quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Espiritismo e Medicina

Surgiu o tema de espiritismo (ou espiritualismo?) na lista de vegetarianismo que eu frequento. Primeiro, achei confuso a mistura de temas, segundo a abordagem do e-mail.
Falava-se no reconhecimento da "influência espiritual" como uma doença reconhecida pela Medicina e distinguível de outras com sintomas semelhantes, como as doenças mentais.
Resolvi compartilhar minha opinião sobre o assunto, como coloco a seguir.

"Primeiramente, o conceito de saúde da OMS é mundialmente criticado pelos profissionais da saúde devido à falta de clareza sobre o que de fato esse conceito representa. Ora, "completo" "bem-estar". O que é completo; o que caracteriza um bem-estar? É possível observar um completo bem-estar?
Segundo, o aspecto espiritual foi incluído, pois atualmente ocorre uma aproximação das ciências biológicas, nas quais a Medicina se apoiou principalmente no século passado, das humanas, buscando o conceito integral de saúde, inclusive valorizado pelas novas diretrizes do SUS.
No entanto, a integralidade no atendimento aos pacientes não representa tratar, tampouco diagnosticar, o espiritual com métodos espirituais - isso porque Medicina é uma ciência (quem sabe uma arte também), e não uma filosofia de vida ou religião. É importante separar esses dois aspectos.
Percebam que o que há de mais moderno na prática clínica é a Medicina baseada em evidências, na qual a pesquisa se torna fator central das decisões médicas. Diante disso, é impossível que se considere dessa forma apontada a "influência espiritual", já que não existem estudos conclusivos que apontem a veracidade e a natureza dessa patologia, tampouco intervenções e outros aspectos já bem desenhados pela pesquisa médica.
Então, como compactuar a integralidade do ser humano nesse sistema? Compreendendo, pois, as vivências daquele doente que busca o amparo na ciência médica e se utilizando delas para obter sua cura, sem mistério, charlatanismo ou uma mistura equivocada de ciência e aspectos religiosos. Medicina é ciência.
Historicamente, principalmente relatado na Medicina baseada em narrativas, o empirismo e a praticidade principalmente desenvolvida com anos de prática clínica induz o médico a aceitar esse tipo de situação e trabalhar com ela visando o melhor para o paciente. O que iria ao encontro do que foi tratado neste e-mail que estou a responder. No entanto, é complicado o médico trabalhar com algo que desconhece e utilizar crenças e artefatos que se distanciam daquilo já devidamente comprovado e suficientemente esclarecido.
O médico possui uma responsabilidade social perante a ciência: as pessoas buscam conforto - bem-estar - na medicina, mas sob o ponto de vista científico, e não outro. Pode-se adaptar a prática clínica para esses outros aspectos, mas com cuidado sempre para que não se transcenda o limite do próprio conhecimento existente. Até na questão da ética médica isso é importante."

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...