segunda-feira, 10 de junho de 2013

A política no jargão popular, de Josias Luiz Guimarães

Políticos no jargão popular, para a maioria da sociedade eleitora, são aqueles flagrados, com a boca na botija, roubando a Nação, portanto, um conceito aberrante, distorcido do verdadeiro sentido do termo política como foi concebido, há mais de dois milênios na Grécia. Com efeito, o primeiro tratado sobre o assunto foi escrito, naquele tempo, por um dos maiores sábios da antiguidade, de nome Aristóteles. Era natural de Abdera, antiga colônia grega, cursou a academia de Platão, tornando, assim, seu discípulo e, salvo melhor juízo, tão famoso, quanto ele. Em ética a Nicômaco, Aristóteles gravou para a história, num colóquio entre aluno e professor, o verdadeiro, insofismável conceito de política; dessa forma, à Pergunta do aluno, se era possível aprender a viver feliz, responde ele mestre. A política cuida disso, na medida em que ela concretiza, realiza, na vida em sociedade o bem supremo. Poucas pessoas questionadas, em minha peregrinação do cotidiano, mesmo de nível superior, sabe interpretar, de chofre, a primeira vista, o que vem a ser bem supremo, ao que eu, sempre, procuro tornar inteligível, em diálogo cordial, o seu sentido real, ou seja, a mesma felicidade objeto da pergunta do aluno. O conhecimento distorcido do termo, a sua prática desvirtuada, hábito sovado, abusivo, usado para designar os ladrões do colarinho branco, desacreditou, no seio de nossa gente, a palavra, tornando-a tão aviltada, no jargão popular, que ficou difícil você convencer as pessoas, mesmo conhecidas, de que seu significado milenar era o oposto do atual, jocoso, portanto, choca com o que os corruptos e corruptores, ladrões do colarinho branco, praticam na administração pública. A política busca, na realidade, a felicidade da comunidade. Aristóteles usava três expressões para demonstrar isso, ou seja, dzem, eu dzem e Sy dzem, significando respectivamente: viver, viver bem e relacionar-se bem, para viver bem, o que viria ser a mesma coisa: a busca da felicidade, ou bem estar da vila, município, estado. O sy dzem, com o correr do tempo, ampliou, alargou seu significado no atual sistema republicano, abarcando o de espectador engajado, o que vem a ser, a participação ativa do cidadão (ã) na vida política do lugar onde mora; o que, aliás, constituí imperativo para o bom funcionamento do processo democrático, porquanto, a participação altiva dos grupos, clubes, associações, entidades classistas nos assuntos públicos do bairro, vila, cidade, tem condições de reverter, paulatinamente, esses costumes arraigados, desvirtuados que vem emperrando o amadurecimento democrático, mascarando nossa imagem, na atual conjuntura. A mudança de paradigma mais eficaz, para melhorar nosso visual, quadro depreciativo, interno e externo, de país lento, burocratizado, lerdo no ranking da competição, terá que ser feita, necessariamente, por meio de investimentos reais em conhecimentos, não basta quantidade, é preciso qualidade, tanto no interior das escolas capacitando esmeradamente o imenso contingente de professores, reciclando, revigorando periodicamente seus conhecimentos, mesclando-os de entusiasmo, ardor cívico, força de vontade no cumprimento da nobre missão de formar as gerações vindouras, quebrando, peremptoriamente, a cadeia de vícios, costumes que conduziram a degradação do processo político, rebaixando-o ao mais desprezível conceito no jargão popular, de sorte que, em vez de valer-se da política para racionalizar a administração pública, minimizando custos de obras e serviços, sem ferir qualidade, maximizando destarte, benefícios, na forma de bem estar, ou seja, felicidade da comunidade, fazem o contrário; maximizam os custos dessas obras e serviços, mascarando a qualidade e, com esse ato maquiavélico, minimizam os benefícios, bem estar, a sociedade contribuinte, invertendo o seu significado milenar, justamente o que lhe granjeou fama universal. Esse trabalho, a longo prazo deve ser complementado por outro, a curto e médio prazo, investindo fora das salas de aulas, como dito, motivando e mobilizando clubes, grupos, como associações, sindicatos, federações, confederações, a ação cívica,  pois constituem elas, quando conscientizadas, atuantes, o sustentáculo, mola propulsora da democracia. Essas organizações para não fossilizarem transformando-se em obstáculos, barreiras, peso morto, ao crescimento, desenvolvimento econômico, carecem de aprimoramento constante em conhecimentos e, aliado a eles, o revigoramento da força de vontade, devotamento à causa da generosa natureza, nossa mãe comum, base para o crescimento sustentável, a falta desse processo perseverante de sublimação de conhecimentos, a mente humana acaba embotando. O individuo que leva a maior parte de seu tempo ocioso, esquece da necessidade de exercitar a mente, compreensão e, deste modo, exercer seu espírito inventivo, encontrar meios para eliminar as dificuldades, do dia a dia. Elas, dificuldades, existirão sempre, no cidadão engajado, partícipe da vida política do país, a sua omissão, sem querer querendo, o fez burra de carga dos maus gestores. Quando engajado, nem bem soluciona um problema, surgem outros, eles são imanentes às pessoas laboriosas, pessoas que estão habituadas a vencer desafios; entretanto, o alimento mais adequado, tônico reconstituinte, para não esmorecer, cair com as cargas na água, será, todavia, a reciclagem de conhecimentos, pois ela, além de desenferrujar a mente, tirar as dúvidas, mostrar a luz; tendo como exemplo, “a caverna milenar de Platão, de sua legendária obra, A República”; com o debate, invariavelmente caloroso, renova as energias, aumenta o fôlego necessário à luta, a serviço do progresso e bem estar do lugar onde mora ou trabalha, ação empreendedora de que está a carecer o país para sair da estagnação, acelerar o seu crescimento. A nação clama, portanto leitor, pela sua participação ousada de todos, capaz de exorcizar a burocracia das instituições, romper a letargia, engajando todos patrícios na luta sem trégua, contra a subcultura corruptiva, levada a cabo pelos ladrões do colarinho branco, carcomendo o erário público, mutilando o orçamento, solapando nosso crescimento, causando a deturpação do sentido verdadeiro da política, no jargão popular, gerando descrença no sistema democrático, como melhor forma de governo, ofuscando nossa imagem perante o mundo.

(Josias Luiz Guimarães, veterinário pela UFMG, pós-graduado em filosofia política pela PUC-GO. Produtor Rural)

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