Mostrando postagens com marcador Medicina. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Medicina. Mostrar todas as postagens

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Por que escolhi não ser médico?

Há pouco mais de um ano, tomei a decisão que influenciará fortemente todo o resto de minha vida: decidi não ser médico.

Em 2010, ingressei no curso de Medicina na Universidade Federal de Santa Catarina após duas tentativas pelo concurso vestibular. Anos se passaram, fui a um intercâmbio nos Estados Unidos que abriu minha mente às possibilidades e me deu força e coragem para agir e mudar meu rumo. Optei por não ser médico, por trocar de curso e dar uma nova direção à minha vida profissional. Há algumas semanas, já em 2016 - ironicamente seria o ano em que me formaria, caso não tivesse atrasado o curso -, concretizei os planos: solicitei cancelamento de matrícula na UFSC e fui aprovado em primeiro lugar no concurso vestibular Fuvest para Saúde Pública na USP e em primeiro lugar no concurso SISU/ENEM para Saúde Coletiva na UFRGS.

E aqui estou, parando brevemente antes de prosseguir para refletir e compartilhar as experiências e aprendizados acumulados. Pelos próximos dias, farei uma série de postagens no meu blog elencando o porquê de eu ter escolhido não ser médico e, consequentemente, de ter mudado completamente meu rumo profissional.

Para mim, servirá de registro para sempre me lembrar das motivações, das experiências e dos sentimentos que permearam e que me conduziram a este novo caminho. Para outrem,, acredito que pode ter inúmeras funções. Caberá ao leitor definir qual mais lhe cabe: se é motivar para também trocar de curso, se é para motivar a perseguir os próprios sonhos, se é para questionar a Medicina ocidental atual, enfim, várias possibilidades se abrirão neste percurso. Fica o convite para refletir comigo. E ficam abertas as portas para as trocas.


segunda-feira, 10 de março de 2014

Dois caminhos para garantir velhice digna (Léa Maria Aarão Reis)

140131-elderly

Num país em que se vive mais, surgem alternativas opostas: garantir cuidados públicos de qualidade ou apostar na indústria de medicamentos

Por Léa Maria Aarão Reis* na Carta Maior

“Dizer ‘coma de forma saudável’ em um país subdesenvolvido soa como uma piada. Significa comer frutas quatro vezes por dia, folhas, alimentos orgânicos, sem agrotóxicos. É um discurso que se deve fazer, sim, para alertar as pessoas, mas a prática é difícil. De qualquer modo, o Brasil está comendo melhor, as pessoas fazem mais exercícios e isso é parte da prevenção secundária de doenças.”

A observação é do médico Ernani Saltz, chefe do Serviço de Oncologia do Hospital Federal Cardoso Fontes do Ministério da Saúde, no Rio de Janeiro. Ele atende a um grande número de mulheres e homens idosos por força da sua especialização, que trata do câncer, hoje considerado uma moléstia “crônico-degenerativa” por conta da longevidade esticada, como ele lembra.

Saltz coordenou a Campanha Nacional de Combate ao Câncer incluída na Campanha Nacional de Combate ao Fumo e comenta também: “A vida saudável é cara; há sempre um medicamento para vender ao idoso e um laboratório oferecendo remédio para tudo. O idoso acaba hipermedicado. Ora, não existe experiência médica sobre uma pessoa que toma seis, sete remédios ao mesmo tempo; ela ainda não foi realizada e não se sabe qual o resultado da interação desses diversos medicamentos no organismo.” Ele ressalta: “A indústria farmacêutica está vendendo a ideia de que, para cada transtorno, inclusive para a infelicidade, temos um remédio. Às vezes, as pessoas estão tristes por causa de um fato muito concreto, mas a sociedade não aceita.”

Na virada do século 19 para o 20, ele lembra, a expectativa de vida no Brasil era de 35 anos. As pessoas morriam de infecções e de acidentes. Hoje, no sul e no sudeste do país essa expectativa é igual à da Bélgica. “O país passou da fase da mortalidade infantil para a da doença crônico-degenerativa.”

As linhas entre meia idade, juventude, envelhecimento e velhice começam a se apagar. Muita gente madura atua com energia e vitalidade e vive conforme suas expectativas. Já as novas gerações dão mais atenção à saúde preventiva – o que não ocorria antes. Para garantir um futuro confortável para os novos velhos de agora é importante promover campanhas e ações educativas para desconstrução de estereótipos, para a valorizar e estimular a participação deles na sociedade. Vale lembrar que, segundo relatório recente do Banco Mundial do fim de 2013, a produtividade nos mercados de trabalho pode aumentar em até 25% com a inclusão dos idosos no processo.

Da parte da sociedade é preciso reivindicar e estimular a criação de centros de convivência para os mais velhos e o aprofundamento das políticas públicas de saúde existentes, embora elas tenham dado um passo adiante no Brasil, de onze anos para cá, com as diversas ações inclusivas do governo. Também é necessário resistir à indústria da doença, que despreza a preservação da saúde e cuja clientela preferencial é composta pelos idosos, mais vulneráveis à dependência da figura do médico onipotente e às drogas químicas.

O programa Farmácia Popular que distribui medicamentos de uso contínuo aos idosos é um exemplo. Outro, a inclusão obrigatória nos planos de saúde privada de determinados tratamentos necessários à grande maioria dos mais velhos – fisioterapia em geral, fisioterapia cardíaca, RPG.

Mas é necessário mais: apoiar, por exemplo, a prática dos chamados cuidados de longa duração. O estado tem obrigação, segundo a Organização Mundial de Saúde, de fornecê-los, assim como apoio social para as pessoas com alguma limitação severa. Considerado pela OMS como direito humano fundamental, esta prática tem sido formalizada em acordos internacionais. A responsabilidade dos cuidados de longa duração, serviço que já faz parte do sistema de seguridade social em países desenvolvidos, deve ser “compartilhada entre estado, família e mercado privado”, assinala a demógrafa Ana Amélia Camarano no volume ”Cuidados de longa duração para a população idosa / um novo risco social a ser assumido?” (Ipea/2010.)

O estado deve aumentar os investimentos no desenvolvimento de programas domiciliares e comunitários eficazes, de custos mais baixos, para atender à população necessitada, é o que registra Camarano. “Qualidade de vida desperta anseio por mais qualidade de vida, por mais e melhores serviços”, acaba de lembrar a presidenta Dilma Roussef em seu discurso em Davos.

Outro aspecto de saúde pública relacionado aos idosos é apontado pelo neurologista e psiquiatra Marco Aurelio Negreiros, com vasta clientela de indivíduos de mais idade, no Rio de Janeiro. Ele chama a atenção para o fato de, às vezes, ser o próprio paciente idoso quem busca as tais “soluções mágicas” através de pílulas. O próprio paciente reforça a cultura da indústria médica da hipermedicalização.

“As substâncias que causam dependência e contidas em tranquilizantes, benzodiazepínicos e medicamentos com tarja preta, quando receitados de forma exagerada – para dizer o mínimo – são muito usadas pelos idosos. Proporcionam conforto químico, mas tornam o idoso dependente. Acalmam e aplacam a ansiedade, mas não tratam o distúrbio. Geram depressão e distúrbios da memória,” ele diz. O uso excessivo de benzodiazepínicos, típico da cultura brasileira, no entender de Negreiros, é caso de saúde pública. Eles não são mais tão usados na Europa nem nos Estados Unidos, onde o assunto vem sendo discutido cada vez mais amiúde apesar do lobby agressivo da indústria farmacêutica.

Os benzodiazepínicos têm efeitos prejudiciais cognitivos que ocorrem com frequência nos idosos e também podem piorar um quadro de demência. Em 2012, um estudo concluiu que a utilização de benzodiazepínicos por pessoas com 65 anos ou mais está associada ao aumento de aproximadamente 50% no risco de demência.

O psiquiatra americano Peter Breggin, da Universidade de Ithaca, estado de Nova Iorque, reforça: ”Atualmente, as pessoas usam estas drogas para a ansiedade, para a obesidade, para a menopausa, para tudo. Elas são as mais complicadas na hora de abandoná-las. É mais difícil deixá-las do que a sair do vício do álcool ou de opiáceos.”

No Brasil, segundo Negreiros, há até pessoas físicas vendendo essa medicação. “Certa vez, um paciente me contou,” diz ele, “que comprava benzodiazepínicos sem receita médica com alguém que os vendia em seu apartamento. Como se fosse uma boca de fumo de benzodiazepínicos.”

“A opinião corrente, infelizmente,” diz por sua vez Ernani Saltz, “é a de que os remédios e os exames são mágicos. Na medicina, o exame mais sofisticado é hoje relegado ao segundo plano: o exame físico. Poucos médicos examinam de fato o paciente. As pessoas se referem a esta prática como a dos ‘médicos de antigamente’ e isso é terrível.”

“Temos que examinar e apalpar os pacientes; mas a prática caiu em desuso. Há uma fantasia corrente de que os exames radiológicos e de laboratório vão resolver tudo – e não resolvem. Há uma falsa segurança das pessoas ao se submeter a eles. Ouvir e examinar, apalpar os pacientes e, eventualmente, encontrar alguma lesão precoce, apenas a mão experiente do médico e o seu conhecimento são capazes de descobrir.”

Houve um movimento de alegada falta de equipamentos médicos em cidades do interior do país, por parte de alguns profissionais da saúde, ano passado, quando se iniciou o programa Mais Médico que se inclui com destaque nas ações públicas da saúde favorecendo também os novos velhos brasileiros: seis mil e 600 profissionais atuando em mais de duas mil cidades do país e beneficiando 23 milhões de indivíduos. Em março próximo, 13 mil médicos atenderão a 45 milhões de pessoas – crianças, moços e idosos. São os dados apresentados pela presidenta Dilma Rousseff no seu discurso de fim de ano.

Se por um lado há situações em que há falta de equipamentos – como mamógrafos, por exemplo – por outro, em alguns locais distantes de centros urbanos, não existem técnicos nem médicos capacitados para operar as máquinas com eficiência e analisar com precisão os exames.

Os estrangeiros e os brasileiros contratados para o Mais Médicos são orientados para trabalharem na saúde da família e na medicina geral. É o que ocorre em Cuba, por exemplo, onde os estudantes se formam apesar da carência de recursos materiais. O oposto de alguns jovens médicos – nem todos eles, é claro – formados nas universidades brasileiras os quais, em seguida, com a prática vigente, acabam sendo parceiros da indústria farmacêutica no mercantilismo da saúde (principalmente da saúde dos idosos e das crianças) e no desinteresse pelo paciente.

Nos recentes resultados do exame de suficiência aplicado pelo Conselho de Medicina de São Paulo quase 60% dos formandos foram reprovados. Segundo o próprio Cremesp a deficiência se deu na “solução de eventos frequentes no cotidiano da prática médica.” Muitos desses jovens médicos demonstraram não conhecer o diagnóstico ou tratamento adequados para situações comuns e problemas de saúde tais como pneumonia, tuberculose, hipertensão e atendimento de urgência – vários deles, distúrbios que atingem com frequência os mais velhos.

E 67% dos formandos não souberam afirmar que o grau de redução da pressão arterial é o principal fator determinante na diminuição do risco cardiovascular em paciente hipertenso – geralmente pacientes mais idosos.

Atualmente, há uma procura maior por parte dos estudantes de Medicina, no país, pela especialidade da Geriatria. “Investir” no idoso, adotando expressão mercantil própria do sistema neoliberal, se torna “bom negócio”. Que seja assim desde que o negócio beneficie ricos e pobres em atendimento adequado e digno. Todos os indivíduos, ricos e pobres, desejam envelhecer ativos, com saúde e reivindicam qualidade de vida.

Como anota Saul Leblon nesta página, “a desigualdade continua obscena, mas as placas tectônicas se movem.” Isto se aplica à velhice dourada dos bairros elegantes e dos condomínios de luxo aos idosos das favelas e das comunidades dos conjuntos populares. Aos velhos pacientes do SUS e aos dos planos privados de saúde.

A professora de Psicologia Social da PUC-RJ, Teresa Creuza Negreiros, costuma descrever a nossa época como o mundo do “aperta botão e passa cartão”. Um mundo que pode ser vivido pelo idoso com maior dificuldade, como ela diz, o que não significa que a maioria deles se furte a ele: “O velho não é mais o estorvo que era no passado; não é um cidadão de segunda classe e não deseja se ver excluído.”

*Autora do livro Novos velhos – viver e envelhecer bem (Ed. Record)

(Disponível em: http://outraspalavras.net/outrasmidias/destaque-outras-midias/dois-caminhos-para-garantir-velhice-digna/)

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Check-ups: mais mal do que bem? (Cláudia Collucci)

Início do ano, época em que muitos se dedicam a fazer check-ups, conjunto de exames considerado capaz de descobrir cedo as doenças, aumentando as chances de cura.

Não é bem assim. Cada vez mais surgem evidências de que os check-ups que se limitam a seguir apenas uma lista de exames preestabelecidos não trazem benefício algum.
Existe uma ideia equivocada (entre médicos e entre pacientes) de que só uma longa lista de exames é capaz de prevenir doenças.

Um levantamento feito em 2012 pela Cochrane, organização internacional especializada em revisar estudos da área médica, concluiu que os check-ups não reduzem a mortalidade de modo geral nem a mortalidade por doenças cardiovasculares e câncer, por exemplo.

Não é que os exames preventivos sejam totalmente inúteis. A questão é que eles precisam ser focados, levando em conta características individuais do paciente, como idade, hábitos e históricos clínico familiar.

Quando mal indicados, esses exames causam mais malefícios do que benefícios. Levam a mais exames invasivos e tratamentos desnecessários.

Muitos médicos sabem disso, mas continuam pedindo aleatoriamente check-ups. E o que é pior: não informam aos seus pacientes sobre a controvérsia em torno deles.

O assunto começou a ser investigado no começo deste ano pela Comissão de Ciência e Tecnologia do parlamento inglês, que pretende estudar uma forma de tornar essas informações mais acessíveis aos pacientes.

A discussão teve início após decisão de renomados médicos britânicos de não pedir mais a mamografia, exame preventivo para o câncer de mama, a mulheres consideradas de baixo risco (sem histórico familiar, por exemplo).

O conceito que está por trás disso se chama "overdiagnosis", ou, em tradução livre, excesso de diagnósticos.

MAMA E PRÓSTATA

Check-ups ou mesmo programas de rastreio para o câncer da mama ou da próstata, por exemplo, pegam "doenças" que nunca iriam causar nenhum problema.

As mamografias encontram lesões de significado incerto, cânceres que não se comportam de forma agressiva.

Mas como ainda é difícil saber qual desses tumores vai se espalhar e causar a morte, muitas mulheres são orientadas a passar por tratamentos, que podem incluir a mastectomia e a radioterapia.

Esses tratamentos, porém, também podem fazer mal. A radioterapia, por exemplo, aumenta o risco de doenças do coração. A cirurgia na mama tem riscos anestésicos e de infecção.

São riscos que valem a pena correr se a doença fosse de fato uma ameaça à vida. E em casos de lesões potencialmente inofensivas? Vale realmente a pena?

Com o câncer de próstata ocorre o mesmo. Em 2012, uma força-tarefa do governo americano divulgou uma recomendação contra a realização do PSA (exame de sangue para detectar câncer de próstata) como teste de rotina.

Essa força-tarefa é formada por especialistas em prevenção que fazem recomendações quanto ao rastreamento de doenças em pessoas sem sintomas após extensa revisão de estudos publicados.

Exames de autópsia estimam que um terço dos homens com mais de 50 anos que morrem por outras causas (coração, por exemplo) tinham um câncer de próstata "adormecido", ou seja, que estava ali quietinho, sem fazer mal a ninguém. Já o tratamento pode causar danos sérios aos homens, entre eles impotência e incontinência urinária.

Segundo os pesquisadores, para homens saudáveis e sem sintomas, não saber o que está acontecendo na próstata pode ser o melhor caminho.

Informações como essas precisam chegar de forma clara e correta aos pacientes. Somente por meio delas é que eles terão condições de optar por realizar esses procedimentos ou não.

Esse é um debate mundial, mas aqui no Brasil ainda está restrito a poucos grupos, como os médicos de família e comunidade. Precisamos ampliá-lo. E fazer valer o mantra do paciente: "nenhuma decisão sobre mim, sem mim".

Cláudia Collucci é repórter especial da Folha, especializada na área da saúde. Mestre em história da ciência pela PUC-SP e pós graduanda em gestão de saúde pela FGV-SP, foi bolsista da University of Michigan (2010) e da Georgetown University (2011), onde pesquisou sobre conflitos de interesse e o impacto das novas tecnologias em saúde. É autora dos livros "Quero ser mãe" e "Por que a gravidez não vem?" e coautora de "Experimentos e Experimentações". Escreve às terças, no site.

(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/claudiacollucci/2014/01/1400479-check-ups-mais-mal-do-que-bem.shtml)

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Terra, inimiga da Saúde? (Daphne Miller)

140120-PésTerraB

Pesquisas de ponta revelam: ao contrário do que pensávamos, bactérias e outros micro-organismos presentes no solo são parte de nosso sistema imunológico. Agroecologia pode preservá-los

Por Daphne Miller | Tradução: Gabriela Leite

Nos últimos tempos, gosto de pensamentos sujos. Passo meus dias em numa sala esterilizada praticando medicina familiar, mas ainda assim minha mente está na terra. Isso porque estou descobrindo o quanto este meio rico e obscuro influencia na saúde de meus pacientes. Estou até começando a me perguntar sobre o quanto Hipócrates estava errado, ou pelo menos equivocado, quando proclamou: “Deixe o alimento ser tua medicina.” Não me entenda mal – a comida é muito importante para nossa saúde. Mas talvez seja o solo em que os alimentos crescem, ao invés deles próprios, o que nos oferece os verdadeiros remédios.

Há pouco, na literatura médica convencional, para apoiar estas afirmações. Procure os termos “solo” e “saúde” no banco de dados da PubMed e os resultados principais apresentarão o solo como uma substância de risco, cheia de leveduras patogênicas, bactérias resistentes a antibióticos, radônio, metais pesados e pesticidas. Mas passe reto por estes relatórios cruéis e irá descobrir uma pequena, mas crescente, coleção de pesquisas que pintam o solo com uma cor muito diferente. Estes estudos sugerem que a terra, ou pelo menos alguns tipos dela, pode ser benéfica à nossa saúde.

Os cientistas que estão investigando essa relação entre a saúde e a terra pertencem a um grupo muito variado — botânicos, agrônomos, ecologistas, geneticistas, imunologistas, microbiologistas – e coletivamente estão oferecendo razões para dar atenção aos lugares onde nossa comida é plantada.

topo-posts-margem
Solo vívido, comida boa

Por exemplo, utilizando a tecnologia do sequenciamento do DNA, agrônomos da Universidade do Estado de Washington descobriram recentemente que um solo com ampla abundância de diversidade de seres (especialmente bactérias, fungos e nematóides) tem probabilidades maiores de produzir alimentos densos de nutrientes. É claro que isso faz sentido quando se compreende que a cooperação entre bactérias, fungos e as raízes das plantas (coletivamente referidas como a rizosfera) é responsável por transferir carbono e nutrientes do solo para a planta — e, ao final, para nossos pratos.

Dado este fluxo de nutrientes dos micróbios do solo para nós, como podemos impulsionar e diversificar a vida no solo? Uma série de estudos mostra consistentemente que a agricultura ecológica produz biomassa microbial e diversidade muito maiores que os cultivos convencionais. A agroecologia compreende muitos sistemas (biodinâmica, regenerativa, permacultura, ciclo completo etc) que compartilham princípios fundamentais holísticos: proteger o solo superficial com coberturas e aração mínima, rotação de culturas, conservação da água, limitação do uso de químicos (sintéticos ou naturais), e reciclagem de todo o lixo orgânico e animal de volta para a terra. Muito desta pesquisa apoia o que os agricultores tradicionais pelo mundo sabem há muito tempo ser verdade: quanto mais ecologicamente plantamos, mais nutrientes colhemos.

Micróbios de combate à alergia

Enquanto os cientistas da terra ocupam-se documentando estas ligações entre o solo e a comida, imunologistas e alergistas na Europa estão trabalhando para descobrir outra conexão intrigante entre a terra e a saúde: o chamado “efeito fazenda”. Por que as crianças que crescem em propriedades que adotam a agroecologia, na Europa Central, têm muito menos incidência de alergia e asma que as que crescem em fazendas industrializadas? Novamente, quase tudo aponta para os micróbios — no estrume, no leite não pasteurizado, na poeira do estábulo, na comida que não é lavada e, sim, no solo. No estudo, pesquisadores estudaram colchões de crianças de fazenda e encontraram uma grande variedade de bactérias – a maioria das quais é tipicamente encontrada no solo.

Como os micróbios do solo e de fazendas protegem contra doenças alérgicas é ainda questão em debate, mas as pesquisas estão apontando cada vez mais para a nova ideia que, por falta de um termo melhor, vou chamar de “hipótese da mudança do microbioma”.

A explicação padrão para o “efeito fazenda” é a hipótese da higiene, que afirma que a exposição a uma variedade de micróbios no começo da vida (incluindo no útero) amortece a resposta alérgica de nosso sistema imunológico adaptativo.

O problema com esta teoria é que nosso sistema imunológico é surpreendentemente simplista e parece reagir similarmente tanto ao se encontrar com um conjunto diverso de micróbios em uma fazenda ecológica quanto com com uma porção relativamente homogênea de micróbios tipicamente encontrada em um apartamento ou numa fazenda convencional. Mas, e se nossas células imunológicas forem simplesmente uma proteção de retaguarda, para uma primeira linha de defesa mais sofisticada — nossos micróbios residentes?

E se um microbioma de solo saudável e diverso puder nutrir um bioma humano mais diverso e protetor? De fato, novas pesquisas sugerem que é o caso, e que uma troca microbial solo-intestino pode oferecer o real “efeito fazenda”.

Troca de genes no nível do intestino

É claro que isso é tudo muito novo — e para mim, como médica, um pouco desorientador. Na escola de medicina, aprendi que nossas bactérias internas pertencem a um clube restrito e que elas não têm nada a ver com micróbios em nosso ambiente externo. Patógenos como a salmonela e a e.coli devem ultrapassar esta barreira, como acontece quando sofremos intoxicação alimentar ou outras infecções, mas sua influência foi considerada transitória – embora ocasionalmente devastadora. Mas agora que podemos sequenciar o DNA de um microbioma inteiro, usando uma técnica chamada metagenômica, estamos começando a conectar os pontos e descobrindo que podem ocorrer trocas genéticas entre nosso microbioma e o mundo exterior – particularmente em lugares onde cresce nossa comida.

Entre os primeiros a documentar esta transferência de genes está um grupo de microbiologistas franceses. Eles identificaram a mesma sequência exata de DNA em duas espécies de bactérias Bacteroidete diferentes – uma vivendo em uma alga marinha e outra, nos intestinos de japoneses. Concluíram que a bactéria marinha pegou carona até o intestino humano via sushi e outros pratos com algas nori e passou seu DNA para os micróbios residentes do humano hospedeiro. O resultado final desta troca é que muitos japoneses – e possivelmente pessoas de outras culturas comedoras de algas – adquiriram maior habilidade que para extrair nutrientes valiosos de suas nori.

Justin Sonnenburg, um microbiólogo em Standford que estuda como o ambiente influencia em nosso microbioma, contou-me que as descobertas deste estudo de algas nori são, provavelmente, apenas a ponta do iceberg. Ele acredita que vamos continuar a descobrir novas formas de interação entre o solo, os oceanos e nosso microbioma – e seu enorme papel em nossa saúde.

Impressionado pela crescente evidência de que nossa saúde depende de nosso solo saudável, converti meus “pensamentos sujos” em ação. Agora, digo a meus pacientes que a comida que cresce em um solo bem tratado deve oferecer distintas vantagens, relacionadas a obter melhores nutrientes e construir um sistema imunológico saudável.

É claro que identificar essa comida pode ser complicado, já que a certificação de produtos orgânicos, apesar de ser certamente útil, nem sempre nos leva aos produtores mais saudáveis. Muitas propriedades certificadas como orgânicas são realmente ecológicas, mas algumas propriedades que produzem em larga escala, com este certificado, ainda aram profundamente e usam agrotóxicos aprovados – duas práticas que danificam o solo e seus micróbios. Ao mesmo tempo, há agricultores que não podem pagar por um certificado orgânico, embora estejam implementando as práticas da agroecologia, que produzem comprovadamente um solo rico e uma população microbial próspera. Como não existe nenhum selo de “solo saudável” ou “micróbios saudáveis” que possam nos levar a estas fazendas minha sugestão é perguntar uma questão simples:

“O agricultor vive em sua fazenda?”

Agricultores que vivem em sua terra e alimentam sua família com ela tendem a se importar com seu solo como se fosse mais um membro da família. Ir a feiras de produtores é um meio confiável de obter este tipo de produção, e alguns supermercados [nos EUA] também estão começando a apoiar os agricultores locais. Lembre-se: quando mais procurarmos estes produtos, mais eles irão fazê-lo.

Claro: outra opção é plantarmos nossa própria comida. Comer alimentos frescos de um solo saudável não é uma opção “tudo ou nada”. Usar todos os dias um punhado de ervas, de um canteiro de apartamento, pode ter um impacto positivo em nossa saúde. Sobre a comida plantada em casa, ou produzida localmente, sempre proponho a meus pacientes pensar duas vezes, antes de descascar. Afinal de contas, quem sabe que bactérias benéficas podem ser eliminadas? Por sinal, comer vegetais frescos fermentados é uma ótima maneira de adquirir uma mega-dose de bactérias do solo.

Eu também falo aos pacientes sobre algumas outras vantagens (não comestíveis) de se conectarem com agriculturas saudáveis. Por exemplo, apesar de os dados não serem conclusivos, é provável que passar um tempo em uma plantação local possa oferecer uma prevenção relativamente segura e de baixa tecnologia para as famílias com predisposição à alergia. “Tempo na terra” parece especialmente atrativo por prevenir a necessidade de antialérgicos ou doses de antiistaminicos. Pesquisas recentes dizem que o tempo que uma pessoa passa trabalhando na terra é um meio de construir relações de comunidade, melhorar a força e a condição física, diminuir a probabilidade de demência em idosos e melhorar o desempenho escolar dos adolescentes. Seria simplista enxergar a presença em fazendas saudáveis como panaceia para tudo que nos aflige, mas é uma parte importante de minha caixa de ferramentas médica.

Cuidando de nossa sujeira

Passei a ver meus pacientes como uma parte integrante de um ciclo de agroecologia, onde o fluxo de saúde é bidirecional. Nossas escolhas influenciam diretamente na saúde da agricultura – que, em retorno, produz impactos em nossa saúde. A compostagem é uma maneira de alimentar a agricultura local e, em consequência, nos fortificar. Encorajo os pacientes a proteger seu solo como protegem seus corpos. Embora muitos de nós estejamos cientes de que as químicas usadas no solo podem ser danosas para nossa saúde, raramente percebemos que produtos que usamos em nós mesmos e em nossas casas – como triclosanos, compostos orgânicos voláteis, parabenos, PBAs, PVCs e lixívia – podem afetar a saúde do solo e seus micróbios. (Por sinal, extratos de alecrim ou manjericão produzem excelentes antissépticos, vinagre é o melhor produto de limpeza, karité e manteiga de cacau são hidratantes perfeitos, e bicarbonato de sódio diluído é um shampoo excelente.

Sei há muito que antibióticos, esteroides e outras drogas bactericidas podem causar efeitos colaterais não intencionais em meus pacientes. Agora, entendo como estas drogas podem causar impacto na vida microbial sob nossos pés e, em última instância, em nossas próprias células.

Certamente, qualquer produto químico que diminua a diversidade microbial irá, em consequência, diminuir o valor nutricional de nossa comida. Mas existe outra preocupação: microbiologistas da Universidade de Washington em Saint Louis perceberam recentemente que as bactérias do solo, quando expostas a antibióticos e outros químicos, podem desenvolver genes resistentes a antibióticos que, assim como as enzimas digeridoras de algas nori, podem ser transferidas para nosso microbioma, converterndo bactérias a princípio benignas em “superbugs” nocivos e resistentes a medicamentos.

Pensar em um corpo saudável como extensão de uma agricultura saudável, e vice versa, é uma mudança de paradigma para muitos de nós. Mas quando consideramos que todas as nossas células crescem obtendo do solo e das plantas seus nutrientes, tudo faz sentido. Na verdade, não é tanto exagero dizer: nós somos terra.

(Disponível em: http://outraspalavras.net/destaques/terra-inimiga-da-saude/)

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Depression Linked to Low Zinc Levels in Blood (Fran Lowry)

People who are depressed have lower concentrations of zinc in their peripheral blood compared with nondepressed individuals, a meta-analysis suggests.

"The pathophysiological relationships between zinc status and depression, and the potential benefits of zinc supplementation in depressed patients, warrant further investigation," write Walter Swardfager, PhD, from the Sunnybrook Research Institute, University of Toronto, Canada, and colleagues.

Their findings were published in the December 15 issue of Biological Psychiatry.

Link to Zinc Deficiency

"A growing body of evidence demonstrates that experimental zinc deficiency can induce depressive-like behavior in animals, which can be effectively reversed by zinc supplementation," the authors write. Furthermore, preliminary clinical trials have suggested that zinc added to antidepressant therapy may produce more rapid or more effective improvement in depressive symptoms.

Many, although not all, studies that have measured zinc concentrations of peripheral blood in depressed and nondepressed individuals during the past several decades have suggested that depression might be associated with lower zinc concentrations in various population samples, the researchers note.

The aim of this meta-analysis was to determine whether the clinical evidence collectively supports lower zinc concentrations in depressed patients compared with nondepressed individuals.

The analysis included 17 studies that measured peripheral blood–zinc concentrations in 1643 depressed patients and 804 control participants. Ten of these studies reported on psychiatric inpatients, and 7 reported on community samples. Of the participants, 34.4% were male; the mean age was 37.7 years.

The researchers found that mean peripheral blood–zinc concentrations were lower by approximately 1.85 µmol/L in depressed individuals compared with control participants (95% confidence interval [CI], -2.51 to -1.19; P < .00001).

More severe depression was associated with greater differences in zinc levels between depressed and control participants (P = .026).

Further, the authors report that effect sizes were larger in studies of inpatients (weighted mean difference [WMD], -2.543; 95% CI, -3.522 to -1.564; P < .0001) vs community samples (WMD, -.943; 95% CI, -1.563 to -.323; P = .003) and in studies with higher methodologic quality (WMD, -2.354; 95% CI, -2.901 to -1.807; P < .0001).

Biologically Plausible

"Although association studies cannot determine the direction of causation, a causal association between zinc status and depression is biologically plausible," the authors write.

"Zinc has antioxidant properties, helps to maintain endocrine homeostasis and immune function, and plays multiple roles in regulating the hippocampal and cortical glutamatergic circuits that subserve affective regulation and cognitive function. Thus, changes in zinc homeostasis might compromise neuroplasticity and contribute to long-term neuropsychological and psychiatric decline," they write.

Zinc also plays an important role in immune function. Lower serum levels of zinc have been associated with disturbances in fatty acid metabolism and in serum lipid levels, which might affect brain function and vascular health. Lower zinc levels have also been associated cardiovascular disease, a common comorbidity of major depressive disorder (MDD), the authors note.

The investigators point out limitations of their study. The quality and risk of bias "were uneven among studies included in this meta-analysis," they write.

Not all studies reported demographic data "sufficiently to be included in investigations of heterogeneity, the use of antidepressants and other concomitant medications were not consistently reported, and data on diet and alcohol use were often not reported," the authors write.

Limitations notwithstanding, the authors conclude that their results suggest that depression is associated with reduced concentrations of zinc in peripheral blood.

"The findings suggest the need to further investigate potential roles of zinc in the pathophysiology of depression, the potential utility of zinc and related biomarkers in monitoring MDD and its clinical sequelae, and potential benefits of zinc supplementation in MDD patients," they conclude.

The study was supported by the Ontario Mental Health Foundation. Dr. Swardfager was supported by fellowships from the Heart and Stroke Foundation Center for Stroke Recovery and the Toronto Rehabilitation Institute. Dr. Swardfager and the other authors report no relevant financial relationships.

Biol Psychiatry. 2013;74:872-878. Abstract

(Disponível em: http://www.medscape.com/viewarticle/818622?nlid=43783_1842&src=wnl_edit_medp_wir&uac=179489CG&spon=17)

Mammography False Alarms: 'A Problem That Needs to Be Fixed' (Neil Osterweil)

The issue of potential harms from mammography has been aired again, this time in a New York Times op-ed piece declaring that the false alarms in breast cancer screening "are a problem that needs to be fixed."

The op-ed article was based (and broke the embargo by a few hours) on a commentary published online December 30 in JAMA Internal Medicine, which accompanied a small prospective study of a decision aid to help women to get a better handle on the benefits and risks.

That study involved women aged 75 years and older, who were given a decision aid pamphlet outlining the risks and benefits of breast cancer screening. They reported being better informed about the potential tradeoffs and appeared to feel less conflicted about their ultimate choices, report Mara A. Schonberg, MD, MPH, and colleagues from Beth Israel Deaconess Medical Center and Harvard Medical School in Boston, Massachusetts.

In the commentary, H. Gilbert Welch, MD, MPH, and Honor J. Passow, PhD, from the Geisel School of Medicine at Dartmouth University in Hanover, New Hampshire, estimate that of 1000 US women aged 50 years who are screened annually for a decade, 0.3 to 3.2 will be spared from dying of breast cancer, 490 to 670 will have at least 1 false-positive result, and 3 to 14 will be overdiagnosed and overtreated.

Discussing their findings in the op-ed pages of the New York Times, Dr. Welch says that a "screening program that falsely alarms about half the population is outrageous" and that "[w]hether you blame the doctors or the system or the malpractice lawyers, it's a problem that needs to be fixed."

Decisions, Decisions

Looking for at least a partial solution to the problem, Dr. Schonberg and colleagues offered their decision aid to 84 women, 45 of whom agreed to participate and completed the study. The women, with a median age of 79 and no history of breast cancer, were given a pamphlet describing breast cancer risk, life expectancy, competing mortality risks, and possible outcomes of screening. The pamphlet also contained a values-clarification exercise and asked participants about their intentions regarding screening after reading the material.

  Whether you blame the doctors or the system or the malpractice lawyers, it's a problem that needs to be fixed.
Dr. Gilbert Welch

The authors found that the decision aid helped to improve the participants' knowledge of the risks and benefits of mammography, as measured by an average of 1 more question answered correctly on a 10-question index.

In addition, among women with a life expectancy of 9 years or less, who would be least likely to benefit from screening, a significantly smaller proportion said they intended to have screening after reading the pamphlet compared with before.

"In contrast, we found no difference in screening intentions among women with more than a 9-year life expectancy," the investigators write.

There were no significant declines from pre- to post-test in decisional conflict or the number of women who said they preferred to take an active role in decision-making.

In all, 42 of the 45 women said that they found the decision aid helpful, and 43 said they would recommend it to others.

In their commentary, Dr. Welch and Dr. Passow acknowledge that their estimates of risks and benefits range widely and that women may prefer better estimates of outcomes, such as breast cancer deaths prevented, percentages of false-positive results, and frequency of overdiagnosis.

"Our suspicion is that the top priority for most women would be to have a more precise estimate of the benefit in the current treatment era. It has been 50 years since a randomized trial of screening mammography has been done in the United States. Given the exposure of tens of millions American women to this intervention, perhaps we are due for a second look," they write.

The study by Schonberg et al was supported by grants from the National Institute on Aging, John A. Hartford Foundation, Atlantic Philanthropies, Starr Foundation, and American Federation for Aging Research. Dr. Welch and Dr. Passow did not disclose funding. None of the authors have disclosed any relevant financial relationships.

JAMA Intern Med. Published online December 30, 2013. Full text Commentary

(Disponível em: http://www.medscape.com/viewarticle/818600?nlid=43783_1842&src=wnl_edit_medp_wir&uac=179489CG&spon=17)

Cholesterol Linked to Alzheimer's Protein, Unclear Why (Shereen Jegtvig)

By Shereen Jegtvig

NEW YORK (Reuters Health) Dec 31 - Patterns of cholesterol usually associated with heart risks also predicted the levels of Alzheimer's-related beta amyloid protein seen in the brains of study participants.

"One of the important themes emerging from dementia research over the past 15 years is that there are intriguing connections between vascular disease and Alzheimer's disease," Bruce Reed, who led the research, told Reuters Health by email.

"It has become increasingly clear that what have been traditionally thought of as vascular risk factors - things like hypertension, diabetes and elevated cholesterol - are also risk factors for Alzheimer's disease," said Reed, who is associate director of the Alzheimer's Disease Research Center at the University of California, Davis.

In previous work, Reed and his colleagues found a connection between overall vascular risk and levels of brain amyloid.

"Amyloid deposition is important because it is widely believed by scientists to be a key event that initiates a chain of events that eventually, years later, results in the dementia of Alzheimer's disease," Reed said.

"There was also previous work in cell cultures and with animals that suggested that cholesterol plays an important role in promoting the deposition of amyloid in the brain," Reed said.

For the new study, published online December 30 in JAMA Neurology, the researchers examined the cholesterol levels of 74 elderly people who had normal to mildly impaired cognitive function. Researchers also measured brain deposits of beta amyloid protein with positron emission tomography (PET scanning).

They found that on average, participants who had higher levels of the LDL cholesterol and lower levels of HDL cholesterol also had higher levels of amyloid in the brain.

"We think this is a very important finding, but as with all novel findings it needs to be replicated," Reed said. "Assuming that the basic pattern is found in other groups of patients, it is urgent that we try to understand the mechanism(s) behind this finding."

"Cholesterol in blood and cholesterol in brain are separate 'pools,' walled off from one another by the blood brain barrier. We measured cholesterol in blood. So that is one question that needs to be answered - how do cholesterol levels in blood and in brain influence each other," Reed said.

"And in the brain, it is not entirely understood how changing cholesterol levels might reduce amyloid deposition. We are very interested in the idea that higher HDL cholesterol levels may help the brain more efficiently clear the toxic amyloid at an early stage," Reed said.

"If those questions were understood we could begin to think about how to change cholesterol levels so as to prevent the build up of amyloid," Reed added.

In other studies, some researchers have found evidence that cholesterol-lowering drugs might offer some protection against Alzheimer's disease, but the results have been inconsistent.

Reed's team didn't see any associations between current use of cholesterol medication by the participants and their amyloid levels.

Reed and his coauthors caution that the study does not prove cholesterol is directly affecting amyloid deposition. For instance, they write, unhealthy cholesterol could be linked to vascular damage, such as small strokes, and those micro-injuries could be the reason for the protein deposits.

Reed encourages people to try to achieve the cholesterol guidelines set by the American Heart Association.

"A remarkable number of people who are alive now will live into their 80s or beyond - the period of highest risk for Alzheimer's. This study is one more piece of evidence that what we do now can shape our health positively in those years," Reed said.

SOURCE: http://bit.ly/1iqKLuP

JAMA Neurology 2013.

(Disponível em: http://www.medscape.com/viewarticle/818545?nlid=43783_1842&src=wnl_edit_medp_wir&uac=179489CG&spon=17)

Immune Response Stronger in Women Than in Men (Lara C. Pullen)

Androgens and genes involved in lipid metabolism may drive the differences in immune responses between men and women, according to a systems analysis

David Furman, PhD, from Stanford University in California, and colleagues measured the responses to diverse in vitro stimuli in peripheral blood samples from 53 women and 34 men.

"Males experience a greater severity and prevalence of bacterial, viral, fungal, and parasitic infections than females, who also exhibit a more robust response to antigenic challenges such as infection and vaccination," the authors write. "This stronger immune response in females could also explain why they more frequently develop immune-mediated pathologies during influenza infection, such as an overproduction of cytokines (cytokine storm) that contribute to an increase in capillary permeability and lung failure."

The researchers analyzed the neutralizing antibody response to a trivalent inactivated seasonal influenza vaccine and other immune system components. They also measured gene expression and reduced the data to 109 gene modules by cluster analysis. In this way, they identified proinflammatory markers that are differentially expressed in women as opposed to men.

"In this study we have used a systems approach to the analysis of sex differences in the immune system of humans. These data reinforce and extend previous reports, and point toward a mechanistic hypothesis that may drive sex disparities observed in responses to vaccination," the authors note.

Previous studies have identified sex-specific differences in the immune response. Women, for example, have on average 1.7 times the frequency of self-specific T cells as men.

Results from the current study indicate that natural variations in circulating free testosterone could drive differences in response to influenza vaccines. The investigators also identified differences in expression of several genes involved in lipid metabolism including LTA4H, a member of the epoxide hydrolase family. They also observed an association with LTB4, a lipid mediator that has both anti-inflammatory and proinflammatory activities.

The authors were unable to identify genes on the Y chromosome that affect the response to vaccination.

"In conclusion, our results are consistent with a large body of work in animals showing that testosterone is immunosuppressive in vivo and extend this to humans responding to a seasonal influenza vaccine and exhibiting typical variations in testosterone levels. We suggest that testosterone acts directly on immune cells by repressing transcription factors (such as FOS, JUN, and others) implicated in immune activation; these transcription factors would in turn repress the expression of genes involved in lipid metabolism with immunosuppressive activities, creating a negative feedback loop," the authors write.

They propose that testosterone acts as a homeostatic mechanism to turn off the immune response.

The authors have disclosed no relevant financial relationships.

Proc Natl Acad Sci. Published online December 23, 2013. Full text

(Disponível em: http://www.medscape.com/viewarticle/818628?nlid=43783_1842&src=wnl_edit_medp_wir&uac=179489CG&spon=17)

Relapse of 'Cured' HIV Patients Spurs AIDS Science On (Kate Kelland)

By Kate Kelland

LONDON (Reuters) Jan 02 - Scientists seeking a cure for AIDS say they have been inspired, not crushed, by a major setback in which two HIV-positive patients believed to have been cured experienced viral rebound.

True, the news hit hard last month that the so-called "Boston patients" - two men who received bone marrow transplants that appeared to rid them completely of HIV had relapsed and gone back onto antiretroviral treatment.

But experts say the disappointment could lay the basis for important leaps forward in the search for a cure.

"It's a setback for the patients, of course, but an advance for the field because the field has now gained a lot more knowledge," said Dr. Steven Deeks, a professor and HIV expert at the University of California, San Francisco.

He and other experts say the primary practical message is that current tests designed to detect even very low levels of HIV are simply not sensitive enough.

As well as being infected with HIV, the Boston patients both also had lymphoma for which they underwent bone marrow transplants - one man in 2008 and the other in 2010.

They continued taking antiretroviral drugs, but eight months after each patient's transplant, doctors found they could not detect any sign of HIV in their blood.

In the early part of 2013, both patients decided to stop taking their AIDS drugs and both appeared to remain HIV-free - prompting their doctors, Dr. Timothy Henrich and Dr. Daniel Kuritzkes from Boston's Brigham and Women's Hospital, to announce at a conference in July that they may have been cured.

Yet in December came news that one of the men had begun to show signs of an HIV rebound by August, while the second patient had a relapse in November.

Henrich said the virus' comeback underlined how ingenious HIV can be in finding hiding places in the body to evade attack efforts by the immune system and by drug treatment.

"Through this research we have discovered the HIV reservoir is deeper and more persistent than previously known and that our current standards of probing for HIV may not be sufficient," he said, adding that both patients were "currently in good health" and back on antiretroviral therapy.

INSPIRATION

Barely a decade ago, few AIDS researchers would have dared put the words HIV and cure in the same sentence. Yet some intriguing and inspiring cases in recent years mean many now believe it is just a question of time before a cure is found.

First was the now famous case of Timothy Ray Brown, the so-called "Berlin patient," whose HIV was eradicated by a complex treatment for leukemia in 2007 involving the destruction of his immune system and a stem cell transplant from a donor with a rare genetic mutation that resists HIV infection.

Such an elaborate, expensive and life-threatening procedure could never be used as a broad-spectrum approach for the world's 34 million HIV patients. But the results in Brown focused scientific attention on a genetic mutation known as CCR5 delta 32 as a target for possible gene therapy treatment.

Then last March, French scientists who followed 14 HIV-positive people known as the "Visconti patients," who were treated very swiftly with HIV drugs but then stopped treatment, said that even after seven years off therapy, they were still showing no signs of the virus rebounding.

That announcement came only weeks after news of the "functional cure" of an HIV-positive baby in Mississippi who received antiretroviral treatment for 18 months from the day she was born. By the time she was two this appeared to have stopped the virus from replicating and spreading.

A "functional cure" is when HIV is reduced to such low levels that it is kept at bay even without treatment, though the virus can still be detected in the body.

Sharon Lewin, an HIV expert at Monash University in Australia, said all these developments, as well as the setback suffered by the Boston patients, inspired scientists to investigate many different approaches in the search for a cure.

"We've learnt many things here - and one of the most important is that a tiny, tiny amount of virus can get the whole thing going again," she told Reuters. "It's a clear message that we need better ways to pick up the virus."

Scientists are now more convinced than ever that a two-pronged approach which aims to firmly suppress the virus while bolstering the immune system provides the best way forward.

"We need to attack in two ways - reduce the virus to very low levels and also to boost the immune response. We can't do one without the other," said Lewin.

"So we still have to think of other creative ways to control HIV. And it's still early days . . . before we can say which approach is likely to be the winner."

(Disponível em: http://www.medscape.com/viewarticle/818598?nlid=43783_1842&src=wnl_edit_medp_wir&uac=179489CG&spon=17)

sábado, 28 de dezembro de 2013

A Medicina e A Política

"Os determinantes primários das doenças são principalmente econômicos e sociais, conseqüentemente, seus remédios também devem ser econômicos e sociais. A medicina e a política não podem nem devem estar separadas uma da outra."
Geoffrey Rose

sábado, 21 de dezembro de 2013

Saúde, Dilma! (Ruth de Aquino)

São nossos votos para 2014, presidente. A senhora venceu uma doença e uma eleição. Ao que tudo indica vencerá a próxima. A senhora precisa de saúde como mulher, mãe e avó. O Brasil precisa de Saúde, com maiúscula.
A coluna anterior “O corredor da morte nos hospitais” atingiu o nervo da revolta entre os leitores. Reproduzo abaixo parte da carta de um médico, que pede para não ser identificado, com medo de represálias:

“Prezada Ruth. O que aconteceu com seu pai, infelizmente, é normal. Acontece com TODOS os planos de saúde em TODOS os hospitais do Brasil, quando se trata de atendimento de emergência. A autorização de procedimentos é sempre por telefone e, se você já tentou, sabe que isso significa horas de lenga-lenga e musiquinhas irritantes.

Até que se contate um médico auditor responsável, pelo menos uma hora já é perdida na espera. Por isso, os melhores atendimentos de emergência ainda estão nos hospitais públicos. Quando é preciso uma cirurgia de urgência, o cenário muda: vou dar o exemplo de um caso comum em nosso dia a dia.

O paciente chega politraumatizado – com uma fratura exposta de perna e um traumatismo craniano leve. A pancada na cabeça torna necessária a realização de exames, como uma tomografia, e a colocação do paciente em observação. A fratura exposta deve ser operada logo. Quanto mais tempo demora, maior o risco de o paciente contrair uma infecção que, se confirmada, será de difícil tratamento – ossos não respondem bem a infecções, o que obrigaria a cirurgias posteriores. Uma urgência, portanto.

Como o paciente está lúcido, ele diz à equipe que tem plano e quer operar em hospital particular. O chefe de equipe faz o contato e, em até duas horas, a transferência é autorizada. Falta a ambulância chegar, o que só costuma acontecer cerca de três horas depois.

É isso mesmo: em média, entre a chegada do paciente ao hospital público e a saída do paciente para o particular, o tempo de espera varia entre 5 e 8 horas. Diz-se que o período de ouro para essas cirurgias é de menos de 6 horas, para diminuir o risco de infecção. Normalmente, convencemos o paciente de que é melhor operar no hospital público e, depois, fazer o acompanhamento pós-operatório num hospital particular.

E é com isso que os planos de saúde contam. Que, com a demora, o SUS acabe arcando com as despesas maiores. Exames, medicamentos, material anestésico, material cirúrgico. E que, depois, não haja ressarcimento ao hospital por todos os serviços. Sem contar que um paciente que teria condições de arcar financeiramente por um serviço melhor acaba ocupando ou disputando espaço com pacientes menos favorecidos.

Talvez, no Hospital Lourenço Jorge, seu pai tivesse sido atendido mais rápido. Só teria de esperar pelos procedimentos numa maca muito menos confortável, em contato próximo com outros pacientes. Talvez visse alguns pacientes aguardando cirurgia espalhados nos corredores, por falta de vaga nas enfermarias. Quer dizer, talvez não. O Lourenço não tem neurocirurgião para ver a tomografia cerebral de seu pai. Sobraram só o Miguel Couto e o Souza Aguiar no Rio. Faltam neurocirurgiões que aceitem trabalhar por pouco.

Atualmente, meu salário pela prefeitura do Rio é de R$ 1.686. Passei num concurso entre os primeiros lugares para ter direito a esse salário. Somente aceitei por respeito à instituição onde fiz internato, residência e pós-graduação. Não aceitaria se não fosse por motivos idealistas. Sou obrigado a dar plantões com colegas que não fizeram concurso nenhum. Apenas conhecem as pessoas certas. E, por isso, recebem até R$ 7.500. Para realizar o mesmo serviço.

Também trabalho em hospitais particulares. E tento fazer o certo por lá também. Mas os mesmos planos de saúde que se negavam a pagar a tomografia de seu pai também se negam a pagar decentemente por nossos procedimentos. Recebo cerca de R$ 150 – para a equipe toda, cirurgião, auxiliar e instrumentadora – por uma fratura de calcâneo, cirurgia complexa, com alto risco de complicações. Para a placa e os parafusos utilizados para a fixação, que custam R$ 1.500, os planos pagam tranquilamente R$ 5.000.

Meus antigos professores me dizem que o foco precisa ser a saúde pública. No dia em que a saúde pública remunerar adequadamente a classe médica, os hospitais particulares e os planos de saúde serão obrigados a aumentar as remunerações se quiserem atendimento de qualidade.
Meus mestres são de um tempo em que um médico fazia carreira no mesmo hospital durante toda a vida. O que é cada vez menos possível, mesmo em hospitais particulares. O médico hoje tenta sobreviver até conseguir o suficiente para montar um consultório. Aí, é fugir tanto do serviço público quanto dos planos.  Ou largar a especialização, ir para o interior e entrar para o Mais Médicos.

Atendi índios na Amazônia e sou apaixonado pelo serviço público. Mas é cada vez mais difícil fazer carreira de Estado nos dias de hoje”.

Saúde, Dilma!

(Disponível em: http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ruth-de-aquino/noticia/2013/12/bsaudeb-dilma.html)

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

O SUS que dá certo

Um vídeo mais lindo que o outro no concurso da @RedeHumanizaSUS. Como é bom ver o SUS que dá certo! Me motiva muito a seguir minha profissao

Link para os vídeos do concurso da @RedeHumanizaSUS : http://www.redehumanizasus.net/concurso

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Experimentação do Viver

Às vezes quando paro para pensar e sentir por que eu ainda continuo no curso de Medicina, preciso refletir sobre meus princípios de vida.

Minha opção pela Medicina atualmente é sobretudo ética e política. Eu acredito em uma forma diferente de prática médica e se eu desistir de meu caminho, quem o seguirá por mim? Eu desejo ver essa mudança acontecer!

Creio que várias pessoas passam por questionamentos semelhantes, em várias profissões. E acredito na importância da perseverança nesse caminho, na afirmação dele. Se todos desistirem, nada nunca muda. E a transformação é necessária nos processos da vida.

Às vezes essa minha escolha mais me parece uma tortura ou um masoquismo. Mas o processo de aperfeiçoamento jamais é sereno e calmo, já que são as turbulências que conduzem o indivíduo adiante. Talvez eu precise aprender a conviver melhor com o indesejado, com o sofrido. E sobretudo talvez eu precise aprender a valorizar mais aquilo que me faz bem e que pode ser incluído na minha rotina desgastante.

Esse é um dos motivos pelos quais deletei meu facebook. Meus amigos reais merecem esse tempo que eu estava desperdiçando nas redes sociais. Quero gastá-lo com pessoas que eu amo e comigo mesmo.

Aos poucos, vou aprendendo a felicidade, sentindo os movimentos da vida que levam harmonicamente ao caminho e nadando junto a eles. Ainda vou aprender a viver! A vida é um aprendizado.

Pensando bem, viver não é tão torturante assim... Viver é experimentar-se.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Ritalina, a droga legal que ameaça o futuro (Roberto Amado)

131125-Calvin

Com efeito comparável ao da cocaína, droga é receitada a crianças questionadoras e livres. Professora afirma: “podemos abortar projetos de mundo diferentes”

Por Roberto Amado, no DCM

É uma situação comum. A criança dá trabalho, questiona muito, viaja nas suas fantasias, se desliga da realidade. Os pais se incomodam e levam ao médico, um psiquiatra talvez.  Ele não hesita: o diagnóstico é déficit de atenção (ou Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH) e indica ritalina para a criança.

O medicamento é uma bomba. Da família das anfetaminas, a ritalina, ou metilfenidato, tem o mesmo mecanismo de qualquer estimulante, inclusive a cocaína, aumentando a concentração de dopamina nas sinapses. A criança “sossega”: pára de viajar, de questionar e tem o comportamento zombie like, como a própria medicina define. Ou seja, vira zumbi — um robozinho sem emoções. É um alívio para os pais, claro, e também para os médicos. Por esse motivo a droga tem sido indicada indiscriminadamente nos consultórios da vida. A ponto de o Brasil ser o segundo país que mais consome ritalina no mundo, só perdendo para os EUA.

A situação é tão grave que inspirou a pediatra Maria Aparecida Affonso Moysés, professora titular do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, a fazer uma declaração bombástica: “A gente corre o risco de fazer um genocídio do futuro”, disse ela em entrevista ao  Portal Unicamp. “Quem está sendo medicado são as crianças questionadoras, que não se submetem facilmente às regras, e aquelas que sonham, têm fantasias, utopias e que ‘viajam’. Com isso, o que está se abortando? São os questionamentos e as utopias. Só vivemos hoje num mundo diferente de mil  anos atrás porque muita gente questionou, sonhou e lutou por um mundo diferente e pelas utopias. Estamos dificultando, senão impedindo, a construção de futuros diferentes e mundos diferentes. E isso é terrível”, diz ela.

O fato, no entanto, é que o uso da ritalina reflete muito mais um problema cultural e social do que médico. A vida contemporânea, que envolve pais e mães num turbilhão de exigências profissionais, sociais e financeiras, não deixa espaço para a livre manifestação das crianças. Elas viram um problema até que cresçam. É preciso colocá-las na escola logo no primeiro ano de vida, preencher seus horários com “atividades”, diminuir ao máximo o tempo ocioso, e compensar de alguma forma a lacuna provocada pela ausência de espaços sociais e públicos. Já não há mais a rua para a criança conviver e exercer sua “criancice.

E se nada disso funcionar, a solução é enfiar ritalina goela abaixo. “Isso não quer dizer que a família seja culpada. É preciso orientá-la a lidar com essa criança. Fala-se muito que, se a criança não for tratada, vai se tornar uma dependente química ou delinquente. Nenhum dado permite dizer isso. Então não tem comprovação de que funciona. Ao contrário: não funciona. E o que está acontecendo é que o diagnóstico de TDAH está sendo feito em uma porcentagem muito grande de crianças, de forma indiscriminada”, diz a médica.

Mas os problemas não param por aí. A ritalina foi retirada do mercado recentemente, num movimento de especulação comum, normalmente atribuído ao interesse por aumentar o preço da medicação. E como é uma droga química que provoca dependência, as consequências foram dramáticas. “As famílias ficaram muito preocupadas e entraram em pânico, com medo de que os filhos ficassem sem esse fornecimento”, diz a médica. “Se a criança já desenvolveu dependência química, ela pode enfrentar a crise de abstinência. Também pode apresentar surtos de insônia, sonolência, piora na atenção e na cognição, surtos psicóticos, alucinações e correm o risco de cometer até o suicídio. São dados registrados no Food and Drug Administration (FDA)”.

Enquanto isso, a ritalina também entra no mercado dos jovens e das baladas. A medicação inibe o apetite e, portanto, promove emagrecimento. Além disso, oferece o efeito “estou podendo” — ou seja, dá a sensação de raciocínio rápido, capacidade de fazer várias atividades ao mesmo tempo, muito animação e estímulo sexual — ou, pelo menos, a impressão disso. “Não há ressaca ou qualquer efeito no dia seguinte e nem é preciso beber para ficar loucaça”, diz uma usuária da droga nas suas incursões noturnas às baladas de São Paulo. “Eu tomo logo umas duas e saio causando, beijando todo mundo, dançando o tempo todo, curtindo mesmo”, diz ela.

(Disponível em: http://outraspalavras.net/outrasmidias/destaque-outras-midias/ritalina-a-droga-legal-que-ameaca-o-futuro/)

sábado, 16 de novembro de 2013

O tiro no pé das entidades médicas (Lilian Terra)

130926-PostoSaúde

Jaru-RO: posto de saúde pichado em março, por moradores obrigados a percorrer 30 quilômetros até médico mais próximo


Rechaçar programa do governo, sem propor alternativas, evidenciou dilemas de profissão atordoada com tecnologia e massificação do atendimento

Por Lilian Terra

As entidades que em teoria representam a classe médica deram um tiro no pé. Ao se oporem ao programa “Mais Médicos”, tudo o que conseguiram foi fortalecer a imagem de elitistas e corporativistas que vem nutrindo ao longo das últimas décadas.

Nem sempre foi assim. Há não muito tempo atrás a medicina era vista como um dom, um sacerdócio. O médico era como o padre, sabia da vida das famílias que assistia – suas angústias, aflições. Era, além de cuidador, conselheiro. Mas o perfil do cuidado em saúde mudou. A tecnologia trouxe avanços de forma muito rápida e talvez o médico não tenha sabido conciliar os novos conhecimentos com a antiga e preciosa escuta do doente. Além disso, o acesso à saúde ampliou-se bem mais que a quantidade de médicos formados, de maneira que os que estavam no mercado precisaram captar os novos pacientes, em detrimento do tempo de atenção a cada um.

Hoje, temos muitas escolas médicas no país, com estudantes que buscam status e enriquecimento, mas também que buscam salvar vidas, cuidar de pessoas, independentemente de cor, credo ou classe social. Há ainda aqueles que buscam um sistema de saúde melhor e mais justo para o Brasil. Entram na faculdade entre seus 17 e 20 anos, vindos de famílias mais abastadas, de escolas particulares, tendo tido até então pouco ou nenhum contato com a pobreza, exceto aquele provocado pela violência ou pelos funcionários mais pobres da família. A faculdade precisaria fazer com que estes futuros médicos abrissem seus olhos para esta nova realidade que se apresenta.

O fato é que existe muito preconceito dentro da classe médica com o trabalho na atenção básica. O “médico do postinho” é visto como alguém inferior, que não teve sucesso em escolher uma especialidade. As residências de Saúde Coletiva, Medicina Preventiva ou Saúde da Família são menos procuradas. Todos aspiram a ser Ivo Pitangui, quase ninguém a ser Osvaldo Cruz. Quando se fala em ir para o interior ou trabalhar nos Centros de Saúde da periferia, sempre dizem que não há estrutura e condições de trabalho – o que é bem verdade, mas talvez não seja o motivo real da recusa.

topo-posts-margem
Tudo isso ficou muito claro no debate acerca do Programa Mais Médicos do governo federal. As entidades erraram ao não mostrar à população que algumas alternativas já vinham sendo debatidas. Desde 2009, por exemplo, tramita no Legislativo a Proposta de Emenda Constitucional 454, cujo objetivo é instituir a Carreira de Estado para médicos. Quatro anos depois, a PEC segue sob análise de uma comissão especial. Sendo aprovada, tramitará por tempo indefinido até apreciação do plenário das duas casas do Legislativo.

A exemplo do que ocorre no Poder Judiciário, não faltariam profissionais mesmo nos locais mais remotos do país – caso houvesse uma carreira. Porém, ao invés de chamar atenção para este aspecto, as entidades médicas focaram na recusa, não nas alternativas. Não mostraram à população o desejo real, de muitos médicos brasileiros, de ir para estas unidades de saúde; mas, sim, o desejo de bloquear a vinda de estrangeiros. Demonstraram, em sua luta, mais medo de perder status e nível salarial do que de deixar a população desassistida, permitindo que o governo colocasse nos médicos a responsabilidade pela má qualidade da saúde pública.

As entidades médicas representaram bem a classe médica. Infelizmente, porém, existem profissionais que se viram abandonados pelos que deveriam representá-los – aqueles comprometidos com o SUS, que estão na luta por menos desigualdade social, por mais acesso aos serviços públicos, por mais qualidade destes serviços. Mais comprometidos que o próprio governo, que parece rejeitar a proposta de iniciativa popular que visa destinar 10% da receita bruta da União para a saúde. Ao se dirigir ao Congresso na última quarta-feira, 18/09/2013, a ministra Miriam Belchior afirmou não ser possível destinar essa fatia para o financiamento da saúde, ainda que especialistas tenham estudado previamente a proposta e que outros países destinem uma parte ainda maior de seu PIB.

Enquanto isso, as entidades médicas não tomam posição ao lado do governo ou ao lado da população. São uma terceira categoria, cada vez mais isolada. Como apontou a colunista Cláudia Colluci, em recente texto para a Folha de São Paulo, os médicos precisam se colocar “na pele de quem vive nos rincões sem assistência médica” e provavelmente este é um exercício muito difícil para jovens da classe média alta brasileira – certamente bem mais do que o das provas de vestibular.

(Disponível em: http://outraspalavras.net/brasil/o-tiro-no-pe-das-entidades-medicas/)

domingo, 10 de novembro de 2013

Even a Little Physical Activity May Prevent Depression (Deborah Brauser)

(Disponível em: http://www.medscape.com/viewarticle/814042?src=emailthis)

By Deborah Brauser

Even low levels of physical activity may reduce the risk of developing depression in individuals of all ages, new research suggests.

In 25 of 30 large studies examined in the systematic review, which included participants between the ages of 11 and 100 years, a "negative risk" was found between baseline physical activity (PA) and the future development of depression.

In addition, this inverse association was found in all levels of PA ― including less than 2.5 hours of walking per week.

"It was a little surprising that 25 of the studies found this protective effect, and that's really promising," lead author George Mammen, PhD candidate from the Faculty of Kinesiology and Physical Education Department at the University of Toronto in Ontario, Canada, told Medscape Medical News.

"We also did quality assessments on each study, and the majority were of high methodologic quality, which adds weight to the findings," said Mammen.

He noted that the take-home message is that being active is important for more than just physical health.

"From a population health perspective, promoting PA may serve as a valuable mental health…strategy in reducing the risk of developing depression," write the investigators.

The study was published in the November issue of the American Journal of Preventive Medicine.

Prevention Strategy Needed

Previous studies have shown a link between exercise and decreasing symptoms in patients with depression, including several reported by Medscape Medical News.

"However, with the high prevalence of depression worldwide and its burden on well-being and the healthcare system, intuitively, it would make more sense…to shift focus toward preventing the onset of depression," the investigators write.


George Mammen
"We need a prevention strategy now more than ever. Our health system is taxed. We need to…look for ways to fend off depression from the start," added Mammen in a release.

After searching 6 of the top databases, including MEDLINE and PubMed, the researchers found 6263 worldwide citations of PA and depression. For this analysis, they selected 30 English-language studies that were published between January 1976 and December 2012.

All were prospective, longitudinal, and "examined relationships between PA and depression over at least two time intervals." They had follow-up periods ranging from 1 to 27 years.

Results showed that 25 of the studies revealed a significant inverse effect between any PA reported at baseline and subsequent depression development.

Interestingly, 4 of these studies showed that women who reported baseline PA were less likely than men to develop depression.

"These studies postulate that psychological factors may explain these findings because women may benefit more from the social aspects of PA than men," note the investigators.

Of the 5 studies that did not find a significant association between PA and depression, "only 1 was considered to be of high quality," and 2 focused only on older adults.

Get Moving

Using data from the 7 studies that measured amounts of weekly PA participation, the researchers found that exercising more than 150 minutes per week was associated with a 19% to 27% decreased risk of developing depression.

Depression Now World's Second Leading Cause of Disability (Megan Brooks)

(Disponível em: http://www.medscape.com/viewarticle/813896?src=emailthis)

By Megan Brooks

Major depressive disorder (MDD) is the second leading cause of disability worldwide and a major contributor to the burden of suicide and ischemic heart disease, new data indicate.

The findings highlight the importance of including depressive disorders as a global health priority, researchers say.

The findings, published online November 5 in PLoS Medicine, stem from the latest Global Burden of Disease (GBD) study.

The 1990 GBD study ranked depression as the fourth leading cause of disease burden worldwide after lower respiratory infections, diarrheal diseases, and conditions arising during the perinatal period.

In the 2000 GBD study, depressive disorders were the third leading cause of disease burden behind lower respiratory infections and diarrheal diseases.

Depressive disorders now rank second in terms of global disability burden, according to the 2010 GBD study.

The study provides the most recent and comprehensive estimates the degree to which death and disability are attributable to depressive disorders, both worldwide and in individual countries and regions, the researchers say.

To arrive at the estimates, Alize Ferrari, from the University of Queensland and the Queensland Centre for Mental Health Research, in Australia, and colleagues compiled relevant data from all published research studies on MDD and the milder, chronic type of depression, dysthymia.

The researchers used disability-adjusted life years (DALYs) to quantify the global burden attributable to depressive disorders, calculated by adding years lived with a disability (YLDs) and years lost because of disease-specific premature death (YLLs).

When compared with other diseases and injuries, MDD accounted for 8.2% of global YLDs in 2010, making it the second leading cause of global disability and the eleventh leading cause of global burden (or DALYs) in 2010, the researchers report. Dysthymia accounted for 1.4% of global YLDs.

MDD and dysthymia were also leading causes of DALYs, accounting for 2.5% and 0.5% of global DALYs, respectively.

The burden of depressive disorders was higher in women than men; the largest proportion of YLDs from depressive disorders occurred among adults of working age.

The global burden of depressive disorders increased by 37.5% between 1990 and 2010 because of population growth and aging.

The investigators say that MDD accounted for an additional 16 million DALYs and 4 million DALYs when it was considered as a risk factor for suicide and ischemic heart disease, respectively. This "attributable" burden increased the overall burden of depressive disorders to 3.8% of global DALYs, they report.

The 2010 GBD study confirms that depressive disorders are a "leading direct cause of the global disease burden and show that MDD also contributes to the burden allocated to suicide and ischemic heart disease," the investigators say.

The findings "reinforce the importance of treating depressive disorders as a public-health priority and of implementing cost-effective interventions to reduce their ubiquitous burden,” they conclude.

As reported by Medscape Medical News, prior data from the GBD 2010 study found that mental and substance use disorders are the leading causes of nonfatal illness worldwide, with a global disease burden that trumps that of HIV/AIDS, tuberculosis, diabetes, and transport injuries.

The authors report no relevant financial relationships.

PLoS Med. Published online November 5, 2013. Full article

Physician Burnout Tied to Higher Referral Rates (Will Boggs)

Disponível em: http://www.medscape.com/viewarticle/813989?src=emailthis

By Will Boggs, MD

NEW YORK (Reuters Health) Nov 07 - Burnout among primary care physicians is associated with increased referral rates for diagnostic tests and specialists, researchers from Israel report.

"I was not at all surprised by the results, because they are related to my previous findings," Dr. Talma Kushnir from Ben-Gurion University of the Negev in Beer-Sheva told Reuters Health. "In that study that was based on self-reports, we found that family physicians with high burnout tended to talk less with their patients and refer them more to laboratory and diagnostic tests and to consultations with specialists, compared with family physicians with low levels of burnout."

"The strength of the present study is that it is based on objective data regarding referrals," said Dr. Kushnir, whose findings were published online October 22 in Family Practice.

Dr. Kushnir and colleagues interviewed 136 primary care physicians, assessed burnout using the Maslach Burnout Inventory (MBI), quantified their workload, and used data from their HMO to calculate referral rates. For referrals, they counted expensive/high-cost diagnostic imaging tests, inexpensive imaging tests, nurse treatments, and specialist referrals.

Sixty (44.5%) physicians reported high levels of emotional exhaustion, 49 (36%) had high levels of depersonalization, and 43 (31.6%) reported low levels of personal accomplishment.

Just over half (76, 56%) of the physicians reported high burnout levels (defined as emotional exhaustion scores of at least 27 and/or average depersonalization score of 10 or more).

There were significant positive associations between overall burnout score and referrals for diagnostic tests and specialist clinics. Moreover, the higher the objective workload, the higher the rate of referrals.

Board-certified specialists made more referrals than non-board-certified specialists.

In multivariate analyses, the final model explained 18.1% of the referral rate variance, with board-certified specialist mostly strongly associated, followed by burnout and objective workload. Path analysis confirmed the independent influence of these three factors on referral rates.

"While we did not study expenditure directly, clearly, any excess referrals, especially those to expensive imaging tests, would be translated to increased costs to the health care system, which makes the subject of burnout a highly important issue," the researchers say.

"Physician should be aware that burnout and associated negative moods may significantly affect one's behavior, decision making, and work performance," Dr. Kushnir said. "This means that the quality of patient care may also be affected by burnout. Given findings in recent studies that burnout also affects health (e.g., risk factors for cardiovascular disease) and may even become a chronic condition, then it is important, for the sake of both the physician and patients, to prevent rather than ignore it."

"My experience in research on burnout has led me to conclude that the absence of positive job features (e.g., absence of control, lack of recognition for one's work, inability to utilize your skills) is probably more important in causing burnout than the presence of negative characteristics such as work over-load and over-demanding patients," Dr. Kushnir said. "This means that that in order to prevent undue stress and burnout, it may be more productive to capitalize on increasing the positive features of the job than to attempt to reduce the negative one."

Dr. Jerry Stein, who was not involved in the new research, has studied burnout in pediatric oncologists. "We have been sweeping this problem under the rug for too many years, and I hope that our efforts will stimulate others to find creative solutions to the problem of staff burnout," he told Reuters Health by email.

"If you are feeling burned out, your colleagues and coworkers probably feel the same way," said Dr. Stein, from Schneider Children's Medical Center of Israel in Petach Tikva. "Use them as your support system, and encourage your division leaders to help develop programs to heighten awareness of this problem."

Dr. Alan H. Rosenstein, medical director of Physician Wellness Services in San Francisco, California, offered some suggestions for curbing burnout: "First is the recognition that it's a serious issue that involves a large percentage of physicians. Second is to get through the barriers of (1) admitting that they are under stress and it shows ('I'm not stressed'), (2) they won't be able to take care of it themselves ('I've been under stress throughout my entire academic career and I can handle it'), (3) Accepting outside help (concerns about confidentiality, threats to their competency, or punitive ramifications), (4) Making it a priority ('Yes, I think I need to have a better work-life balance'), and (5) Doing it."

"Most physicians can't or won't act on their own," Dr. Rosenstein said. "They're too busy. The organizations they work for need to take a pro-active approach in helping. They can help by addressing issues related to improving organization stress (culture/ scheduling/ work loads/ productivity demands), behavioral stress (time management/ stress management/ conflict management, diversity management), and emotional stress (counseling), and do what they can to promote 'wellness' through education, facility support, Wellness Committees, or a Physician Employee Assistance Program."

SOURCE: http://bit.ly/1hmjvOh

Fam Pract 2013.

domingo, 3 de novembro de 2013

Teste Vocacional Buffalo 2013.2

Há um ano, fiz um teste vocacional da Buffalo. Resolvi repeti-lo, para dar uma longitudinalidade a essa avaliação. No futuro, verei isso e compararei com o que aconteceu. Será interessante.

Teste: http://www.smbs.buffalo.edu/RESIDENT/CareerCounseling/interior.htm?self-assessment.htm

Foram as quinze primeiras especialidades, em ordem decrescente: Psiquiatria; Alergia/Imunologia; Fisiatria; Psiquiatria de Crianças e Adolescentes; Reumatologia; Medicina de Família; Endocrinologia; Dermatologia; Geriatria; Pediatria; Neurologia; Oncologia Radioterápica; Neurologia Pediátrica; Infectologia; Medicina Interna.

Eu, com minha visão atual, excluiria dessa lista: Alergia/Imunologia; Fisiatria; Neurologia; Oncologia Radioterápica; Neurologia Pediátrica.

Eu, com minha visão atual, incluiria nessa lista: Cardiologia; Gastroenterologia; Medicina do Esporte; Medicina Preventiva.

Ficaria minha lista definitiva, sem considerar ordem de afinidade: Psiquiatria; Psiquiatria de Crianças e Adolescentes; Reumatologia; Medicina de Família; Endocrinologia; Dermatologia; Geriatria; Pediatria; Infectologia; Medicina Interna; Cardiologia; Gastroenterologia; Medicina do Esporte; Medicina Preventiva.

Mudanças desde o ano anterior... Inclui: Medicina Preventiva; Dermatologia; Infectologia. Exclui: Oncologia; Hematologia.

Atualmente eu desejo seguir a área da Medicina de Família ou Pediatria. Estou começando a considerar trabalhar com gestão em saúde.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...