domingo, 25 de maio de 2014

Saúde: ainda há muito o que fazer (Walter Feldman)

Saúde é um tema recorrente, conhecido, parametrizado e acumulado nas experiências positivas e negativas. Nesta área, muito se sabe e muito se fez.
O SUS é um modelo próximo do perfeito, do ponto de vista conceitual e legal. É sustentável, hierarquizado, gratuito, universal e com garantida participação popular. Com o público e o privado supervisionado e regulado, além do inegável papel das filantrópicas, particularmente das Santas Casas, temos um arcabouço próprio de um país disposto a se consolidar como referência internacional.
Avançamos muito. Porém, insuficiente no financiamento do modelo, com percentuais determinados nos orçamentos estaduais e municipais e ainda não definida, com demora inexplicável da União, no sentido de encerrar a votação da emenda 29.
Por que então ainda somos um barco à deriva, com furos no casco, remendos frágeis e casuísticos, movidos por interesses conjunturais com foco na tática eleitoral?
Teríamos, teórica e praticamente, condições para nos transformarmos em paradigma internacional. Não aconteceu! Pelo contrário: população insatisfeita, muitas vezes indignada, a ponto de colocar a saúde reiteradamente como tema prioritário nas suas queixas e demandas.
Nosso corpo de profissionais, insatisfeito, luta por dignidade profissional e reconhecimento salarial para cumprir sua insubstituível tarefa.
Há solução?
Uma Política Pública que priorizasse inicialmente a promoção e a prevenção, com programas nacionais integrados com estados e municípios, poderia, por si só, já dar um salto qualitativo e quantitativo nos resultados de morbidade e mortalidade. Uma população sedentária e com sobrepeso não condiz com um país tropical, ensolarado e “abençoado por Deus”, como diria Jorge Bem Jor.
Superada a endêmica desnutrição relatada por Josué de Castro, estamos prontos para buscar, nesta curva social, a qualidade de vida possível, se assim fosse fundamental para nossos governantes que se revezam, nos últimos anos, na repetição de erros, mergulhados nos seus interesses políticos e eleitorais.
Isto gera baixa qualidade na gestão do sistema e ralos nos controles de gastos, desidratando nosso ainda precário investimento no setor.
A hierarquização da pirâmide que deveria priorizar a atenção primária se desvirtuou em programas que não se falam, não se ampliam e estimulam ainda mais uma visão “hospitalocêntrica”, concentradora de filas de espera e macas em corredores num círculo vicioso  de logística mal produzida.
Interesses maiores de fabricantes ou fornecedores muitas vezes dão o tom de uma medicina desproporcionalmente instalada no território nacional, com ilhas de excelência e extensas áreas de carências…  superáveis, se planejamento estratégico, seriedade, gestão, integração, reconhecimento profissional e ética fossem os valores inspiradores de um sistema de saúde, no qual o ser humano estivesse no palco central.
Tudo isto o Povo Brasileiro merece e pode conquistar!

(Disponível em: http://redesustentabilidade.org.br/saude-ainda-ha-muito-o-que-fazer-por-walter-feldman/)

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