e tradições. Compartilhar uma refeição é uma forma importante de ligar-se aos outros. Os membros da família podem temer que você esteja rejeitando ou condenando os valores com os quais foi criado. Seus amigos podem sentir-se pouco à vontade porque não sabem mais como relacionar-se com você. Sua opção alimentar pode provocar uma série de sentimentos, incluindo culpa, tristeza e raiva. Mas com o tempo sua revelação pode levar a uma nova intimidade e um compartilhamento mais profundo do que nunca. A chave do resultado positivo é o respeito. Ainda que seu mundo seja quase totalmente não vegan, está povoado de gente que tenta, a seu próprio jeito, fazer do mundo um lugar melhor. Se você quer partilhar com os outros suas descobertas, vai ajudar se você também reservar tempo e espaço para as respostas deles e para a expressão de seus valores mais profundos. Essas sugestões podem ajudar.

  • Escolha uma hora em que ambos estejam relaxados e de bom humor, em vez do momento em que acabaram de discordar ou estão cansados. 
  • Se a comunicação verbal for difícil, escreva uma carta bem meditada. 
  • Compartilhe o que se relaciona ao seu compromisso e como ele afeta sua vida. 
  • Torne mais fácil as refeições em comum: leve sua própria comida, ou preparem juntos refeições vegans. 
  • Informe aos outros o que você come e o que você não come. Uma lista, verbal ou escrita, pode incluir: Como cereais, legumes, frutas, feijões, tofu, substitutos vegans da carne, nozes, castanhas e sementes. Não como carne bovina, aves, peixe, laticínios, ovos, gelatina e mel. 
  • Mudanças no coração e na alma raramente acontecem do dia para a noite, mas acontecem. Exprima sua satisfação com a consideração demonstrada pela outra pessoa a seu respeito. 

SITUAÇÕES ENROLADAS
Não há dúvida que você vai se ver em situações que são um pouco mais que desconfortáveis. Sua reação vai depender, pelo menos em parte, do ponto em que você está no caminho para tornar-se vegan. Com o tempo, você vai se transformar num especialista em vários tipos de situação. De início você pode apenas evitar tudo o que seja claramente derivado de animais, como o queijo do macarrão ou os ovos da salada. Mais tarde, você pode dar mais atenção aos rótulos dos alimentos, e eliminar também subprodutos animais, como a caseína do queijo de soja. Você pode optar por só comer alimentos vegans em casa, mas não ser tão cuidadoso quando jantar fora. Finalmente, você pode decidir que prefere passar fome a comer qualquer coisa que tenha o menor traço de produto animal. As seguintes situações são familiares a quase todos nós, de um jeito ou de outro. As opções sugeridas não pretendem ser respostas certas ou erradas, mas sim escolhas que podem ser adaptadas à sua situação.
Os ingredientes animais ocultos ou nem tanto 
Sua tia convidou-o para almoçar na casa dela. Ela lhe garante que toda a comida será vegan e serve uma deliciosa sopa de legumes e pão feito em casa. Você come com prazer o seu almoço e está na última colherada de sopa quando percebe um pedaço de galinha no fundo do prato. Quando você lhe pergunta o que é isso ela diz: "Espero que não se importe, achei melhor jogar na sopa um ossinho de galinha. Não é carne de verdade, é só um ossinho." Você...
a) diz a ela que não se preocupe, e passa a evitar todas as atividades com esta tia que sejam ligadas a comida; 
b) grita com ela para que nunca mais cometa este erro; 
c) diz a ela que vegans não comem nenhum resíduo de carne e dá a ela algum bom material para leitura. 
RESULTADO PROVÁVEL:
a) Dizer a ela que não se preocupe: Ela continuará sem entender o que é esse troço de ser vegan e/ou a acreditar que é apenas mais uma dieta da moda. Você tem de avaliar a situação segundo a personalidade da pessoa com quem está lidando. Se acredita que não adianta o que você faça ou diga porque nada mudará a forma com que ela vê as coisas, então esta opção é razoável.
b) Gritar com ela: Ela vai pensar que você é um ingrato e vai riscar você do seu testamento. Xingar só serve para afastar sua tia, colocá-la na defesa o tempo todo e pode até causar divisão na família.
c) Explicar o que é vegan: Ela compreenderá um pouco melhor o que é ser vegan e apreciará sua dedicação à causa. Pode até sentir-se inspirada a mudar para uma dieta baseada em mais vegetais depois de ler textos adequados.
Ser determinado mas respeitoso é sua melhor escolha neste tipo de situação. Para evitar perder completamente a parada, faça consigo mesmo um rápido exercício de empatia. Por que acha que sua tia usou um osso de galinha na sopa que ela chamou de "vegan"? Acha que foi um ato de maldade ou só ignorância da parte dela? Suponha que suas intenções tenham sido as melhores possíveis. Ela queria mesmo almoçar com você. Por que pôs o osso na sopa? Provavelmente porque temia que, caso não usasse o osso, a sopa não ficasse suficientemente gostosa para seu convidado. Você só precisa explicar-lhe que toda carne, inclusive subprodutos da carne, são inaceitáveis para você, e dizer-lhe por quê. Faça isso com jeitinho. Ofereça-se para lhe emprestar um vídeo ou um livro, para que ela compreenda melhor a sua opção.  
Feliz aniversário!
Há duas semanas, quando começou no novo emprego, você decidiu que evitaria divulgar imediatamente seu programa de defesa dos animais (mas esperaria cerca de um mês, até que gostassem de você). Você nunca suspeitou que seu chefe iria procurar o dia do seu aniversário na sua ficha de inscrição. Naquele dia especial, todos no escritório o surpreendem com um enorme e lindo bolo com seu nome escrito. Seus colegas acendem as velas e começam a cantar "Parabéns pra você". Você...
a) come o bolo e não diz nada; 
b) diz a eles que está com dor de barriga e pede para levar um pedaço do bolo para casa; 
c) conta a eles que está muito feliz com a lembrança, mas que é vegan. 
RESULTADO PROVÁVEL:
a) Comer o bolo: Depois virá o sorvete, e aí o frango assado. Já entendeu, né? Você pode escolher esta opção caso não se incomode de comer um tiquinho de ovos e laticínios de vez em quando. Contudo, se quer evitar os produtos animais comer o bolo será um tiro pela culatra. Ao não revelar aos colegas que você não quer comer esses alimentos, dirá que sua escolha não tem importância. Estará sendo submisso e não determinado, e isso vai sabotar sua integridade e o respeito dos colegas por você.
b) Dor de barriga: Você vai comprometer a confiança e o respeito que os colegas sentem por você. Ser desonesto a respeito de suas crenças éticas sugere que você tem vergonha delas, sente-se embaraçado ou não está certo delas. A honestidade é importante para conquistar o respeito, parte essencial das conexões com outras pessoas.
c) Você é vegan: Seus colegas podem surpreender-se, mas vão gostar que tenha sido honesto com eles desde o princípio. Se você está realmente resolvido a ser vegan, esta é sua única opção. A maneira de dar a notícia é importante. Em primeiro lugar, agradeça o presente e a amizade de seus colegas. Admita que errou ao não lhes dizer nada antes, talvez rindo ou brincando. Não vão sentir-se rejeitados quando sentirem seu entusiasmo genuíno e quando você desviar a atenção do bolo para o círculo de pessoas à sua volta.
Jantar de Ação de Graças 
Na sua família, o jantar de Ação de Graças é um grande acontecimento. No passado, sempre envolvia um peru de 9 quilos, acompanhamentos, molho de cranberry, purê de batatas, caçarola de batatas-doces, molho de carne, couve de Bruxelas, cenouras caramelizadas, salada Waldorf, picles feitos pela mamãe, torta de abóbora e creme batido. Só dois itens sempre foram vegans: os picles e o molho de cranberries! Até a couve de Bruxelas é regada com manteiga. Ficou desconfortável para você participar da refeição. Vários amigos vegans se reúnem para celebrar a vida com uma abóbora recheada ou com um "peru" de tofu; este ano você preferiria passar com eles o dia de Ação de Graças. Você...
a) vai ao jantar da família porque sabe que seus pais ficarão zangadíssimos se você não aparecer. Leva sua marmitinha e pede à mamãe para deixar de lado umas batatas e couves de Bruxelas antes de colocar o leite e a manteiga; 
b) vai ao jantar da família, mas leva um prato principal (abóbora recheada ou "peru" de tofu), molho vegetariano e salada; 
c) diz à família que não se sente bem participando de refeições com carne como prato principal, mas que gostará de participar de atividades sem comida; 
d) diga que vai participar do jantar de Ação de Graças dos amigos, mas que adoraria fazer uma visitinha. 
RESULTADO PROVÁVEL:
a) Ir e levar marmita: Você vai se sentir mal, a família vai perceber seu mal-estar e todos ficarão pouco à vontade. As refeições familiares estão entre as situações mais difíceis de enfrentar, seja Ação de Graças, Páscoa, Natal, Hanukah, aniversário ou bodas de alguém ou outras reuniões de família. É compreensível que você queira participar desses eventos e ao mesmo tempo honrar seus direitos e valores. Pense em coisas que o deixarão mais à vontade. Isso ajudará sua família a respeitar seus compromissos éticos.
b) Ir de qualquer jeito, mas levando deliciosa comida vegan: Isso pode lhe dar a sensação da comemoração e impressionar seus parentes com o sabor delicioso da sua comida. Será um bom meio-termo caso você se disponha a participar de uma refeição na qual se serve carne.  (Caso contrário, esta não é uma opção viável.) Ao dar uma boa contribuição, você não se sentirá isolado e carente. Sua família conhecerá a maravilhosa comida vegan, pode acrescentá-la a futuras festas ou mesmo, com o tempo, vir a preferir pratos vegans. Esta opção mantém as portas abertas e pode atingir sua família de um jeito que você nunca sonhou.  
c) Ninguém mais come com você: Isso pode causar algumas dificuldades no relacionamento familiar e ser considerado uma rejeição pessoal. Para alguns vegans, é a única opção com a qual conseguem conviver. Você conhece sua família suficientemente bem para adivinhar como é que vão reagir. De início pode parecer  que, para comemorarem juntos, você terá de ficar perto da carne. No entanto, podem surgir soluções: comida judaica vegan durante o Hanukah, comida chinesa vegan na véspera de Natal ou no Ano Novo ou um lanche de Páscoa com waffles vegans, molhos de frutas frescas e um passeio depois. Há muitas formas de mostrar à família como ela é importante para você.
d) Jantar com amigos este ano. Você vai sentir-se menos estressado e sua família também ficará bem. Isso depende tanto da maneira como você diz as coisas quanto daquilo que você diz. Ao contar à família os seus planos, seja positivo e genuíno. Compartilhe seu entusiasmo com esta comemoração vegan. Fale-lhes do cardápio e de sua contribuição. Às vezes, parentes mais velhos podem ser incluídos nesta refeição ou numa futura ida a um restaurante vegetariano. Eles podem ficar muito contentes de encontrar seus amigos.
Transição difícil para uma dieta vegan 
Há dois meses, do dia para a noite, você se tornou praticamente vegan depois de comparecer a uma palestra sobre a ética da alimentação. Antes disso, Sarah, sua filha de nove anos, foi criada como qualquer outra criança não vegetariana. Seus alimentos favoritos são sundaes, McNuggets, batatas fritas, pizza de presunto com abacaxi e refrigerante sabor laranja. Sarah entende por que você quer ser vegan, mas não ficou muito satisfeita com a comida. Ela não gosta do leite de soja que você compra, por isso come seus flocos de milho puros. E não gosta do tofu que você põe no molho do espaguete, por isso come o espaguete puro também. Você está preocupado porque, embora a saúde tenha sido parte da razão que o levou a tornar-se vegan, a dieta de Sarah está pior do que antes. Pelo menos, quando havia leite e carne na geladeira Sarah ingeria cálcio e proteína. Ela vem pedindo a você que compre queijo e leite para ela comer com seus flocos de milho. Você...
a) Concorda em comprar leite e queijo sem renina para ela; 
b) Diz que ela pode comer o que gosta quando sair, mas que a comida em casa é estritamente vegan;  
c) recusa-se a permitir que ela coma qualquer tipo de alimento de origem animal. 
RESULTADO PROVÁVEL
a) Comprar leite e queijo: Sarah está mais satisfeita; mas você não está nada contente de comprar e ter em casa alimentos que não são vegans. É difícil para qualquer um fazer uma mudança súbita, e ainda mais difícil quando a escolha não é da pessoa. Permitir a Sarah ajustar-se seguindo seu próprio ritmo vai ajudá-la a sentir-se menos ressentida. Há uma boa possibilidade de que, daqui a algum tempo, Sarah abandone esses alimentos. Embora seus sentimentos estejam confusos, é importante que Sarah tenha o controle de suas opções alimentares.
b) Vegan em casa: Sarah pode querer comer fora mais vezes; no entanto, você pode contrabalançar isso incorporando pratos vegans novos e gostosos em sua dieta cotidiana. Isso dá a Sarah algum controle sobre suas opções e ela vai apreciar que você respeite seus direitos. Para tornar mais fácil a transição:
  • Faça versões vegan de seus pratos prediletos. Em vez de flocos de milho, compre pãezinhos, manteiga de amendoim ou nozes e geléias de frutas; em algumas manhãs faça panquecas vegan, tofu mexido, bacon vegetariano, bolinhos recheados de frutas, salada de frutas ou Quick Shakes (página 240). Use peru vegetariano, carne de soja à bolonhesa ou presunto de soja nos sanduíches.  Para o lanche da escola mande nozes, frutas secas, pudim ou iogurte de leite de soja. "Veganize" seus pratos prediletos usando carne de soja em vez de tofu no molho do espaguete e nas tortas de carne. Experimente os hambúrgueres vegetarianos (conhecemos mais de 30 tipos diferentes), salsichas vegetarianos e pãezinhos frescos. Faça batatas fritas de forno e legumes frescos com molho como acompanhamento. Compre tofu marinado e asse-o no forno até ficar crocante. 
  •  Encoraje Sarah a se tornar sua ajudante na cozinha. Isso vai ajudar a aumentar seu interesse e seu prazer com a comida. 
  • Não exagere ao eliminar os alimentos divertidos. Já é duro o bastante ser quase vegan no meio de amigos que adoram cheeseburger; ajude-a a descobrir opções vegans nos shoppings: batatas fritas, pasta de grão de bico, panquecas de verdura. 

c) Vegan sem opção - Sarah vai sentir-se muito ressentida com seu novo estilo de vida e talvez se revolte contra ele. Você já sabe como é. Grandes ou pequenas, as pessoas não gostam de ser controladas. Proibir seus alimentos prediletos pode torná-los mais atraentes. Provavelmente será melhor chegar a um acordo com o qual vocês dois possam conviver. Certamente você encontrará muitas variações desses desafios. Com a experiência, sua habilidade de reagir vai aumentar. Por sorte, o mundo está se tornando mais amigável para os vegans, oferecendo uma miríade de recursos descritos nas páginas 270 a 273.
Idéias finais 
Quando suas escolhas cotidianas são feitas com reverência pela vida e respeito pela ligação entre todas as coisas, este mundo torna-se um lugar melhor. É simples assim.


Tradução: Beatriz Medina  
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