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segunda-feira, 10 de março de 2014

Conversa fiada, hábito conservador (Katia Marko)

Pintura moderna a óleo sobre tela: Silêncio

Como hábito de falar incessantemente reproduz valores e reforça competição. Por que diálogos terapêuticos, ou silêncio, podem ser alternativas

Por Katia Marko, na coluna Outro Viver | Imagem: Fabiano Millani, Silêncio



Após quase três meses de ausência, resolvi retomar a coluna Outro Viver tratando justamente disso, o silêncio. Em um mundo cada dia mais frenético, cheio de palavras, imagens, manuais e aplicativos, qual o valor do vazio? Pra tudo temos opiniões, explicações, justificativas, conceitos. Nossa mente não para nunca. Nem um segundo de descanso. Mas o que desses tantos pensamentos me pertence realmente?

“Acredito que 4/5 da conversa humana, de todos, no mundo todo, o tempo todo, é conversa fiada, o passatempo fundamental da humanidade.” Ao ler esta frase do psicanalista José Angelo Gaiarsa, no livro Reich – 1980, logo busquei inúmeros contrapontos. Mas acabei cedendo e compreendendo como utilizamos a fala para resistir às mudanças. Quando me proponho a observar mais profundamente o meu sistema de defesa, percebo que ao desobedecer meus velhos padrões de comportamento, o meu ego logo se inflama e faz todo o possível para sabotar minhas iniciativas e fazer com que eu volte ao normal dizendo: “mamãe tinha razão”.

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Segundo Gaiarsa, a conversa fiada existe para impedir a veracidade, a intimidade, a emoção, o individual, o sentir. “Só é meu o aqui-agora, só nele posso fazer, acontecer, existir, preparar. Se perco meus momentos, muitos deles, no papo vazio, estou irrealizando-me o tempo todo e deixando o sistema se reforçar cada vez mais, em mim e no meu inteligente interlocutor. Não raro, estamos os dois falando como mudar o sistema, sem perceber que esta discussão é parte-legítima do sistema.”

O escritor explica, de forma bastante direta e clara, que a conversa fiada se compõe de exibição de excelência, de delírio jurídico e de fofoca. “As pessoas falam muito de quanto são boas, capazes, bem sucedidas, espertas, inteligentes, cumpridoras de seus deveres. Entram quase todas e quase sempre na exibição de poderio. Quem é melhor do que quem? Eu ou você? Meu time ou seu time? Minha casa ou sua casa? Meu carro ou seu carro? E este fenômeno independe de regime social ou econômico. Gosto de pensar que a única maneira capaz de impedir a luta de cada um contra todos (e o domínio dos poderosos) é a cooperação. Não se trata de ser bom, generoso, compreensivo. Se trata de aprender a cooperar, a trabalhar/funcionar juntos. O papo vazio serve demais à divisão, à oposição e à luta de cada um contra cada um e ao enfraquecimento de todos.”

Sobre o delírio jurídico da humanidade, Gaiarsa diz que ele responde, com certeza, por mais um tempo grande do papo vazio. As pessoas ficam, para fora (com o outro), ou para dentro (consigo mesmas), tentando explicar, justificar e provar que seus motivos e razões são legítimos – e que legitimam o que fazem. Legitimam, principalmente, tudo o que não fazem. Eu sei que devia, mas… O complemento desta interminável arenga jurídica, pela qual me protejo de sanções sociais hipotéticas e ameaçadoras, é o constante procurar provar/dizer quem é o culpado e quem é que devia.

“A busca do culpado é nosso machado de pedra cultural. A busca do bode expiatório é tática para não resolver. Como parte mais do que importante do delírio jurídico da humanidade, presente no papo vazio, temos as queixas, queixumes, lamentos, protestos e críticas, acusações e denúncias. Tudo o que sofri para ser, ou para continuar sendo, um cidadão honesto e respeitável, e tudo o que eu não recebi de volta por ser um bom filho, bom pai/mãe, bom profissional. A vítima é muito atuante em um número considerável de pessoas.”

Mas ainda tem uma outra fração importante do tempo do papo vazio: a fofoca nossa de cada dia. Se até aqui você ainda não se identificou, duvido que nunca tenha praticado o falar de tudo o que o outro é, e que não devia ser, a crítica a todo transgressor das normas que se têm como estabelecidas, nos pequenos grupos onde cada um vive. Na verdade, na visão de Gaiarsa, esta é uma agressão ao outro que faz de jeito diferente do meu. “Em termos familiares, esta fração de conversa vazia é relato de projeções que cada um faz, no outro, de todas aquelas características pessoais que, em seu pequeno mundo, não se deve ter. Entre a exibição de muitas virtudes pessoais, e a condenação dos vícios dos outros existe, como é fácil imaginar, uma secreta harmonia e uma profunda complementação. Projetar quer dizer: acreditar que o outro é capaz de fazer aquilo que secreta ou conscientemente eu também gostaria de ser capaz de fazer”.

O cardápio apresentado por Gaiarsa não parece nada apetitoso. Segundo ele, sobra um tanto, 10%, de conversas funcionais, ligadas à ação, influindo e sendo influídas por ela, pensadas com presença e atenção ao objeto da conversa, com cuidado na escolha das palavras, na construção de frases e no modo de dizê-las. “Toda conversa deste tipo é terapêutica, faz bem a ambos (ou a vários). A conversa é a maior e mais comum, das resistências ao diálogo, dentre os meios que usamos a fim de evitar o encontro, o pessoal, o emocional, o íntimo, o desejado, o temido…”

Quantidades enormes de conversa do mundo são sem sentido, porque as pessoas estão falando do que acham que “devia ser” e não do que experimentaram. A educação familiar é um bom exemplo. Até os 18 anos o filho deve ser obediente. Aos 19 ele precisa ter iniciativa e responsabilidade. Porém, não se dá à criança nem ao jovem a menor oportunidade de experimentar (de errar, de se machucar), de aprender a ter iniciativa e liberdade de ação. Acabam todos papagaios paralíticos que se distraem de sua paralisia falando, falando, falando… sobre como as coisas deviam ser!

Aprender a silenciar a mente e ter maior consciência da nossa fala não é fácil, mas garanto que tem um poder curador muito potente. Na Comunidade Osho Rachana, onde moro há 5 anos, praticamos meditações ativas, criadas pelo mestre indiano Osho. São técnicas criadas justamente para o ocidente que possibilitam primeiro limpar as emoções estagnadas e o tagarelar mental para, então, conseguir entrar em estado meditativo.

Normalmente, quando falamos em meditação, associamos com pensar, refletir. Mas não tem nada a ver com isso. Pelo contrário, meditar é silenciar a mente. É a observação dos pensamentos. Isso acontece quando há uma profunda conexão consigo mesmo. Às vezes, conseguimos por um segundo. Nestes pequenos momentos, é possível sentir toda a beleza do ser humano, conectar consigo mesmo e com a existência.

Neste ano de 2014, que promete ser bem ruidoso, o meu maior desejo é estar bem presente e centrada em mim para não me perder por aí.

(Disponível em: http://outraspalavras.net/posts/conversa-fiada-habito-conservador/)

terça-feira, 15 de outubro de 2013

O Papa com o líder da Teologia da Libertação (Dermi Azevedo)


Francisco encontrou-se informalmente com Gustavo Gutierrez, teólogo dominicano que sistematizou opção pelos dos pobres. Qual o significado do gesto?
Por Dermi Azevedo, no Carta Maior
O papa Francisco recebeu discretamente no Vaticano, há cerca de um mês, a visita do principal líder da Teologia da Libertação, o religioso peruano Gustavo Gutierrez. Integrante da Ordem Dominicana, o padre Gustavo tornou-se, nos anos 70, o primeiro teólogo a sistematizar essa corrente no interior da Igreja Católica Romana. A sua visita ao Papa aconteceu de modo informal, fora da agenda oficial do pontífice. Contudo o significado político dessa reunião é evidente e representa o apoio explícito dos teólogos da libertação à opção pelos pobres, já oficializada por Francisco como a diretriz fundamental de sua gestão como chefe da Igreja.
O apoio ao atual Papa vem sendo articulado desde antes da eleição vaticana. Quando o nome do cardeal Bergoglio foi anunciado, bispos. teólogos e outras personalidades ligadas à Teologia da Libertação deram publicamente declarações em que afirmavam a sua expectativa de uma administração que pudesse tirar o Catolicismo de sua pior crise desde o século 19.
Quem mudou?
Ao receberem a informação sobre o encontro entre o Papa e Gutierrez, vários teólogos brasileiros e europeus perguntaram também de modo informal quem teria mudado, se teria sido Francisco ou os teólogos da libertação. Na verdade, ambos mudaram. O Papa assumiu o discurso anticapitalista da Teologia da Libertação e confirmou a opção pelos pobres. Os teólogos reafirmaram de modo mais amenizado o recurso a categorias dialéticas para a leitura crítica da realidade.
Teologia da Libertação é a versão latino-americana de correntes progressistas na Igreja
Pela primeira vez, na história da Igreja Católica na América Latina, a doutrina foi sistematizada fora dos padrões e do controle do centro de poder romano. Isto aconteceu com o movimento teológico-político que se tornou conhecido como a Teologia da Libertação (TL), resultante de pesquisas, debates e de outras atividades de caráter ecumênico. A primeira formulação da TL foi feita pelo teólogo peruano Gustavo Gutierrez, em julho de 1968. Três anos depois foi publicado seu texto Teologia de La Liberación, que se tornou um sucesso editorial.
Um trabalho semelhante ao de Gutierrez também foi feito, nos primórdios da TL, por vários teólogos e filósofos católicos e evangélicos, entre os quais Rubem Alves, Hugo Assmann, Carlos Mesters, Leonardo e Clodovis Boff (Brasil), Jon Sobrino e Ignacio Ellacuria (El Salvador), Segundo Galilea, Juan Luis Segundo e Julio de Santa Ana (Uruguai), Ronaldo Muñoz (Chile), Pablo Richard (Chile e Costa Rica), José Miguel Bonino e Juan Carlos Scannone (Argentina), Enrique Dussel (Argentina e México). Entre os brasileiros, destacaram-se também, no campo evangélico, os nomes de Jether Pereira Ramalho, Zwinglio Dias, Hugo Assmann e Anivaldo Padilha.
É consenso entre esses teólogos que falar da Teologia da Libertação “é buscar uma resposta para a pergunta: que relação existe entre a salvação e o processo histórico de libertação do ser humano”. Essa obra tornou-se um paradigma para toda uma reflexão que muda o método teológico (não só a partir das ideias, mas a partir da realidade).
O sistema dominante na América Latina logo percebeu a dimensão sócio-política transformadora da TL. A sua expansão foi, por exemplo, um dos temas da Missão Rockfeller, que Nixon enviou à América Latina nos anos 60. As ditaduras militares latino-americanas também assumiram esta pauta em nome da contenção do “comunismo internacional”. Entretanto, como resultados concretos da TL surgiram e cresceram as Comunidades Eclesiais de Base e as pastorais sociais. Também, em grande parte, movimentos sociais como o dos Sem Terra são herdeiros dessa nova visão teológica.
Na Igreja, a reação contra a TL articulou-se já a partir de 1982 e ganhou força com a eleição de João Paulo II, em 1978. A influência da TL fez-se sentir em 1979 na vitória da Revolução Sandinista contra a ditadura de Somoza, na Nicarágua, que teve uma participação destacada de padres e leigos. Um dos principais seguidores da TL, o arcebispo salvadorenho d. Oscar Romero, foi assassinado em 24 de março de 1980, enquanto celebrava a missa.
Paralelamente, no Vaticano, a Congregação para Doutrina da Fé reagiu à TL, particularmente a partir de denúncias feitas por bispos latino-americanos voltadas, sobretudo, para os teólogos Gustavo Gutierrez e Leonardo Boff. O Vaticano tentou, sem sucesso, que os bispos peruanos condenassem Gutierrez. Boff, no entanto, foi silenciado e a Congregação publicou, em 6 de agosto de 1984, uma Instrução sobre alguns aspectos da teologia da libertação, que, apesar das críticas, afirma, em seu primeiro parágrafo; “A poderosa e quase irresistível aspiração dos povos a uma libertação constitui um dos principais sinais dos tempos que a Igreja deve discernir e interpretar à luz do Evangelho”.
Porém, o aspecto essencial da TL é seu enfoque político transformador, ao conceber o Cristianismo, não como uma ideologia legitimadora do status quo, mas como um suporte para a libertação concreta dos seres humanos, diante de todas as opressões a que é submetido. Recolhendo alguns eixos do pensamento marxista, a TL faz, igualmente, uma leitura dialética da realidade, sempre tendo a Bíblia como referência fundamental.
A descoberta do marxismo pelos cristãos progressistas e pela TL não foi um processo puramente intelectual ou universitário. O seu ponto de partida foi um fato social: a realidade da pobreza na América Latina e a tentativa de, ao identificar as causas dessa situação, tentar superá-la. Alguns dos teólogos da Libertação (influenciados por Althusser) referem-se ao marxismo simplesmente como uma (ou a) ciência social, utilizada, de modo estritamente instrumental, para conhecer melhor a realidade latino-americana.
Outros destacam, igualmente, os valores do marxismo, suas opções ético-políticas e seu anúncio de uma utopia. Esses teólogos são atraídos mais pelo neo-marxismo do que pelo marxismo ortodoxo e tradicional. Entre os autores marxistas, Emst Bloch é o mais citado nas obras da TL, registrando-se também referências a Althusser, Marcuse, Lukács, Gramsci, Henri Lefèbvre, Garaudy, Schaff, Kolakowski, Lombardo-Radice, Luporini, Sanches Vasquez, Fanon, Lucien Goldmann e Ernest Mandel. No marxismo latino-americano, as principais referências para a TL são o peruano José Carlos Mariátegui – com sua interpretação original do marxismo – a revolução cubana e a teoria da dependência, de Fernando Henrique Cardoso, André Gunder Franck, Theotônio dos Santos e Anibal Quijano.
Opção pelos pobres
No binômio opressor/oprimido, Gutierrez e os outros teólogos da libertação, priorizam os pobres como sujeito central de sua própria libertação. A preocupação pelos pobres remonta às origens do Cristianismo, mas os teólogos da libertação não os consideram como objeto de filantropia, mas como sujeito de sua própria emancipação.
Convergem, assim, para a ideia histórica marxista de que a emancipação dos trabalhadores será uma obra dos próprios trabalhadores. Por outra parte, esses teólogos manifestam um anticapitalismo mais radical e categórico que dos próprios partidos comunistas latino-americanos, ainda crentes no perfil progressista da burguesia industrial e no papel histórico do desenvolvimento industrial capitalista.

sábado, 5 de outubro de 2013

Apenas um Desabafo

Em tempos difíceis, além de a todos que me cercam com muito carinho, agradeço a D-us pela força e pela luz que me cede para poder sonhar e agir por um futuro melhor para todos nós, seres vivos humanos e não-humanos.

Minha vida não é minha. Nasci para servir a um projeto maior, que ainda está em gestação em nossa sociedade. Sou uma célula dele e, embora minha função seja multiplicar, a qualquer momento estou disposto à apoptose, se eu me tornar prejudicial a ele.

O importante é que agora estou no caminho adequado e doando minha vida sempre a esse projeto maior. Não tenho medo ou vergonha de dizer em que acredito: o NOVO socialismo, amparado nos valores e ideais de seus primeiros pensadores, antes daqueles que o deturparam com o totalitarismo e o poder absoluto.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Liev Tolstoi - Religião

"O homem pode ignorar que tem uma religião, como pode também ignorar que tem um coração; mas sem religião e sem coração, não pode viver."
Liev Tolstoi

A Profecia Celestina - As relações de trabalho e do capital

Gostaria de destacar um trecho do livro A Profecia Celestina (James Redfield) hoje, que trata sobre uma mudança das relações de trabalho e do Capital, destaco por tratar de uma mudança profunda de paradigmas:

Ele sorriu e olhou diretamente para mim.

— O Manuscrito diz que, à medida que descobrirmos mais coisas sobre a dinâmica da energia do Universo, veremos o que acontece de fato quando damos alguma coisa a alguém. Hoje, a única idéia espiritual sobre dar é o mesquinho conceito do dízimo religioso.

Desviou o olhar para o padre Sanchez,

— Como você sabe, a idéia das escrituras de cobrar dízimos é mais comumente interpretada como um preceito de dar dez por cento da renda da gente para uma igreja. A idéia por trás disso é que o que dermos será devolvido muitas vezes. Mas a Nona Visão explica que dar é na verdade um princípio de ajuda, não apenas para as igrejas, mas para todos. Quando damos, recebemos em troca, pela forma como a energia
interage no Universo. Lembre-se que, quando projetamos energia em alguém, isso cria um vazio em nós mesmos que, se estamos ligados, se enche mais uma vez. O dinheiro funciona exatamente da mesma maneira. A Nona Visão diz que assim que começarmos a dar constantemente, teremos sempre mais dinheiro entrando para dar.

"E nossas doações", prosseguiu, "devem ir para as pessoas que nos deram verdade espiritual. Quando as pessoas entram em nossas vidas na hora exata para nos dar as respostas que precisamos, devemos lhes dar dinheiro. É assim que começamos a complementar nossas rendas e aliviar as ocupações que nos limitam. Quando mais pessoas estiverem empenhadas nessa economia espiritual, começaremos uma verdadeira mudança para a cultura do próximo milênio. Teremos passado do estágio de evoluir para ocupação certa e estaremos entrando no estágio de sermos pagos por evoluirmos livremente e oferecermos nossa verdade única aos outros."

Olhei para Sanchez; ele ouvia intensamente e parecia radiante.

— Sim — ele disse a Dobson. — Vejo isso claramente. Se todos participassem, estaríamos dando e recebendo constantemente, e essa interação com outros, essa troca de informações, se tornaria o novo trabalho de todos, nossa orientação econômica. Seríamos pagos pelas pessoas que tocássemos. Essa situação permitiria então que as ajudas materiais da vida se tornassem plenamente automatizadas, porque estaríamos ocupados demais para possuir esses sistemas, ou para operá-los. Iríamos querer que a produção material fosse automatizada e administrada como um serviço público. Teríamos nossa participação nele, talvez, mas a situação nos liberaria para expandir o que já é a era de informação.

"Mas o importante para nós no momento é que agora compreendemos para onde estamos indo. Não pudemos poupar o meio ambiente, democratizar o planeta e alimentar os pobres antes porque durante muito tempo não conseguimos nos libertar do medo da escassez e de nossa necessidade de dominar, para podermos dar aos outros. Não podíamos porque não tínhamos nenhuma visão da vida que servisse de
alternativa. Agora temos!"

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A Esponja, O Funil, O Coador e A Peneira

"Existem quatro tipos, dentre aqueles que se sentam perante os estudiosos (de Torá): Uma esponja, um funil, um coador, uma peneira. Uma esponja – este absorve tudo; um funil – este deixa entrar de um lado e deixa sair de outro; um coador – este deixa o vinho passar e retém a borra; uma peneira – este deixa o pó da farinha passar e retém a farinha fina."

Espiritismo e Medicina

Surgiu o tema de espiritismo (ou espiritualismo?) na lista de vegetarianismo que eu frequento. Primeiro, achei confuso a mistura de temas, segundo a abordagem do e-mail.
Falava-se no reconhecimento da "influência espiritual" como uma doença reconhecida pela Medicina e distinguível de outras com sintomas semelhantes, como as doenças mentais.
Resolvi compartilhar minha opinião sobre o assunto, como coloco a seguir.

"Primeiramente, o conceito de saúde da OMS é mundialmente criticado pelos profissionais da saúde devido à falta de clareza sobre o que de fato esse conceito representa. Ora, "completo" "bem-estar". O que é completo; o que caracteriza um bem-estar? É possível observar um completo bem-estar?
Segundo, o aspecto espiritual foi incluído, pois atualmente ocorre uma aproximação das ciências biológicas, nas quais a Medicina se apoiou principalmente no século passado, das humanas, buscando o conceito integral de saúde, inclusive valorizado pelas novas diretrizes do SUS.
No entanto, a integralidade no atendimento aos pacientes não representa tratar, tampouco diagnosticar, o espiritual com métodos espirituais - isso porque Medicina é uma ciência (quem sabe uma arte também), e não uma filosofia de vida ou religião. É importante separar esses dois aspectos.
Percebam que o que há de mais moderno na prática clínica é a Medicina baseada em evidências, na qual a pesquisa se torna fator central das decisões médicas. Diante disso, é impossível que se considere dessa forma apontada a "influência espiritual", já que não existem estudos conclusivos que apontem a veracidade e a natureza dessa patologia, tampouco intervenções e outros aspectos já bem desenhados pela pesquisa médica.
Então, como compactuar a integralidade do ser humano nesse sistema? Compreendendo, pois, as vivências daquele doente que busca o amparo na ciência médica e se utilizando delas para obter sua cura, sem mistério, charlatanismo ou uma mistura equivocada de ciência e aspectos religiosos. Medicina é ciência.
Historicamente, principalmente relatado na Medicina baseada em narrativas, o empirismo e a praticidade principalmente desenvolvida com anos de prática clínica induz o médico a aceitar esse tipo de situação e trabalhar com ela visando o melhor para o paciente. O que iria ao encontro do que foi tratado neste e-mail que estou a responder. No entanto, é complicado o médico trabalhar com algo que desconhece e utilizar crenças e artefatos que se distanciam daquilo já devidamente comprovado e suficientemente esclarecido.
O médico possui uma responsabilidade social perante a ciência: as pessoas buscam conforto - bem-estar - na medicina, mas sob o ponto de vista científico, e não outro. Pode-se adaptar a prática clínica para esses outros aspectos, mas com cuidado sempre para que não se transcenda o limite do próprio conhecimento existente. Até na questão da ética médica isso é importante."

Infantil sentir-me sozinho.



Acho tão infantil às vezes eu me sentir sozinho, sabendo que Tu sempre estás comigo, meu D-us.
Dou para ti meu coração, somente Tu o mereces.

Pequeno Diante de Ti



Meu D-us
Você me deu uma família presente
Amigos companheiros,
Uma profissão digna e promissora,
Me deu um teto para morar
Roupa para vestir
Alimento, água

Como eu ouso pedir mais que isso?
Como em egoísmo e egocentrismo pequenos
Eu te peço MENOS que isso?

Eu escolhi amar a pessoa errada
Abrir meu coração a quem eu pouco conhecia
Dar a chance de ao, tocá-lo (meu coração),
Um vale de trevas
Jardim virar
Embora eu já tivesse o jardim só meu
E um vale de trevas virou ao compartilhar.

Ah, meu D-us
Como posso dar tanto valor às coisas pequenas?
Onde foi parar o Lucas que sempre foi
O Lucas que sempre fui.

A única coisa que quero, Mestre
É deitar na cama e poder tranquilamente dormir
Sentir a dor maravilhosa do trabalho
Com a recompensa do prazer de deitar-me
E para um mundo só meu,
Completamente meu
Ir, viajar, dançar, SER feliz.

Sei que por mais que eu esteja sofrendo e
Algo aqui dentro esteja doendo
Doendo, doendo, aqui dentro do peito
Sei que o Senhor abre seus braços e me acolhe
E em sua luz eu me ajoelho
E peço perdão pela futilidade dos meus desejos
Em sua luz eu me acolho
Em sua luz eu deito
E em sua luz, eu sou pleno.

Dá-me Tua luz, meu D-us
E permita que eu reencontre e renove o Lucas de ontem, o Lucas do amanhã.
Felicidade é o caminho
E meu caminho é ser feliz.

Obrigado, Senhor.
Em Ti, eu encontro a paz que preciso.
E desculpa por buscá-la
Em alguém que sequer consegue me amar.
Eu vou deitar, e Te amar.

Obrigado, Adonai.

Servo Fiel


Meu Senhor

Ouça minha oração.
Há aqui um servo leal aos teus ensinamentos, que ama o seu D-us e a Ele serve com gratidão.
É, contudo, um servo confuso em sua imperfeição.
No meio da multidão, pergunta-se: quem sou? quem fui? quem devo ser? quem serei?

Meu Mestre

Ouça minha prece.
Preenche-me com sua luz de sabedoria, diante de sua misericórdia.
Dá-me a graça do conhecimento e da certeza em um mundo de trevas e dúvidas.
Ajuda-me a gozar de plenitude em minha auto-afirmação, para que não importe o outro quando me completo em Ti.
E, por fim, te peço: fortalece-me em perseverança na busca pelo aperfeiçoamento da alma e não deixeis que eu me desvie dessa empreitada, cedendo à tentação dos meus inimigos, do mal ou daqueles que o praticam.

Fazei, meu D-us, que eu possa ser eu mesmo, servo fiel do meu Senhor, seguidor perseverante e protegido do meu Mestre, Pai de todos, Adonai.

Assim seja.

Imperfeição Humana


Obrigado D-us por me fazer imperfeito.
É da minha imperfeição que nasce minha obra.
É a minha imperfeição que dá sentido à vida.
Fortalece-me com a busca não pela perfeição, mas pela imperfeição benéfica - a mim, aos meus semelhantes e também àqueles que em nada se assemelham a mim - ou a como eu me observo.
Encoraja-me a reconhecer essa imperfeição e a usá-la em meu próprio benefício.
Engrandece-me com a Tua perfeição não como algo que eu deva alcançar - pois minha natureza humana é imperfeita -, mas como algo que me completa, me revigora - o nascer e o pôr-do-Sol que tanto admiro, tanto me faz bem, mas que nunca sob minha natureza poderei me tornar.
Sou imperfeito, meu D-us e vejo tua perfeição ao teres me feito constituir assim.
Obrigado D-us, por seres perfeito.
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